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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

As Fábulas de Esopo



As Fábulas de Esopo

Há milhares de anos, em um dia de outono, dois amigos viajavam a pé por um caminho que atravessava um belo bosque. De repente surgiu diante deles um urso faminto, ameaçador, pronto para atacar.

Sem pensar por um só instante, um dos viajantes subiu rapidamente a um dos galhos mais elevados de uma árvore próxima. O outro, sozinho diante da fera e ameaçado pelo sentimento de pânico, lembrou-se de algo decisivo. Tempos atrás, tinha ouvido que um urso não se alimenta de cadáveres.

Atirou-se então imediatamente ao solo e fingiu-se de morto. O urso chegou até ele e colou o focinho ao corpo aparentemente sem vida. Durante alguns segundos, cheirou o rosto e as orelhas, enquanto o homem continha a respiração. Sacudindo a cabeça, aparentemente decepcionado, o urso desistiu e afastou-se. O perigo havia passado. O homem ergueu-se lentamente do chão, sentindo uma perfeita calma. Seu colega desceu da árvore, aproximou-se com ar curioso e perguntou:

Quando você estava deitado, o que foi que o urso disse ao seu ouvido?”

Na verdade, ele me deu um conselho”, foi a resposta. “Na linguagem dos ursos, ele me disse com jeito amável: ‘jamais deves viajar em companhia de amigos como esse aí da árvore, que te abandonam a toda velocidade quando estás em perigo’.”

A fábula acima é de Esopo. Ela ilustra o fato de que as adversidades são úteis para testar a sinceridade dos nossos amigos. As derrotas e situações de perigo podem ser muito desagradáveis, mas, pelo menos, elas nos permitem conhecer a verdadeira solidez dos nossos laços de afeto. “Amigos na dificuldade, amigos de verdade”, diz um antigo ditado inglês.

Encantando velhos e crianças há 25 séculos, as fábulas de Esopo têm uma mensagem radical e poderosa. Elas refletem a vida como ela é. Revelam com lucidez implacável os jogos de dissimulação, e colocam em cima da mesa, para que todos vejam, a ambição, o medo e a inveja que ameaçam cada alma em sua jornada pela vida. Mas também revelam as qualidades positivas que permitem a libertação espiritual.

Uma fábula é uma história carregada com simbolismo, que traz em si uma lição de vida e na qual os animais possuem o dom da fala. Esopo é o fundador do gênero, e suas fábulas reúnem três atributos principais: são curtas, belas e úteis. Elas nos ensinam, entre outras coisas, que a vida é um dom de supremo valor; mas que viver é perigoso, e que, por esse motivo, cada alma deve desenvolver ao máximo virtudes como atenção, vigilância, coragem, prudência e equilíbrio.

A vida de Esopo não é uma mera suposição. Ele existiu de fato, e é citado por Platão, Aristófanes, Xenofonte e Aristóteles. Mas os detalhes da sua vida, esses, sim, são mais lendários que literais. Os diferentes relatos são contraditórios. A biografia mais detalhada dele, escrita por Planudes, é considerada fantasiosa. É verdade que La Fontaine adotou como válida a narrativa de Planudes, mas parece ter feito isso por seu valor como lenda.

Calcula-se que Esopo tenha nascido em torno de 620 antes da era cristã. Escravo, gago, com o rosto deformado por uma extrema feiúra, Esopo era dotado de uma extraordinária sabedoria prática. Os deuses curaram sua gagueira. Por causa do seu talento, acabou sendo libertado por seu dono. Então o ex-escravo foi para Atenas, e ali dedicou-se a defender as pessoas pobres e humildes. Usava suas fábulas para denunciar a hipocrisia dos poderosos e para desmoralizar os procedimentos injustos das elites. Há uma fábula que ilustra bem esse ponto:

Um dia, o leão, o asno e o lobo decidiram sair juntos para caçar. Ficou combinado que qualquer coisa que eles obtivessem seria dividida entre os três. Depois de matar um cervo de bom tamanho, eles resolveram fazer uma grande refeição. O leão pediu ao asno que repartisse a carne. O asno dividiu a comida em três partes iguais e convidou os amigos a servirem-se. Mas o leão, indignado, atacou o asno e o reduziu a pedaços. Em seguida, voltando-se para o lobo, o rei dos animais pediu gentilmente que ele fizesse a divisão em duas partes. O lobo juntou todo o alimento em uma única grande pilha, deixando de lado apenas uma minúscula parcela para si mesmo.

Ah, meu amigo”, disse o leão, “como você aprendeu a dividir as coisas de maneira tão justa?”

Foi fácil! Bastou que eu visse o destino do nosso amigo asno” – explicou o lobo.

Uma lição da fábula acima é que “não se deve confiar demasiado no sentido de justiça dos poderosos”. No Brasil, essa história de Esopo deu origem e inspiração à imagem do Leão como símbolo da Receita Federal, que cobra impostos da população brasileira. Vem dela a expressão “a parte do leão”.

Outra conclusão da história é que “é melhor aprender com os erros dos outros (como fez o lobo) do que com os nossos próprios erros”.

De fato, o sábio procura tirar lições dos fracassos alheios. Quem tem alguma sabedoria aprende com os seus próprios erros (quando eles não são fatais), mas o tolo completo não é capaz de aprender nem sequer com as suas próprias derrotas.

Devido ao seu discurso irreverente em defesa dos mais fracos e da verdade, Esopo não demorou muito a chamar atenção de Perístrato, dirigente de Atenas que era inimigo da liberdade de pensamento.

Em 564 a. C., o contador de histórias foi acusado de sacrilégio pelo oráculo de Delfos. Em sua defesa, Esopo contou a fábula da águia e do besouro, afirmando que os privilegiados devem respeitar os direitos dos mais fracos, porque os abusos de poder são sempre punidos pelos deuses.

Diz a fábula:

Uma lebre, perseguida pela águia, pediu refúgio na casa de um besouro. O besouro, valente e generoso, decidiu defender a lebre e disse à águia: ‘Em nome de Júpiter, você deve respeitar o direito de exílio. A lebre agora é minha hóspede.’ Ignorando a argumentação, a águia jogou o besouro a um lado e devorou a lebre de imediato. Magoado, o besouro decidiu não dar trégua à opressão da águia. Ele foi até o ninho da águia e jogou os ovos dela no chão, um a um. Não havia nisso uma vingança pessoal, mas uma luta em favor dos mais fracos. A águia construiu um segundo ninho, bem mais alto, mas o besouro foi até lá e repetiu a operação. Diante disso, a águia procurou Júpiter para buscar um acordo com o besouro. O chefe dos deuses tentou acalmar o besouro, mas foi inútil. Pediu a ele que pensasse em uma conciliação, e a idéia foi rejeitada. O último recurso encontrado por Júpiter para evitar a extinção da águia foi mudar a época da sua reprodução para uma estação do ano em que os besouros não estão em atividade.”

Moral da história: “o carma do abuso de poder é pesado, e os opressores cedo ou tarde devem reencontrar-se com a justiça e o equilíbrio.”

Mesmo contando esta profunda fábula em sua defesa, Esopo foi condenado à morte e lançado do alto de um penhasco. Depois de morto, porém, passou a ser reconhecido como um dos grandes sábios da Grécia.

Não só a fábula da águia e do besouro, mas muitas outras narrativas de Esopo tratam da lei do Carma, segundo a qual nós colhemos tudo o que plantamos, em pensamentos, sentimentos e ações. Uma das fábulas sobre o carma está ambientada em um tempo mítico em que as abelhas não possuíam ferrões:

Certo dia, quando o mundo ainda era jovem, uma abelha voou até o céu para levar a Júpiter, o rei dos deuses, uma generosa oferta de mel. Júpiter ficou deliciado com o doce presente e prometeu à abelha realizar um desejo seu, fosse qual fosse. Emocionada, ela afirmou:

Ah, poderoso Júpiter, meu criador e meu mestre, desejo ganhar um ferrão, e um ferrão tão poderoso que possa matar qualquer um que chegue perto da colméia para levar o mel.”

Ora, a lei da natureza é a doação e o serviço altruísta. É pela generosidade que a vida evolui. Irritado com o egoísmo da abelha, Júpiter disse:

Seu pedido será atendido, porém não do modo como você deseja. Ganhará um ferrão, mas sempre que alguém vier buscar seu mel e você o atacar, o ferimento será fatal para você e não para o outro. Você perderá sua vida junto com o ferrão que será sua arma. ”

Moral da história:

Aquele que alimenta desejos de vingança atrai sofrimento para si mesmo”.

Em outra fábula sobre a lei do carma, o asno e o lobo reaparecem como personagens:

Certo dia, os dois amigos decidiram tornar-se sócios e saíram ao campo para buscar alimentos. No caminho, encontraram um leão com jeito faminto e feroz. Compreendendo perfeitamente a situação de perigo iminente, o lobo sorriu, avançou com rapidez até o leão e murmurou:

Se você prometer não me atacar, eu posso trair o asno, e desse modo você o prenderá facilmente.”

O leão concordou, e o lobo atraiu o asno para uma armadilha. Porém, logo depois que o asno foi capturado, o leão atacou furiosamente o lobo e fez dele o seu almoço, preferindo guardar o asno para a refeição seguinte.

A conclusão da história é que “os traidores devem esperar por traição”. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Outra conclusão da fábula é que “os mais fracos fazem bem em unir-se diante dos mais poderosos, sempre que esses abusam do seu poder”. Uma terceira idéia: “devemos ser leais a nossos amigos”.

O carma é um mecanismo complexo. Às vezes ele amadurece imediatamente. Outras vezes é necessário muito tempo. Em todos os casos, o que acontece fica registrado no Akasha ou luz astral e – no momento certo – a justiça cármica retribui a cada um conforme os seus méritos. O carma tem seu próprio ritmo e ele deve ser respeitado. Assim, a busca de vingança pessoal produz maus resultados, conforme conta outra fábula de Esopo:

Muitos anos atrás, um cavalo selvagem possuía um vasto campo de pasto à sua disposição. Certo dia, um cervo invadiu o território e comeu grande parte do alimento. Cego de raiva, o cavalo procurou o homem e pediu sua ajuda para punir o cervo. “Sim, claro”, disse o homem. “Mas, para isso, eu preciso colocar um freio em sua boca e montar sobre suas costas. Assim poderei punir o cervo.” O cavalo concordou, e o homem montou nele. Desde aquele dia, ao invés de obter sua vingança, o cavalo ficou escravo do homem.

A moral da história é que, “buscando vingança, você perde sua liberdade”.

De fato, o rancor pode ser uma grande prisão psicológica – e para alguns, inclusive, uma prisão perpétua. Mas o otimismo, o desapego e o sentimento solidário libertam a alma de sofrimentos.

A lei do carma rege a todos os seres, tanto física quanto mental e espiritualmente. Cada pessoa tem um Carma Mental que produz resultados em seu próprio nível. Nossos hábitos de pensamento são nosso carma, porque criam nossa maneira de ver o mundo – e de viver. O pensamento influencia decisivamente cada aspecto da vida. Aquele que busca enganar outras pessoas pode obter vantagens externas de curto prazo, porém adquire inevitavelmente um mau carma correspondente no plano mental, onde tudo é mais durável que nos planos inferiores da realidade. As vantagens pessoais obtidas por meios injustos são colocadas dentro de uma atitude mental negativa. Na verdade, elas surgem de uma atitude mental negativa e a reforçam. O mentiroso perde o sentido da realidade, e assim atrai sofrimento para si mesmo. Em compensação, a opção pela sinceridade é uma fonte de bênção, a médio e longo prazo, embora a curto prazo possa trazer conseqüências incômodas. A história de um lenhador que jamais mentia demonstra essa verdade.

Conta Esopo:

Cortando uma árvore na beira de um rio, um lenhador deixou seu machado cair na água. Desesperado ao ver que perdera seu instrumento de trabalho, ele sentou à margem do rio e começou a chorar. Mas o rio pertencia ao deus Mercúrio, que teve compaixão do lenhador. Mercúrio voou até o local e mergulhou no rio. Pouco depois, emergiu da água com um machado de ouro e perguntou ao lenhador:

Esse é o seu machado?”

O homem disse que não. Mercúrio mergulhou pela segunda vez e voltou com um machado de prata:

É seu?”

E o lenhador disse que não.

Então Mercúrio mergulhou pela terceira vez, trouxe o machado do lenhador, entregou-o e, como presentes, deixou com ele também os machados de ouro e de prata.

No dia seguinte, o homem contou aos seus amigos o que acontecera. Um deles decidiu fazer uma experiência: foi ao mesmo lugar do rio, deixou seu machado cair na água intencionalmente, e então começou a chorar. Mercúrio não tardou a aparecer. O deus de pés alados mergulhou nas águas e, ao voltar, apresentou-lhe um machado de ouro, perguntando se era dele.

Sim, esse mesmo”, mentiu de imediato o lenhador, estendendo o braço para agarrar o objeto precioso.

Indignado com a insinceridade, Mercúrio não lhe entregou o machado de ouro, e tampouco lhe devolveu o seu machado comum de ferro e madeira.

Moral da história: “em todas as situações, a melhor estratégia é a honestidade”.

De fato, a vida testa a cada momento a nossa decisão de agir corretamente. O uso da atenção e da perseverança permite identificar as sutis relações de causa e efeito que ligam a ignorância espiritual ao sofrimento físico e emocional.

Assim podemos perceber que cada um é senhor de seu destino – que cada ser provoca a sua própria felicidade ou seu sofrimento – e fica um pouco mais fácil percorrer o caminho ao autoconhecimento.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

“Aesop’s Fables”. Penguin Popular Classics, selected and adapted by Jack Zipes, Penguin Books, U.K. , 1996, 212 pp.
Aesop’s Fables”, Illustrated by Arthur Rackham, Wordworth Classics, Wordworth Editions, UK, 1994, 200 pp. Introduction G.K. Chesterton. Translation by V.S. Vernon Jones.
Fábulas de La Fontaine”, Jean de La Fontaine, Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, edição em dois volumes.
Fábulas”, Esopo, Planeta DeAgostini/Editorial Gredos, Madrid, España, 1993, 156 pp., traducción y notas de Pedro Bádenas de la Peña.
The Fables of Phaedrus”, translated by P.F. Widdows, University of Texas Press, Austin, USA, 170 pp.
Fábulas”, Esopo, L&PM Pocket, Porto Alegre, 2003, 184 pp.
Fábulas de Fedro”, em latim e português, tradução linha por linha, com comentários, Maximiano Augusto Gonçalves, Livraria H. Antunes Ltda, Editora, Rio de Janeiro, quinta edição, 1957, 352 pp.

domingo, 4 de novembro de 2012

HUNG



HUNG

A sílaba semente da mente iluminada, corporificando os cinco aspectos do estado desperto prístino.

Representa a mente de todos os Buddhas e freqüentemente conclui os mantras e fecha a porta dos renascimentos no mundo dos infernos; purifica o véu que cobre o conhecimento.

É a prece que reúne a graça do corpo, da palavra, da mente, das qualidades e da atividade dos Buddhas; corresponde a Paramatman do conhecimento transcendental.

Corresponde ao Buddha Akshobhya, o Buddha da Medicina.

Relaciona-se à sabedoria semelhante ao espelho.