Por favor, preencha a atmosfera com a vibração sublime dos Santos Nomes:
Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Livro da Perseverança

O LIVRO DA PERSEVERANÇA

 Lord Zéffiron S. Sagger.

 

Vai guerreiro, segue com zelo

E valor tudo o que te é de direito,

Vai e honra tua vida,

Mantém tua soberba contida,

De nada vale te vangloriares,

Se não passaste todas as fases.

Vai guerreiro e respeita tuas armas,

Que te foram dadas para a batalha.

Honra tua espada, pois ela te foi dada

Para que tu a torne consagrada.

Honra teu escudo, faz dele uma morada,

Empunha-o com carinho e com zelo,

Só respeitando é que terás respeito.

Vede tuas armas, guerreiro?

Tem-nas agora como teus herdeiros.

Qual será a herança para teus filhos?

Teus únicos amados, teus únicos queridos,

Merecem que os trate com carinho,

Que os ajude a trilhar o caminho.

Então, conduz, oh, guerreiro,

Com tuas mãos o golpe certeiro,

Tem respeito e então terás tudo,

Sede sincero e conquistarás o mundo.

Tem, assim como tuas armas em punho,

Em teu coração as virtudes:

Tem consciência de tua missão,

Não a abandona e aí, então,

Poderás andar sob a chuva fina

Sem medo de receberes a ira divina.

Conhece tua missão e a aceita,

E te prepara para o tempo da colheita,

Pois as sementes já foram lançadas,

E é bom que tuas obras sejam honradas,

É bom que tenhas todo esmero

Com todos os que te são herdeiros.

É bom que sejas digno,

E que nunca tenhas desistido,

Pois se assim fizeste,

Se não desististe nenhuma vez,

Terás a estima dos deuses

E poderás fazer, então, tua colheita.

As divindades plantaram a glória

Nos campos férteis da tua história,

 Se empunhaste as tuas filhas,

E arrancaste a erva daninha,

Terás enfim o que te é de direito

A honra plantada pelos deuses.

Administra bem tua colheita,

Perseveraste e tua alma foi eleita.

Mas saiba que tua honra de verdade,

Não é a dos homens, que é vaidade,

Tua honra é a que vem dos deuses,

É só isso que te faz crescer.

Toma cuidado com os elogios dos homens,

Pois estes mesmos, sempre comem

Compartilhando contigo até o prato pequeno,

Mas se querem tua honra, no prato põem veneno.

Cuidado com os elogios excessivos,

Que só vêm dos homens e são um perigo,

São víboras venenosas que penetram no ego,

E no coração faz seu habitat eterno,

Injeta seu veneno em pequenas doses,

Tornando os guerreiros orgulhosos,

E se os guerreiros assim o são,

Uma medida os deuses tomarão,

Como eles querem salvar o guerreiro,

Eles expulsam a víbora primeiro,

Então para que o coração se abra,

Tudo do guerreiro no mundo se acaba,

A víbora detesta miséria,

E acaba voltando pra terra.

E o guerreiro que persevera,

Será livre das bocas perversas,

Mas aquele que se revolta,

Para esse a víbora volta,

E como sua alma fica mais amarga,

A víbora pode trazer toda a ninhada.

Pega tua espada e vê o fio,

Não te deixes levar pelo elogio,

Sê honrado apenas pelo supremo,

E serás grande, mesmo pensando ser pequeno.

Tem consciência de tua missão

E que apenas isso tenhas em teu coração.

Tem ânimo guerreiro, e como sabes,

Teu caminho não será sempre fácil,

Tem ânimo pra te levantares,

Para amanhã de pé batalhares.

Ainda que a escuridão seja densa,

Persevera e terás recompensa,

Ainda que te firam gravemente,

Segue o caminho ainda contente,

Mesmo que tudo pareça injusto,

E que a batalha tenha alto custo,

Não perde tua esperança,

Tem como amiga a perseverança.

Se depois de um dia inteiro,

O cansaço finalmente veio

E o inimigo ainda te desafia,

Arranca do fundo da tua alma a energia,

E batalha contente por saber,

Que a vida ainda confia naquele

Que tem ânimo pra combater

Todo inimigo que aparecer.

Ainda que as trevas predominem,

E a incerteza, tua alma domine,

Tem alento e empunha tuas armas,

Contra teu oponente batalha.

Se não te brota do coração a vida

Pensa então na tua pessoa querida,

Vê o quanto ela confia em ti,

Não deixando seu querido desistir,

Tem alento como o vento,

Que mesmo sem ter conhecimento

Do seu destino continua soprando,

Sabendo assim que continua lutando.

Tem perseverança como a água,

Que pelos caminhos por onde não passa,

Sempre procura uma brecha,

E quando acha, passa, abrindo a terra.

Tem alento como o caminheiro,

Que mesmo sem comida, só e sem dinheiro,

Mesmo sem roupas que o protejam do tempo,

Continua vivendo, pois tem nele o gérmen do alento;

Pega tua espada e combate o inimigo,

Faz de teu escudo um abrigo,

Faz teus pés ligeiros como o vento,

Faz de tuas pernas teu homérico sustento,

Faz de teu tronco um metal flexível,

Faz de teu braço gigante invencível,

Faz de teu rosto carranca assustadora,

Faz de tua lâmina grande vencedora.

Acompanha cada ataque com uma defesa,

Ataca com velocidade e aspereza,

Toma a força dos mares bravios,

Que destroem e arrastam navios,

Usa teus músculos à vontade,

Pois essa é a sua utilidade.

Abaixa e levanta te desvencilhando,

Enverga e volta atacando.

Passa da tranqüilidade à fúria,

Seja a força mais pura,

Esmaga teu inimigo que jaz,

No caminho que tu andarás;

Tem sabedoria guerreiro,

Pois mesmo que te firam,

E tuas armas não sirvam,

E mesmo que seja derrotado

E teu nome desonrado,

Sabe que não é como os tolos,

Tens sabedoria para teu consolo.

Por isso, não desanima,

Quem se move para baixo, move para cima,

Mas para que isso te aconteça,

Tens que ter sabedoria na cabeça.

Anda, não te importa com os andrajos,

Já tem em ti a vitória dos sábios,

Tens tesouro inestimável para gastar,

Riqueza nenhuma o pode comprar,

Anda e arranca lá do fundo,

O ideal que vai mudar o mundo,

Anda, planeja, rabisca, rascunha,

Desenha, discute, convence e apura.

Tu podes mudar o sistema,

Invente novas leis, proponha um novo teorema,

Tem sabedoria, guerreiro,

Assim serás pioneiro,

Olha teu inimigo e intui,

Vê seus defeitos e o reduz

A mais uma simples lição

Que os deuses impuseram, mas, não

Deixarão de te ajudar,

Pois com sabedoria não perderás.

Tem sagacidade como uma cobra.

Com perseverança faz tua obra,

Tens castelos indestrutíveis,

Pois todas as coisas são possíveis,

Se usares sabedoria para vencer,

Persevera e tudo irás ter;

Quando a noite escura chegar,

E nas trevas não puderes enxergar,

E quando as bestas, do mato saírem,

E vierem correndo para te ferirem,

Faz o fogo brotar, então,

No tumulto de teu coração,

Transforma o frio de teu estômago,

Na força e coragem de um monstro.

Faz tua alma resplandecer

Para o mundo inteiro saber,

Que tens uma grande amiga,

Que é a coragem mais pura e mais viva,

Tem coragem de entrares

Num caminho e nele trilhares,

Tem coragem de dizeres não

Ainda que recebas solidão,

Tem coragem de criticar

E a verdade a todos falar,

Tem coragem de tentar,

Tem coragem para amar,

Para te arriscares a sofrer,

De seres feliz sem temer,

De pegar teu amor no colo,

De olhar pro céu, de deitar no solo,

Tem coragem de seres feliz,

De ter querido quem também o quis,

Tem coragem, ainda que pareça

Que teu inimigo é uma fortaleza.

Tem coragem de cometeres erros,

E de deixares de ouvir teus medos.

Tem coragem de sentires na pele

A mansidão e também a febre,

Tem coragem de seres justo,

Tem coragem de pagares o custo,

Tem coragem de seres devasso,

Tem coragem de seres esparso,

Tem coragem de seguires a trilha,

De ganhares o jogo, desarmares a armadilha,

Tem coragem de te impores,

Contra tudo que te dá horrores;

Coopera bastante guerreiro,

Pois da mão, tu só és um dedo,

Tu tens que respeitar a vida,

E também a batalha coletiva.

Anda e trabalha guerreiro,

Luta sempre com golpe certeiro.

Mas tende a grande certeza

De que sua vida é uma só letra,

No grande Livro do Propósito.

Mas que vejas o óbvio,

Que vejas que sem letras,

De caligrafias quiçá imperfeitas,

Não haveria uma só linha.

No livro que inspira as vidas.

Sê um tijolo da muralha

Do propósito que batalha,

Em meio ao Infinito,

Contra os que foram corrompidos.

Sê a gota do oceano,

Seguindo o grande plano,

Escrito pela Mão de Luz

Que a todo guerreiro conduz.

Sê a liga do aço,

O nó que aperta o laço,

A grama que une o chão,

O amor que faz dar as mãos,

Sê a ponte que liga os caminhos,

Sê o pássaro que faz seus ninhos;

Tem tuas virtudes e persevera,

Se assim te mantiveres, virá então a sétima,

Finalmente virá a maior das virtudes,

Por isso pensa, anima-te e ajuda.

Se perseveraste desde o início,

Então terá honra para isso.

Honra, portanto, teu compromisso,

Honra tua tristeza e teu riso,

Honra teu futuro, teu passado,

Teu presente e o que te foi dado,

Honra o sangue de todos os seres,

E faz com honra o que tens de fazeres.

Honra tua incerteza, ela é sábia,

Honra teu dom, com ele batalhas,

Honra teu prêmio,

Sem nenhum lamento.

Honra teu corpo com nobreza.

Honra tua história e não te esqueças.

Honra tua terra fecunda,

Honra tuas respostas e dúvidas,

Honra tuas cicatrizes,

Honra as cores e matizes,

Honra teus deuses, manifestos e ocultos,

Honra a todos, prestando tributos,

Honra cada pôr-do-sol que vires,

Honra cada fruta que partires,

Honra cada Sol que nasce,

Mostrando a luz e sua face,

Honra a tudo isso, pois, jaz

Em tua honra o mérito do que fazes.

Se tens uma missão,

E coragem no teu coração,

Se te é permitido rir ou chorar

E tua vida continuar,

É porque as deusas e os deuses

Honraram-te muitas vezes,

Pois a honra dos deuses é esta,

A honra que tu sempre prestas.

Vai e grita com voz inigualável

O quanto um homem é honrável.

Vai e vive tua vida agora,

Teu nome já pode ter glória.

Mas nunca te esqueças,

Faz de tua honra tua fortaleza.

Anima-te agora, guerreiro,

Pois tua alma é uma estrela,

A gloriosa luz dos vencedores

Agora vive em fulgores,

Vê agora teu destino

Como quem o vê de cima,

Pois já recebeste a ferramenta

Que os deuses dão, experimenta,

Pega o presente e molda,

Todo o mundo com tua glória.

Sinta alegria guerreiro,

Finalmente é certeiro

Todo o teu movimento,

Mudando assim, com teu instrumento,

Tudo o que imaginares,

Tudo aquilo que desejares.

Que seja tua glória a divina,

Não te deixa levar pela perfídia,

És de glória, porque consagrastes

Todo o teu caminho com teus combates,

Recebe a glória de mãos abertas,

Pois esta é a tua justa recompensa,

Pensa que és justo de recebê-la

E a terá de qualquer maneira,

Deixa que tua luz brilhe,

E que a todo humano fascine.

Não tenha medo ou vergonha de ser,

Sempre o primeiro a combater,

Recebe tua glória que não passa,

Faz isso, antes que alguém o faça.

Anda guerreiro, anda ligeiro,

Com tua luz, não precisa ter medo,

Pois a tua luz acaba com as trevas,

A tua luz guia os perdidos,

A tua luz cura os feridos,

A tua luz alimenta o verde,

A tua luz refreia os medos.

Faz brilhar tua luz,

Sê aquele que a todos conduz,

Faz com que se guiem

E que tua luz ilumine.

Tua glória salva o Mal

De seu próprio caos.

Por isso anda, guerreiro,

Ainda tens muito a fazer,

A muitos tens que alimentar,

A muitos tens que consolar,

A muitos tens que fazer surgir,

E a muitos outros tem que destruir.

Vai guerreiro, já andastes meio caminho,

Por isso continua com teu objetivo,

Tua glória ofusca teu inimigo,

Tua glória te salva de perigos.

Mas, cuidado, guerreiro,

Quem te inveja será o primeiro,

A se dizer próximo a ti,

Só para poder a ti destruir.

Cuidado, guerreiro, cuidado,

Tua vida gloriosa não será tão fácil,

Olha bem em quem confias,

Olha bem tuas companhias,

Vês o quão pérfidos são teus próximos?

Vês que querem te roer até os ossos?

Vê com tua glória a inveja,

Antes que te ataquem defende.

Vês como os olhos da inveja ardem?

Vês como chispas deles saem?

Faz de tua glória tua nova arma,

E todos os pérfidos de ti afasta.

Já é hora de perceberes,

Que nem todos os seres

São dignos de tua companhia,

Pois eles só se aproximam,

Para te fazerem mal.

Então responde ao mal,

Com uma atitude de salvação,

Mas lembra que a salvação,

Tanto pode ser para ti, quanto

Para o maléfico se aproximando,

Vai guerreiro, e ganha tudo,

Tua glória agora reveste o mundo,

E não importa que te invejem,

Os incompetentes assim procedem.

Pra que te importares?

Tu podes comandar os mares,

Tu podes comandar a guerra,

Tu podes mandar na terra,

Tu podes tudo o que quiseres,

Tu tens a força dos mestres.

Mas não esquece que tua ação

Terá, inevitavelmente, uma reação.

Vai e corre o mundo,

Realiza teus estudos,

Vai e ousa tudo agora,

Pois essa é a tua glória.

Foste coroado pelos deuses.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ações e Reações

Ações e Reações 

Vivemos ainda em um mundo sem fronteiras para a mente materialista e as paixões inferiores, mas com muros altos e espessos que dificultam o nosso desenvolvimento espiritual e expansão da nossa consciência. 

São muros construídos e mantidos pelo nosso medo, descaso, egoísmo, ignorância das coisas que transcendem matéria, tempo e espaço. Temos um modo de vida, um condicionamento mental de que tudo o que não é percebido pelos cinco sentidos não existe. Este condicionamento deve ser quebrado. É possível, pois tudo o que impede nossa ascensão espiritual provêm de nós mesmos, portanto somos nós quem devemos reverter a situação eliminando estas barreiras interiores. 

Podemos até ser vítimas de situações contrárias a nossa vontade e pensarmos que não temos culpa nenhuma, mas temos. Em algum momento de nossa vida atual ou em outra equação de tempo já vivida por nós, podemos ter ocasionado algum mal ao meio em que vivíamos ou para nós mesmos. Cada experiência de vida física por que passamos aprendemos algo novo que será somado em nossa essência espiritual. E tudo o que fazemos que transgrida as leis naturais do universo um dia nos será “cobrado”. Mais cedo ou mais tarde nos deparamos com uma situação semelhante àquela em que ocasionamos o desequilibro a fim de resgatarmos cada “centavo” até que a harmonia se restabeleça. 

Aqueles que transcendem um pouco sua visão às vezes enfrentam o preconceito da sociedade, são ridicularizados e até mesmo o trabalho espiritual que algumas pessoas realizam são vistos com maus olhos, isto porque a maioria das pessoas ainda não compreendeu uma pequena parcela da verdadeira natureza do Todo. Digo uma pequena parcela porque em nossa condição evolutiva atual, ainda é difícil termos uma noção de forma completa do Absoluto. 

Precisamos tentar mudar nossa maneira de pensar e agir. Precisamos abrir nossas mentes para o “desconhecido” que nada mais é do que ultrapassar os limites imaginários que nossa consciência impôs em nossa condição de seres mergulhados na matéria densa cheios de imperfeições e olhos sem ver, pois por trás desta carcaça de carne existe uma super consciência, existe um espírito. 

Vislumbrar o eu interior, encontrar as respostas para tantas perguntas, unir-se à consciência cósmica. Ver, sentir, perceber, analisar, para que simplesmente não sejam excluídas de nossa vida, por vezes certas possibilidades de evolução espiritual, conquistas terrenas, que nos são confiadas pela vontade divina. Digo que pode ser difícil, e que talvez as coisas não aconteçam exatamente como queremos ou de um momento para outro. Mas é importante dar o primeiro passo. É importante tomar a decisão. A partir do momento que decidimos o que queremos, todo o universo conspira para que tal objetivo se realize, se realmente desejarmos. Existem várias linhas filosóficas e espiritualistas que trazem sua mensagem de vida, doutrinas, condutas e até técnicas que podem ajudar em nossa busca individual. É sempre bom analisar, sentir, experimentar o que é melhor para você e tirar suas próprias conclusões. E uma das coisas mais importantes, ter amor pelo que se faz. 

Somos seres em evolução bem como as plantas, os animais, o nosso mundo. Inevitavelmente caminhamos para a luz, mesmo que em determinadas existências nos desviamos do caminho reto e enveredamos pelos pântanos de nossa consciência ilusória ou estacionamos em algum ponto de nosso percurso, ainda digo que caminhamos para a luz, pois vai chegar um momento em que o sentimento e a necessidade de reforma de nossos pensamentos e atos vai ser maior que a nossa insistência mesmo inconsciente de permanecer indiferente frente aos nossos erros. 

Cada pessoa está mais ou menos preparada para compreender certas coisas ou fazer outras. O respeito para com as pessoas e toda a existência é fundamental para que o convívio e o bem estar de cada um seja o melhor possível. Como disse no início, os muros estão aí para nos atrapalhar, mas apesar de tudo, sentimos que está havendo algumas mudanças, seja em nosso meio físico, astral e também em nosso interior. Estamos em uma fase de transição planetária onde a maioria das peias ao progresso serão eliminadas, ou diria, transmutadas. Por isso o amor, doação, respeito, reforma íntima, são essenciais neste momento.

Autor Desconhecido

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Diário de Emoções

Diário de Emoções

Rosemeire Zago

Quantas vezes você sentiu angústia, uma dor no peito incontrolável, uma vontade imensa de colocar para fora o que sentia, com a nítida sensação que se não falasse iria explodir e percebeu que não havia ninguém com quem falar? Ou ainda, quantas vezes desabafaram com alguém que confiava e depois tudo aquilo que foi confidenciado tornou-se alvo de fofocas ou comentários maldosos?

Já percebeu as infinitas vezes que procurou alguém para falar o que estava sentindo e era só parar para respirar, o outro logo vinha contando a própria história, deixando-o com a sensação de que não foi ouvido? (Eu já passei por isso) E naquele momento você precisava apenas de alguém com sensibilidade para que o ouvisse com atenção para aliviar sua dor.

A experiência do outro pode até ajudar, mas o que acontece mesmo é que todos estão tão ansiosos para falar, que nem percebem o momento que devem calar e permitir que quem os procurou tenha apenas um ombro para chorar. A última coisa que você queria era ouvir mais problemas, já que naquele momento estava difícil suportar os seus, não é mesmo?

E você desejando apenas alguém que o ouvisse, teve que suportar julgamentos, críticas e opiniões, que sequer havia pedido. Parece que o fato de falar dá ao outro o direito de julgar, emitir opiniões, mesmo quando não solicitado. Há ainda aqueles que nos dão seu silêncio, mas não o silêncio de apoio que se demonstra num olhar, num abraço apertado; oferecem-nos aquele silêncio que não há outra forma de interpretar senão como desprezo, indiferença, e acabamos somando mais uma dor, nos fazendo sentir que nossos sentimentos não têm valor algum.

E como isso também dói. Os sentimentos e emoções afetam todo nosso organismo, como todos nós sabemos.
Como não é algo que podemos visualizar, é abstrato, muitas vezes temos dificuldade em identificá-los ou entendê-los e assim, elaborá-los. Sentimos angústia, cansaço, uma grande confusão que nos impede até de pensar e, fugimos. Não queremos pensar e muito menos enfrentar, ainda que inconscientemente.

Mas logo a angústia insiste em retornar como se fosse para nos lembrar que há algo mal resolvido dentro de nós. Nesse momento, muitas vezes, o melhor amigo poderá ser um papel em branco... É isso mesmo, uma folha onde você poderá escrever tudo o que sente, sem julgamentos, ou ainda no computador, mas só tome o cuidado para que outra pessoa não tenha acesso às suas anotações.

Quando você escreve o que sente, permite uma conexão com você mesmo e com tudo aquilo que você tem de mais valioso: seus sentimentos. Ainda que ninguém os respeite ou considerem, você deve respeitá-los e acima de tudo, ouvi-los. Escrever sobre os próprios sentimentos pode melhorar até a saúde e ajudar na remissão de muitos sintomas.

Foi realizada uma pesquisa na Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, onde acompanharam 180 mulheres em estágio inicial do câncer de mama por três meses e as conclusões são claras. Elas foram divididas em 3 grupos. Um escreveu sobre o medo de morrer, o segundo sobre a aproximação da família e o último não escreveu nada.

Quem passou para o papel seus sentimentos teve menos da metade dos problemas físicos relacionados ao tratamento. Mas não precisamos ir muito longe, de todas as pessoas que atendo no consultório, todas são orientadas a escrever sobre seus sentimentos. É claro que apenas uma minoria coloca em palavras o que sente, porém são essas as pessoas que mais conseguem obter controle sob suas emoções.

Ao escrever, você adquire antes de tudo autoconhecimento. Você pode escrever o que está sentindo no momento, ou escrever sobre toda sua história, principalmente momentos que marcaram sua vida. Isso trará um entendimento mais profundo de muitas situações que foram deixadas de lado, mas nem por isso deixam de machucar.

Você pode fazer um diário de emoções, anotando tudo o que sente. Quando for escrever, não se preocupe com a caligrafia, acentos, pontuação, dê ouvidos apenas aos seus sentimentos, permitindo-se expressar apenas sua emoção. Ao escrever seus sentimentos, o lado direito de seu cérebro estará ativado, que é a parte responsável pelas emoções, e ao preocupar-se com a letra, ativará o lado esquerdo, responsável pela razão, e que poderá bloquear suas emoções.

Por isso, não se preocupe com nada, apenas em colocar em palavras o que sente. No começo será natural sentir um pouco de dificuldade, mas se deixar fluir tudo o que estiver sentindo, sem querer entender ou justificar, aos poucos perceberá que os sentimentos virão e seus dedos correrão sobre o papel ou teclado com muita facilidade.

Se estiver muito confuso, poderá escrever o que estiver sentindo separando por áreas da sua vida, por exemplo, profissional, financeiro, afetivo, familiar, pessoal, pois muitas vezes a confusão se instala quando misturamos tudo. Depois que suas emoções foram colocadas no papel, você poderá em outro momento em que estiver mais calmo, ler o que escreveu e analisar, agora sim com a razão, sobre tudo que estava sentindo.

Isso fará com que perceba mais claramente seus sentimentos e também os motivos que os despertaram. É como se organizasse sua mente, equilibrando sua emoção com a razão. Podemos encontrar nas letras os motivos e o entendimento dos próprios sentimentos.

Você pode também escrever, se for o caso, para alguém com quem você não consegue verbalizar o que sente, seja depois de uma briga ou apenas para expressar seus sentimentos, sem pensar em entregar, apenas para desabafar o que sente. Mas escrever serve mesmo para conhecer-se!

Descobrir o que pensamos sobre nós mesmos e também os sentimentos que são despertados dentro de nós por aqueles com quem convivemos eleva nossa percepção de nós mesmos. É como um levantamento de nossas idéias e uma auditoria nos sentimentos.

É uma maneira de comprometer-se consigo próprio, transformando o raciocínio em palavras que podem ser relidas, analisadas, sem defesas ou fugas, que muitas vezes acontecem quando ficam limitadas apenas aos pensamentos. Mas tenha o cuidado para que ninguém tenha acesso às suas anotações ou seu diário.

Depois de tudo analisado, você poderá, se quiser, rasgar, amassar, queimar, jogar no lixo, deletar, ou ainda, poderá guardar para ir observando, cada vez que reler, seu próprio progresso, suas conquistas, sua capacidade de superar obstáculos que a princípio pareciam intransponíveis. Escrever é altamente terapêutico e torna-se cada vez mais fácil com a prática. Você só saberá se começar. Você tem uma folha de papel em branco?

Bjs

domingo, 26 de julho de 2009

Neurose

Neurose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa.

A palavra deriva de duas palavras gregasneuron (nervo) e osis (condição doente ou anormal).

A neurose, na teoria psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso com algo, o que Sigmund Freud propôs ser causado poremoções de uma experiência passada causando um forte sentimento que dificulta reação ou interferindo na experiência presente. Por exemplo: alguém que foi atacado por um cachorro quando criança pode ter fobia ou um medo intenso de cachorros. Porém, ele reconheceu que algumas fobias são simbólicas e expressam um medo reprimido.

Na teoria da psicologia analítica, de Carl Jung, a neurose resulta do conflito entre duas partes psíquicas, das quais uma deve ser inconsciente.

Há muitas formas específicas diferentes de neurose: piromaniatranstorno obsessivo-compulsivo (TOC), ansiedadehisteria (na qual a ansiedade pode ser descarregada como um sintoma físico), e uma variedade sem fim de fobias.

Todas as pessoas têm alguns sintomas neuróticos, freqüentemente manifestados nos mecanismos de defesa do ego que as ajudam a lidar com a ansiedade. Mecanismos de defesa que resultam em dificuldades para viver são chamados "neuroses" e são tratados pela psicanálise,psicoterapia/aconselhamento, ou outras técnicas psiquiátricas.

Apesar de sua longa história, o termo "neurose" não é mais de uso comum. Os atuais sistemas de classificação abandonaram a categoria "neurose". O DSM IV eliminou a categoria por completo. Desordens primeiramente chamadas de neuroses agora são descritas sob os títulos de ansiedade e desordens depressivas.

O uso do termo "neurose" continua controverso, e já se discutiu que é necessário um termo mais apropriado para substituí-lo.

Psicose

Psicose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual existe uma "perda de contacto com a realidade". Ao experienciar um episódio psicótico, um indivíduo pode ter alucinações ou delírios, assim como mudanças de personalidade e pensamento desorganizado. Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro do seu comportamento. Desta forma surgem também dificuldades de interacção social e em cumprir normalmente as actividades de vida diária.

Uma grande variedade de stressores do sistema nervoso, tanto orgânicos como funcionais, podem causar uma reacção psicótica. Muitos indivíduos têm experiências fora do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção da realidade em alguma altura da sua vida sem necessariamente sofrerem consequências para a sua vida. Como tal, alguns autores afirmam que não se pode separar a psicose da consciência normal, mas deve-se encará-la como fazendo parte de um continuum de consciência.

Na prática médica, adopta-se uma abordagem discritiva da psicose (assim como para todas as doenças mentais), que se baseia em observações comportamentais e clínicas. Isto permite a adopção de um guia de diagnósticos muito usado nos EUA, o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), ou mesmo o CID. De acordo com o DSM a psicose é um sintoma de uma doença mental, mas não é uma doença em si mesma.

Como tal, a psicose pode ser causada por predisposição genética, fatores exógenos orgânicos mas desencadeados por fatores ambientais, psicossociais, com acentuadas falhas no desempenho de papéis, na comunicação, no autocontrole, no comportamento da afetividade, napercepção sensorial, na memória, no raciocínio, no pensamento e linguagem. Há perda do senso da realidade e da capacidade de testá-la e, em casos extremos, do autoconhecimento, deixando o paciente de cuidar-se no aspectos mais triviais, como a alimentação e a higiene pessoal.[1]

Na psicanálise, a psicose causou dificuldades teóricas para Freud, mas não para Lacan. Se o primeiro demonstrou-se hesitante em enquadrá-la teoricamente, concentrando-se na neurose, Lacan, tomando-a constantemente em suas conferências, associou-a à forclusão do nome-do-pai.[2]

As definições de psicose em geral descrevem as classes de eventos que configuram sua natureza ou essência, apontam-lhe as causas e variações. Assim, haverá importantes distinções quanto ao conceito; caso venha a ser formulado no campo das Ciências da Saúde terão diferentes conotações das formuladas no campo Religioso, Poético dou das Ciências Humanas. Michel Foucault em seu texto A história da Loucura aponta que a loucura (posteriormente chamada de psicose) poderia ser entendida como uma aberração da conduta em relação aos padrões ou valores dominantes numa certa sociedade; neste sentido, entender a psicose é também buscar entender quais os padrões dominantes e quais as reações do grupo social à tais condutas estranhas e aos seus agentes.

Acredite: Nada ocorre por acaso ...

Acredite: Nada ocorre por acaso ...
São José do Rio Preto, 15 de março de 2009
Orlandeli/Editoria de Arte


Renata Fernandes entrevista Lázaro Freire
Revista Bem Estar - Diário da Região
Para assumir o controle da própria vida e obter o que deseja por meio da força do pensamento ou da lei da atração, por exemplo, não basta desejar. É preciso mentalizar a realização do que quer com respeito a três níveis da vida: o individual, o coletivo e o divino. Ainda assim ocorrerão fatos que, independentemente da sua vontade, irão mudar o caminho inicialmente traçado. Não tem jeito. Observe. Aliás, é a observação aos pequenos sinais emitidos no decorrer do caminho que pode fazer grande diferença no resultado do que almeja a si. Para explicar melhor como funciona esse processo o psicanalista transpessoal Lázaro Luiz Trindade Freire, que também é terapeuta junguiano e palestrante espiritualista, concedeu entrevista à Bem-Estar. Confira.

Bem-Estar - Muito se diz que nada acontece por acaso, que nada é aleatório no mundo. Na sua opinião, até que ponto as pessoas devem confiar no `acaso'?

Lázaro Luiz Trindade Freire - Em minha opinião, temos aí duas coisas distintas. Uma é observar que há uma interdependência das coisas e que a realidade é muito mais do que aquilo que conhecemos. Outra é a generalização que poderia levar a uma confiança no "acaso" que nos isentaria das ações e consequências.
Em minha prática clínica observo que indiscutivelmente há uma natureza simbólica na realidade que se manifesta por meio de coincidências significativas, também conhecidas como sincronicidades, e que também se reflete nos sonhos. Prestar atenção a estes sinais e simbolismos é importantíssimo, mas isso não é um convite a viver de modo aleatório. Muito pelo contrário, entendo que os simbolismos e sinais frequentemente nos pedem uma atitude reparadora, como um convite a retomarmos a direção de nossas vidas.
Como em tudo, é necessário discernimento e bom senso. Ignorar a vida subjetiva e simbólica é um equívoco, é viver apenas na superfície, perdendo a possibilidade das realizações de nossos potenciais. Basta ler algumas biografias - não por acaso, um de meus gêneros favoritos - para perceber que todos os grandes homens souberam acreditar em seus sonhos e ler muito bem os sinais que a vida invariavelmente lhes deu.
Mas por outro lado, sincronicidades são coincidências significativas, e não qualquer fato aleatório. Há quem pense que até a placa do carro a sua frente é um recado especial de Deus apenas para ele. Menos. Muitas coisas são de fato espirituais, mas a característica principal de nossa vida se dá aqui, no material e no consciente. Pensar que tudo à nossa volta está tentando nos dar recados e ocorre em torno de nossa existência já fica mais próximo de um delírio autorreferente, uma característica de psicose. Podemos muito, mas não podemos tudo, e reside aí um equívoco frequente em co-criação por pensamento positivo e/ou leitura de sincronicidades.

Bem-Estar - O autor do livro "Tornar-se como Deus", Michael Berg, diz que para ir de um ponto A até um ponto B é preciso ter algum plano de como chegar lá, pois assim é possível ter uma visão da melhor linha de ação. Mas quando algo ocorre nesse percurso traçado, quando a `vida' interfere de algum modo nesse caminho, geralmente, há frustrações. Como lidar com isso? Acredita que as pessoas simplesmente devem acreditar que o fato ocorrido não foi por acaso ou analisar que o fato pode ter sido consequência das próprias atitudes do envolvido?

Freire - Michael Berg baseia-se nos conhecimentos da cabala, que há muito tempo estuda essas possibilidades simbólicas e de programação existencial. Concordo que o planejamento é essencial quando pretendemos assumir o papel de cocriadores de nossas realidades. Muitas frustrações vem exatamente daí, de desejos que não levam em consideração o contexto, as consequências, os prazos, nem mesmo a exequibilidade (que pode ser feito) daquilo que desejamos pedir a Deus.
Não podemos nos esquecer que o mundo não gira ao nosso redor, e que somos cocriadores, ou seja, que todos os demais são tão deuses quanto nós. É preciso que nossas criações respeitem a "ecologia" do mundo em que vivemos, uma vez que este também foi uma criação feita a partir de nossos pensamentos anteriores.
Por exemplo, conheço pessoas que tentam mentalizar que o marido lhe dê mais segurança, ou que o pai lhe dê um carro. É um equívoco, pois as ações deveriam ser iniciadas e controladas pelo próprio sujeito. Outros pecam por falta de senso de realidade. Querem um apartamento e focam em um gigantesco no Morumbi, quando na verdade ainda moram numa casa de fundos em um bairro diametralmente oposto. Nosso subconsciente descarta imediatamente a idéia. Ora, se em tese tudo nos é possível, não podemos nos esquecer que foram elas mesmas que cocriaram suas vidas nas condições atuais. Talvez fosse mais sensato planejar primeiro um apartamento decente dentro de seu padrão, e a partir dali pensar em novas realizações. Há também quem planeje coisas para as quais não tem o menor preparo e qualificação, e seria mais prudente subdividir os desejos e objetivos nas etapas anteriores. Outro exemplo, se quero ocupar um cargo que me exige determinada formação, um planejamento adequado deveria desejar esses pré-requisitos primeiro. Muitos projetam apenas o ponto final, sem avaliar o impacto em sua vida e nas pessoas com quem vive, ou sua falta de preparo para arcar com as consequências e responsabilidades da realização de seus desejos. Há um ditado antigo que diz "cuidado com o que você acabou de pedir, vai que um anjo escuta". Afinal, não há desejo que não traga consigo uma responsabilidade, a qual nem sempre quem busca atalhos quer assumir. Outra questão que ensino em meus cursos é que há três níveis de "criação".

Bem-Estar - Que níveis são esses? Como funcionam ou atuam?

Freire - São os três níveis de "criação": individual, coletivo e divino. O que podemos construir não é pouco, mas é preciso estarmos sintonizados com todos os outros potenciais criadores em ação no mesmo mundo. Para termos sucesso, aquilo que pretendemos precisa respeitar a nossa vida, os desejos dos outros, a criação coletiva que fazemos enquanto sociedade, e também o plano maior.
Costumo comparar com uma criança que faz um castelo na areia. Ela pode fazê-lo do nada, por sua vontade, mas se não considerar os limites de quem está do lado, terá sua ação limitada. Há ainda a criação coletiva. Se o castelo for deixado no meio de um campo de futebol, o interesse da coletividade - jogar bola, por exemplo - fará com que a vontade da criança seja desfeita. E há ainda as leis maiores. Se a criança faz seu castelo na região em que a maré começa a encher, o oceano o destruirá.
Com nossas criações, ocorrem coisas similares. Muitas vezes escolhemos e construímos de modo razoavelmente correto, mas contra a maré. Os planos do coletivo ou as leis divinas não vão parar apenas porque fizemos uma mentalização. Para quem planeja assumir o controle da sua vida, recomendo sempre que mentalizem sua realização de modo a respeitar o individual, o coletivo e o divino.
E por fim, é preciso nos conhecermos melhor, para que façamos nossas escolhas com consciência. Espiritualidade e psicoterapia podem ser uma ajuda valiosa nesse processo. Afinal, nem sempre nossos primeiros desejos são realmente o melhor para nossa existência. Há um ditado árabe que diz que às vezes, quando tudo dá "errado", acontecem coisas maravilhosas que jamais seriam possíveis se tudo tivesse "dado certo".

Bem-Estar - Os acontecimentos aleatórios seriam algum tipo de alerta emitido por Deus? Como a pessoa deve avaliar a trajetória inicial junto aos percalços do meio do caminho? Como saber se o "correto" é continuar ou parar com determinada ação ou atitude?

Freire - Os acontecimentos aleatórios, não creio. Somos também cocriadores e o mundo tem suas próprias leis. Já as sincronicidades, coincidências particularmente significativas, sinais, estes sim muitas vezes parecem provir de alguma instância maior, que nos transcende e da qual não temos plena consciência. Para não precisarmos entrar nas opções religiosas de cada um, costumamos chamar essa estrutura de "inconsciente". Este termo, comum da psicologia junguiana, não exclui a participação divina, muito pelo contrário. Mas também não podemos generalizar. Há muito mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa filosofia. Em outras palavras, aquilo que chamamos de inconsciente e que provoca nossos sonhos e sincronicidades recebe a ação de vários fatores, começando pelo nosso próprio psiquismo. Mas das dimensões divinas, também.
Quanto a saber o que é o melhor para a sua própria vida e fazer as escolhas mais apropriadas, creio que isso nunca tenhamos receita absoluta e é exatamente esse o desafio de viver. Atendendo em psicanálise transpessoal, noto que as pessoas de mais idade se arrependem muito mais daquilo que não fizeram na vida do que de qualquer atitude certa ou errada que um dia tenham tomado. Parece que estamos aqui justamente para fazer essas escolhas.
Quanto a mim, optei pelo caminho do autoconhecimento. Há tempos abdiquei de ser mais um religioso ou mestre espiritual, preferindo ser psicoterapeuta, filósofo, palestrante e escritor - ou seja, também lidando com as dimensões transcendentais da vida, porém com mais enfoque nas perguntas que levam à reflexão do que nas "respostas" e "certezas" que tantos pensam ter.
Essa minha escolha responde, em parte, o que penso sobre esta pergunta do "caminho correto". Nunca faltarão mestres, gurus e escritores de autoajuda com novas receitas mágicas sobre o "correto", mas a própria diversidade dessas receitas "únicas" lança suspeitas sobre sua abrangência.
Penso que o caminho é possível, mas começa com um esforço sincero de autoconhecimento, de enxergar os próprios defeitos, mudar atitudes, perceber sinais, compreender os padrões da própria existência, anotar e interpretar os sonhos - enfim, aumentar a integração entre o consciente e o inconsciente, o material e o espiritual, um processo que o psiquiatra e fundador da escola analítica de psicologia, Carl Jung, chamava de "individuação", exatamente porque só a partir desse ponto podemos nos perceber como indivíduos plenos. A partir deste autoconhecimento podemos e devemos prestar mais atenção nos sinais e padrões. Quanto mais os seguimos, mais eles se multiplicam, a ponto de dar confirmações e nos orientar no sentido da autorrealização. Os deuses das coincidências parecem prestar muita atenção em quem presta a devida atenção neles.

Bem-Estar - Como lidar com a dualidade em confiar em Deus, ter fé de que Ele nos `dá' o melhor, com o seguir com os próprios objetivos e planos?

Freire - Não vejo dualidade nessa questão. A fé e a confiança em Deus, bem como a consciência de habitarmos um mundo de cocriação coletiva, não faz de nós menos responsáveis pelas nossas atitudes e caminhos. Em outros termos, a fé não é um convite à inércia e passividade. Deus nos orienta, o que é muito diferente de carregar no colo. A sabedoria popular nos diz que "Deus ajuda a quem cedo madruga", ou seja, ele se faz mais presente à medida em que fazemos a nossa parte. A espiritualidade pode nos ajudar a lidarmos melhor com nossos problemas, mas não irá resolvê-los por nós. Ainda bem.

Bem-Estar - O que muda no comportamento de uma pessoa quando ela passa por um momento de tristeza profundo, diante de perdas ou grandes frustrações? Nesse período, qual a importância de confiar ou não em Deus, ou em algo superior?

Freire - Confiar em algo superior é fundamental e podemos dizer que é uma característica intuitiva inata do ser humano e não apenas um traço cultural. Afinal, em todas as épocas, regiões e culturas o homem sempre manifestou alguma forma de culto transcendente, naturalmente, mesmo em povos que estavam isolados de outras civilizações. Portanto, há uma inversão de valores, pois traço cultural isolado é o nosso tempo não dar a Deus - ou ao inconsciente e transcendente, se preferir - a sua devida importância.
Em momentos de perdas, viver o "luto psíquico" é necessário, desde que não constitua depressão patológica. Isso sugere maior interiorização, um aprendizado com a tristeza, como se buscássemos no mais profundo de nosso interior as forças para continuar seguindo em frente. Não é por acaso, uma vez que é nesse processo - bastante subjetivo - que muitas vezes prestamos mais atenção aos sonhos, buscamos um sentido maior para a vida e reforçamos os nossos fundamentos espirituais, independente de nossa fé.
Quanto às frustrações, penso que é preciso distingui-las das grandes perdas. Elas em geral são duras, mas positivas, pois nos conscientizam de nossas expectativas irreais. Só pode se frustrar aquele que esperava de algo ou alguém, aquilo que este algo não podia lhe dar. Desilusão é sair de uma ilusão, e por mais que isso doa, não deixa de ser algo maravilhoso para a nossa evolução. E se é um momento de dor e evolução, nada melhor do que nos ancorarmos em Deus.

Bem-Estar - Qual o melhor meio de lidar com as dúvidas, incertezas e inseguranças diante do futuro, ainda que se parta do princípio que nada acontece por acaso?

Freire - Costumo dizer aos meus pacientes que a depressão é a doença do passado e a ansiedade é a doença do futuro. Só se vive no aqui-agora e qualquer espiritualidade que tenhamos precisa ser exercida no cotidiano, aqui mesmo, nesse plano e momento, com as pessoas com quem convivemos.
Ainda bem que temos incertezas em relação ao futuro. Isso significa que ainda temos escolhas a fazer, o que em outras palavras implica estarmos vivos. Se temos dois caminhos, isso implica, naturalmente, dúvidas, e aí sim pode ser importante prestarmos atenção aos sinais, e compreendermos os significados simbólicos de nossas escolhas.
Mas se as incertezas são a única certeza que temos, e as dúvidas naturais, isso não significa que precisemos ter insegurança. O segredo é viver o presente e escolhermos nossos caminhos naturalmente, com o maior grau de consciência que nos for possível para aquele momento. Consequências sempre existirão, mas todo caminho trará sua recompensa.
Se, por outro lado, ficamos apreensivos com o futuro, a ponto de ficarmos inseguros, significa novamente que estamos vivendo mais o futuro do que o presente. Isso é ansiedade. Mas você poderia me dizer que, ao chegarmos ao futuro, poderemos olhar para trás e nos arrepender de nossas escolhas, mas neste caso novamente estaríamos vivendo o passado, e isso é depressão.
Não me arrependo das escolhas que fiz há 10 anos, mas não faria novamente algumas delas se tivesse a consciência que tenho hoje. Não há nada de errado nisso, pois era feliz naquele tempo com aquelas escolhas e o ser diferente que sou hoje também é fruto delas. Só se vive no presente, e na maioria das vezes, o caminho é muito mais importante do que o destino.

Bem-Estar - Qual a relação entre fé; livre-arbítrio e a lei da ação e reação? Por que a maioria das pessoas não tem consciência da ligação entre esses pontos?

Freire - Antes de mais nada, ação e reação é uma lei natural, como a gravidade e independe de nossa consciência. O mundo simplesmente é assim, independentemente de levarmos mais ou menos tempo para perceber. Quem joga uma pedra para cima sabe que ela cairá logo depois, e aquele que semeia o mal, mais cedo ou mais tarde colhe as consequências. Não vejo castigo divino nisso, é apenas "natureza", assim como a chuva ou o sol. Se sei para onde a correnteza corre, posso nadar melhor e evitar riscos desnecessários.
Quanto ao livre-arbítrio, como disse, está sempre presente em nossas escolhas, embora eu pense que ele também é limitado às criações pessoais, coletivas e divinas. Não tenho liberdade total, mas tenho bastante. Não posso sair voando pela janela, não tenho como comprar determinadas coisas e as leis e a ética também colocam limites nas minhas atitudes. Mas tenho poder de escolha, tenho liberdade de pensamento, e tenho ainda assim infinitas possibilidades de realização.
Quanto à fé, pode se dar em dois níveis: o da simples crença, que é importante, e o da experiência interior, da certeza da presença divina, que é completamente diferente de simplesmente "acreditar" racionalmente em algo maior. Eu diria que, partindo da fé, observando os sinais, exercendo nosso livre-arbítrio consciente de suas potencialidades e limitações e sendo responsáveis com nossas ações e suas reações, podemos construir o nosso caminho de autorrealização, que via de regra costuma conduzir a uma experiência direta e intransferível de Deus.

Bem-Estar - Os eventos não premeditados sempre têm um porquê de ocorrer? É possível aprender sem se condenar, sem se estressar nem se cobrar demais?

Freire - Creio pessoalmente que a realidade seja um grande laboratório de criação coletiva. Nesse caso, em algum grau eu concordo que tudo tem o seu porque, e até mesmo que tudo seja "natural", embora a maioria das coisas seja de uma "natureza" que nos escapa à compreensão. E está exatamente nisso o segredo de não nos estressarmos ou nos cobrarmos demais, afinal, não somos oniscientes e onipresentes, e não precisamos "compreender" o motivo de tudo aquilo que nos acontece. As camadas seriam infinitas e as relações incomensuráveis.
Uma pessoa que nos detém e pergunta as horas afeta se encontraremos ou não uma pessoa mais tarde, e não há nada demais em admitirmos nossas limitações mentais e simplesmente vivermos o presente, no aqui e agora, assumindo apenas a nossa responsabilidade por nossas escolhas, e as fazendo dentro dos princípios da ética e da evolução. Não é pouca coisa, e a colheita se dará de acordo com o que plantarmos.
Estresse é uma variação da ansiedade, autocobrança é variação da culpa que nos leva à depressão, e, como disse, essas são doenças de quem vive o futuro ou o passado, respectivamente. Planejar o futuro e ser responsável com o passado é uma coisa, deixar de viver o presente é outra bastante diferente.

Bem-Estar - Como lidar com as estatísticas e fatos do dia a dia, principalmente diante de tanta violência e ainda considerar que todos os `males' não estão ocorrendo por acaso?

Freire - Bem, a violência também não ocorre por acaso, ela é fruto da vontade de alguém, e também é reflexo de todo um contexto social. Além disso, há a questão da causa e consequência. Reclamamos da má qualidade da produção cultural, mas compramos discos piratas, que muitas vezes alimentam também a indústria do crime e da contravenção. Queremos empregos, mas preferimos comprar um contrabando de qualidade duvidosa. Muitos de nós temos violentos preconceitos com raças, povos e classes sociais, e estranhamos quando sofremos alguma outra forma de violência ou discriminação. Muitas mulheres que condenam a prostituição às vezes mantêm-se em casamentos insatisfatórios e sem amor apenas para manter determinado padrão para si ou para seus filhos. O jovem que pede paz em passeatas às vezes é o mesmo que fuma um "baseado" que financia o narcotráfico. Quem compra peças de desmanches "paralelos" para seu carro muitas vezes faz disparar mais uma encomenda de roubo de veículo similar para repor o estoque - por ironia, pode ser que o seu próprio é que seja roubado, mas se for o do vizinho, "tudo bem".
Além do mais, a vida nos trata como a tratamos. Não importam tanto os exemplos, e sim as regras. Se quando vejo um veículo prestes a estacionar no supermercado eu me aproveito de sua indecisão e entro com meu carro na vaga que seria do outro, acabei de assinar um contrato com a vida dizendo que, no mundo que eu estou cocriando, vale alguém se aproveitar do descuido do outro para tomar vantagem daquilo que o outro não vê. Aí se na semana seguinte um colega de trabalho roubar uma idéia nossa, ou usar um artifício de autopromoção que acarrete a minha demissão, não vale eu chorar reclamando para Deus que foi injusto, que tenho três filhos para criar ou algo assim. Provavelmente, mal irei me lembrar que este "movimento" de peças no tabuleiro da vida fui eu mesmo quem validei, no estacionamento do qual já me esqueci.
Por este princípio, o fato de cocriarmos violência em nosso mundo me parece diretamente proporcional às várias violências que fazemos com nossos semelhantes, com a ética, com os princípios de cidadania, e principalmente contra nós mesmos. Se podemos levar vantagem antiética - no trânsito, no imposto de renda, na empresa - porque é que achamos tão ruim quando um assaltante usa também de seus recursos para levar a sua vantagem? Não somos nós os patrocinadores de suas ações?

Bem-Estar - Qual deve ser o `esforço' ou prática exercitada para obter mais conhecimento e evolução espiritual?

Freire - Como tentei dar a entender em outras questões, compreendo a espiritualidade como um exercício do cotidiano, exercitado no aqui-agora e não apenas uma série de cultos ou crenças em alguma instância distante. Deus está nos confins do universo infinito, mas é mais próximo buscá-lo dentro de nossos próprios corações, onde Ele também reside.
Vem daí um equívoco comum, o de viver a suposta "espiritualidade" do lado de lá, esquecendo-se da vida aqui. Ora, se viver apenas o consciente e material é a definição de neurose, abrir mão dele para se ancorar só no inconsciente e intangível seria a própria psicose. Espiritualidade, em minha opinião, é um processo de equilíbrio entre essas duas realidades - consciente e inconsciente, objetivo e subjetivo - aplicado ao que vivemos aqui.
Uma boa prática, na minha opinião, é empreender algum caminho de autoconhecimento - psicoterapia séria, meditação, religiosidade sadia - que possa ser convertido em atitudes melhores e mais éticas em nossas esferas de atuação. Conhecimento é importantíssimo, mas é mais consequência do que substituto. E além do mais, conhecimento não é o mesmo que sabedoria, aquilo que obtemos quando, a partir de nossas escolhas, acumulamos experiência de vida e aliamos a razão ao coração.