Por favor, preencha a atmosfera com a vibração sublime dos Santos Nomes:
Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Estágios da Compreensão



Estágios da Compreensão


"Pergunta: Existe uma progressão que é comum a todos os aspirantes? Quero dizer, todos passam pelos mesmos estágios?
Ramesh: Os Budistas têm um excelente sumário não apenas de como o iluminado vê o mundo, mas também de como o iluminado veio a ver da maneira como vê.

O sumário constitui-se de três estágios de compreensão. O primeiro grau de compreensão é a visão através de um individuo identificado. O segundo grau é quando há uma certa quantidade de compreensão. E finalmente, há a compreensão total.
 
Primeiro, as montanhas e os rios são vistos como montanhas e rios. O sujeito individual identificado está vendo um objeto. Esse é o envolvimento total. Isso é o que a pessoa ordinária faz.
 
Segundo, as montanhas e os rios não são mais vistos como montanhas e rios. Os objetos são vistos como sendo a objetivação refletida do sujeito. Eles são percebidos como objetos ilusórios na consciência e, portanto, irreais.
Finalmente, as montanhas e os rios são mais uma vez vistos como montanhas e rios. Isto é, ao ser despertado, eles são conhecidos como sendo a própria consciência manifestando-se como montanhas e como rios. O sujeito e os objetos não são vistos como separados.

Nesse sumário, as montanhas e os rios referem-se ao mundo em geral, incluindo-se a totalidade da população humana. O indivíduo identificado verá os objetos como um sujeito individual vendo objetos. Ele se considera uma entidade separada vendo outros objetos.
 
Ver outros objetos ou eventos cria reações nele, como um individuo. Assim, o organismo individual reage ao que é visto.
 
No segundo estágio, quando há o entendimento de que tudo isso é um sonho e irreal, a visão muda e ele começa a ver que nenhum evento realmente importa, ele os vê como irreais, pois como o sujeito, ele transcende a aparência. Uma aparência é algo que aparece na consciência.

Quando a compreensão surge nesse nível, há tanta apreciação dessa compreensão que o individuo frequentemente tem grande dificuldade em guardá-la para si. Ele sai por aí falando para o mundo: “tudo isso é irreal!”. Ao tentar falar para os outros que o mundo é irreal, ele quer mudar o mundo, ele vai por aí criando problemas para si mesmo. Esses problemas que esse segundo estágio traz só se resolvem no terceiro estágio.
No terceiro estágio, os objetos são vistos não por um indivíduo, nem por um objeto vendo um objeto, nem um sujeito vendo um objeto. E o percebedor real é realizado como aquilo que criou a aparência e como aquilo que reconhece a aparência. Eles são ambos o mesmo.
 
Nesse estágio, a realização última não é apenas que o mundo é irreal, mas que ao mesmo tempo o mundo é real! O mundo é irreal no sentido de que ele é dependente da Consciência para poder existir. Ele não tem existência dele próprio. O mundo deve sua existência ao fato de ser reconhecido na Consciência. Se todos os seres humanos e todos os animais de repente se tornassem inconscientes, quem diria que existe um mundo? O mundo não só não apareceria como também não existiria.

Pergunta: Você poderia explicar melhor essa idéia de realidade e irrealidade?
Ramesh: A analogia da sombra é frequentemente usada para explicar o “real” e o “irreal”. Uma sombra é irreal no sentido de que ela é dependente do sol para existir. Não obstante, como uma sombra, ela é real o bastante. Então é tanto real quanto irreal ao mesmo tempo. Toda a manifestação é dependente da Consciência para sua existência. A Consciência é inerente em todos os objetos, em toda a manifestação. A Consciência transcende a manifestação e ainda assim é imanente nela. A manifestação está contida dentro da Consciência.
No segundo estágio, antes que a compreensão final surja, todos os tipos de conceitos vêm a tona. É assumido que cabe ao indivíduo fazer esforços para unir-se com Deus. Naquele estágio do sujeito e do objeto, nirvana e samsara são tratados como sendo dois.

Portanto, eles falam em termos do oceano de samsara, miséria, que tem que ser atravessado. O jiva tem que cruzar aquele oceano e isso só pode ser feito ao fazer sadhana de um tipo ou de outro. Então, o buscador segue através do sadhana, toda uma série. Por anos ele pratica, por anos ele observa o que está acontecendo e encontra-se num estado de orgulho e auto-engano. Finalmente, quando ele se estabelece em contemplação, ele abandona tudo. Como os Sufis dizem, há uma espécie de cerimonia, uma queima de tudo o que ele aprendeu e tudo o que ele pensa que atingiu.

Então no terceiro estágio, é percebido que o mundo é tanto real quanto irreal. Quando essa compreensão chega, o conhecimento se estabelece e naquele organismo no qual a iluminação aconteceu não há mais nenhum desejo ativo de contar para o mundo sobre isso, de mudar o mundo. No terceiro estágio há uma aceitação do que É, tanto a imanência quanto a transcendência. Nirvana e Samsara não são dois. Samsara é a expressão objetiva do Nirvana.

Na compreensão final, o estado do 'sentido de existência' (beingness) acontece. Não é questão de ver algo. Tudo é aparência e essa aparência está sendo vista através do instrumento do organismo, através dos sentidos. Mas nenhum individuo jamais vê. Embora o individuo diga: 'eu posso ver as montanhas' é apenas porque a consciência está presente que isso pode ser dito. As montanhas realmente estão sendo vistas pela consciência, a qual também é a aparência! A totalidade da manifestação é meramente uma aparência criada na Consciência pela Consciência. A consciência atua e dirige todos os papéis dos bilhões de seres humanos. Cada personagem é atuado pela Consciência.
 
A questão: 'Por que este lila (jogo de Deus) existe?” é compreendida no estágio final. Portanto, naquele estágio, nenhum problema surge. O buscador não tem um desejo ardente de ensinar o mundo sobre aquilo que ele aprendeu porque a compreensão básica é que ele não aprendeu nada. A compreensão veio por si mesma como um presente de Deus, um presente da Totalidade, da Graça. Todas as palavras vêm depois. Quando a iluminação é aceita, não há a questão de uma “pessoa” considerando a si mesma sortuda. O indivíduo considera-se sortudo por ser iluminado apenas quando a iluminação não aconteceu realmente."
 
Ramesh Balsekar em Counsciousness Speaks
 
 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Já estamos no Cinturão de Fótons




Muito se fala de 2012, mas pouco efetivamente se conhece. Segue um texto rápido e esclarecedor, para desmistificar um pouco a profecia e trazer uma linguagem simples, ofertando ânimo extra para nossas ações como sincronizadores biosféricos.

O sistema solar gira em torno de Alcione, estrela central da Constelação de Plêiades. Esta foi a conclusão dos astrônomos Freidrich Wilhelm Bessel, Paul Otto Hesse, José Comas Solá e Edmund Halley, depois de estudos e cálculos minuciosos.


Nosso Sol é, portanto, a oitava estrela da constelação – localizada a aproximadamente 28 graus de Touro – e leva 26 mil anos para completar uma órbita ao redor de Alcione, movimento terrestre também conhecido como Precessão dos Equinócios.

A divisão desta órbita por doze resulta em 2.160, tempo de duração de cada era “astrológica” (Era de Peixes, Aquário, etc).

Descobriu-se também que Alcione tem à sua volta um gigantesco anel, ou disco de radiação, em posição transversal ao plano das órbitas de seus sistemas (incluindo o nosso), que foi chamado de Cinturão de Fótons.

Um fóton consiste na decomposição ou divisão do elétron, sendo a mais ínfima partícula de energia eletromagnética, algo que ainda se desconhece na Terra. Detectado pela primeira vez em 1961, através de satélites, a descoberta do cinturão de fótons marca o início de uma expansão de consciência além da terceira dimensão. A ida do homem à Lua nos anos 60 simbolizou esta expansão, já que antes das viagens interplanetárias era impossível perceber o cinturão.

A cada dez mil anos o Sistema Solar penetra por dois mil anos no anel de fótons, ficando mais próximo de Alcione. A última vez que a Terra passou por ele foi durante a “Era de Leão”, há cerca de doze mil anos.Na Era de Aquário, que está se iniciando, ficaremos outros dois mil anos dentro deste disco de radiação. Todas as moléculas e átomos de nosso planeta passam por uma transformação sob a influência dos fótons, precisando se readaptar a novos parâmetros.

A excitação molecular cria um tipo de luz constante, permanente, que não é quente, uma luz sem temperatura, que não produz sombra ou escuridão. Talvez por isso os hinduístas chamem de “Era da Luz” os tempos que estão por vir.

Desde 1972, o Sistema Solar vem entrando no cinturão de fótons e em 1998 a sua metade já estará dentro dele. A Terra começou a penetrá-lo em 1987 e está gradativamente avançando, até 2.012, quando estará totalmente imersa em sua luz. De acordo com as cosmologias maia e asteca, 2.012 é o final de um ciclo de 104 mil anos, composto de quatro grandes ciclos maias e de quatro grandes eras astecas.

Humbatz Men, autor de origem maia, fala em “Los Calendários” sobre a vindoura “Idade Luz”. Bárbara Marciniak, autora de “Mensageiros do Amanhecer”, da Ground e “Earth”, da The Bear and Company e a astróloga Bárbara Hand Clow, que escreveu “A Agenda Pleiadiana”, da editora Madras, receberam várias canalizações de seres pleiadianos.

Essas revelações falam sobre as transformações que estão ocorrendo em nosso planeta e nas preparações tanto físicas quanto psíquicas a que precisamos nos submeter para realizarmos uma mudança dimensional.

Segundo as canalizações, as respostas sobre a vida e a morte não estão mais sendo encontradas na terceira dimensão. Um novo campo de percepção está disponível para aqueles que aprenderem a ver as coisas de uma outra forma.

Desde a década de oitenta, quando a Terra começou a entrar no Cinturão de Fótons, estamos nos sintonizando com a quarta dimensão e nos preparando para receber a radiação de Alcione, estrela de quinta dimensão. Zona arquetípica de sentimentos e sonhos, onde é possível o contato com planos mais elevados, a quarta dimensão é emocional e não física. As idéias nela geradas influenciam e detonam os acontecimentos na terceira dimensão, plano da materialização.

Segundo as canalizações, a esfera quadri-dimensional é regida pelas energias planetárias de nosso sistema solar, daí um trânsito de Marte, por exemplo, causar sentimentos de poder e ira. Para realizar esta expansão de consciência é preciso fazer uma limpeza, tanto no corpo físico como no emocional, e transmutar os elementais da segunda dimensão a nós agregados, chamados de miasmas. Responsáveis pelas doenças em nosso organismo, os miasmas são compostos de massas etéricas que carregam memórias genéticas ou de vidas passadas, memórias de doenças que ficaram encruadas e impregnadas devido a antibióticos, poluição, química ou radioatividade.

Segundo as canalizações, esses miasmas estão sendo intensamente ativados pelo Cinturão de Fótons. Os pensamentos negativos e os estados de turbulência, como o da raiva, também geram miasmas, que provocam bloqueios energéticos em nosso organismo. Trabalhar o corpo emocional através de diversos métodos terapêuticos – psicológicos, astrológicos ou corporais – ajuda a liberar as energias bloqueadas. A massagem, acupuntura, homeopatia, florais, meditação, yoga, o tai-chi, algumas danças, etc., são também técnicas de grande efetividade, pois mexem com o corpo sutil e abrem os canais de comunicação com outros planos universais.

As conexões interdimensionais são feitas através de ressonância e para sobrevivermos na radiação fotônica temos que nos afinar a um novo campo vibratório. Ter uma alimentação natural isenta de elementos químicos,viver junto à natureza, longe da poluição e da radiatividade, liberar as emoções bloqueadas e reprimidas, contribuem para a transição.

Ter boas intenções é essencial, assim como estar em estado de alerta, para perceber as sincronicidades e captar os sinais vindos de outras esferas. Segundo a Agenda Pleiadiana, de Bárbara Hand Clow, o Cinturão de Fótons emana do Centro Galáctico. Alcione, o Sol Central das Plêiades, localiza-se eternamente dentro do Cinturão de Fótons, ativando sua luz espiralada por todo o Universo.

Mas afinal… e nós nisso tudo?

Nós somos os mais beneficiados com tudo isso. Todos nós, os seres encarnados na Terra, estamos passando por um processo de iniciação coletiva e escolhemos estar aqui nesta difícil época de transição de nosso planeta, que atingirá todo o Universo.

Os fótons funcionam como purificadores da raça humana e através de suas partículas de luz, às quais estamos expostos nos raios solares, dentro em breve estaremos imersos nesta “Era de Luz”, depois de 11 mil anos dentro da Noite Galáctica ou Idade das Trevas, como os hindus se referiam a Kali Yuga. Como um sistema de reciclagem do Universo, o Cinturão de Fótons inicia a Era da Luz. Existem diversas formas da humanidade intensificar sua evolução, desenvolvendo um trabalho de limpeza dos corpos emocionais, com o uso de terapias alternativas, como florais, Yoga, Sahaja Maithuna, musicoterapia, cromoterapia entre muitos outros.

São terapias e práticas que trabalham com a cura dos corpos sutis, além de curar outras já instaladas, evitando que muitas doenças sejam desenvolvidas, antes mesmo de alcançar o corpo físico.

Cada partícula vai se alojando em todos os cantinhos de nosso planeta trazendo a consciência (Luz), a Verdade, a Integridade e o Amor Mútuo.

Cada um de nós tem um trabalho individual para desenvolver aliado ao trabalho de conscientizaçã o da humanidade. Os corpos que não refinarem suas energias não conseguirão ficar encarnados dentro da terceira dimensão, pois a quarta dimensão estará instalada. E todos nós redescobriremos a nossa multidimensionalidade e ativaremos nossas capacidades adormecidas dentro da Noite Galáctica. A inteligência da Terra será catalizada para toda a Via Láctea.

Todos estes acontecimentos foram registrados no Grande Calendário Maia, que tem 26 mil anos de duração e termina no solstício de inverno, no dia 21 de dezembro de 2012 dC, que marca a entrada definitiva da Terra dentro do Cinturão de Fótons por 2000 anos ininterruptos. Consciência é Luz. Luz é Informação. Informação é Amor. Amor é Criatividade.

TENHAMOS A CONSCIÊNCIA DE QUE, EM ENTREGANDO AS NOSSAS VIDAS AO PAI ETERNO, DE NADA DEVEMOS TEMER!

UM GRANDE ABRAÇO…
Domingos Yezzi

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Arte de Viver: Meditação Vipassana


Todos buscam paz e harmonia, porque isto é o que falta em nossas vidas. De quando em quando todos nós experimentamos agitação, irritação, desarmonia. E, quando somos atormentados por esses sofrimentos, não os restringimos a nós mesmos; freqüentemente os distribuímos aos outros também. A infelicidade permeia a atmosfera que circunda a pessoa que sofre e todos que entram em contato com ela também são afetados. Certamente, esse não é um modo apropriado de viver.

Devemos viver em paz com nós mesmos e em paz com os outros. Afinal, seres humanos são seres sociais, têm de viver em sociedade e lidar uns com os outros. Mas como podemos viver pacificamente? Como mantermo-nos em harmonia interior e mantermos a paz e a harmonia ao nosso redor, de forma que também os outros possam viver pacífica e harmoniosamente?

Para livrarmo-nos de nosso sofrimento, temos de saber a razão básica para sua existência, a causa do sofrimento. Se investigarmos o problema, torna-se claro que sempre que começamos a gerar qualquer negatividade ou impureza na mente, certamente nos tornaremos infelizes. Uma negatividade na mente, uma impureza mental não pode coexistir com a paz e a harmonia.

Como geramos negatividades? De novo, através da investigação, torna-se claro. Ficamos infelizes quando achamos que alguém age de uma maneira que não gostamos ou quando não gostamos de alguma coisa que acontece. Coisas que não desejamos acontecem e criamos tensão interior. Coisas que queremos não acontecem, alguns obstáculos aparecem no caminho, e novamente criamos tensão interior; começamos a atar "nós" internos. E, pela vida afora, coisas indesejadas continuam a acontecer e as desejadas podem ou não acontecer, e este processo de reação, de atar nós — nós górdios — faz toda a estrutura física e mental tão tensas, tão cheias de negatividade, que a vida torna-se um sofrimento.

Uma forma de resolver este problema é dar um jeito para que nada de desagradável aconteça na vida e que tudo aconteça exatamente como queremos. Temos de desenvolver o poder de fazer com que tudo que desejamos aconteça e o que não desejamos não aconteça, ou ter alguém com tal poder que nos ajude sempre que solicitarmos. Mas isso é impossível. Não há ninguém no mundo cujos desejos sejam sempre satisfeitos, em cuja vida tudo ocorre de acordo com sua vontade, sem nada indesejável acontecer. Fatos contrários à nossa vontade e ao nosso desejo constantemente ocorrem. Portanto, surge uma pergunta: como podemos parar de reagir cegamente às coisas de que não gostamos? Como podemos parar de gerar tensões e permanecer pacíficos e harmônicos?

Na Índia, assim como em outros países, pessoas sábias e santas estudaram esse problema — o problema do sofrimento humano — e encontraram uma solução: se algo indesejável ocorre e você começa a reagir gerando raiva, medo ou qualquer outra negatividade, então, você deve desviar sua atenção o mais rapidamente possível para uma outra coisa qualquer. Por exemplo, levante-se, pegue um copo d'água, comece a bebê-la e sua raiva não se multiplicará; pelo contrário, começará a diminuir. Ou comece a contar: um, dois, três, quatro. Ou comece a repetir uma palavra, ou uma frase, ou algum mantra: talvez o nome de um santo ou divindade na qual você tenha devoção. A mente se distrairá e, até certo ponto, você estará livre da negatividade, livre da raiva.

Essa solução foi útil, deu certo. Ainda dá. Praticando isso, a mente sente-se livre da agitação. Entretanto, essa solução atua apenas no nível consciente. Na verdade, ao desviar a atenção, você empurra a negatividade profundamente para o inconsciente e, nesse nível, continua a gerar e multiplicar a mesma impureza. Na superfície há uma camada de paz e harmonia, mas nas profundezas da mente jaz um vulcão adormecido de negatividade reprimida que, mais cedo ou mais tarde, explodirá em violenta erupção.

Outros exploradores da verdade interior foram ainda mais longe em sua busca e, experimentando a realidade da mente e da matéria neles mesmos, concluíram que desviar a atenção é apenas fugir do problema. Fugir não é a solução; você tem de enfrentar o problema. Toda vez que a negatividade surgir na mente, simplesmente observe-a, enfrente-a. Assim que começar a observar uma impureza mental, ela começará a perder sua força e lentamente ela murcha e desaparece.

Uma boa solução: evitar os dois extremos da repressão e da livre manifestação. Enterrar a negatividade no inconsciente não a erradicará; e permitir sua manifestação com ações verbais ou físicas prejudiciais apenas criará mais problemas. Mas se você apenas observar, então, a impureza desaparecerá e você estará livre dela.

Isso parece maravilhoso, mas será realmente praticável? Não é fácil encarar suas próprias impurezas. Quando a raiva surge, apodera-se de nós tão rapidamente que nem mesmo percebemos. Então, dominados por ela, falamos ou fazemos coisas que prejudicam aos outros e a nós mesmos. Mais tarde, quando ela passa, começamos a chorar e nos arrependemos, pedindo perdão aos outros e a Deus: "Oh, cometi um erro, por favor, me desculpe!". Mas da próxima vez em que nos encontrarmos numa situação semelhante, reagimos da mesma forma. Esse tipo de arrependimento não ajuda em nada.

A dificuldade é que não temos consciência quando uma impureza surge. Ela surge profundamente na mente inconsciente e, quando chega ao nível consciente, já ganhou tanta força que toma conta de nós sem que possamos observá-la.

Vamos supor que eu contrate um secretário particular e toda vez que a raiva surja ele diga: "olhe, a raiva está começando!". Como não sei a que horas ela começa, terei de contratar três secretários para os três turnos: manhã, tarde e noite! Suponhamos que possa arcar com isso e que a raiva comece. Assim que meu secretário me avise, "oh, veja — a raiva começou!" a primeira coisa que farei é repreendê-lo: "Seu tolo, acha que é pago para me ensinar?" Estou tão dominado pela raiva que bom conselho não adianta

Suponhamos que o discernimento prevaleça e eu não o repreenda. Em vez disso, digo: "Muito obrigado. Agora preciso me sentar e observar minha raiva." Será que é possível? Ao fechar os olhos e tentar observar a raiva, o objeto da minha raiva imediatamente surge em minha mente — a pessoa ou o fato que a iniciou. Logo, não estarei observando a raiva pura, mas meramente o estímulo externo dessa emoção. Isso servirá apenas para multiplicar a raiva; e, portanto, não é a solução. É muito difícil observar qualquer negatividade abstrata ou emoção abstrata divorciada do objeto externo que originariamente foi responsável pelo seu surgimento.

Entretanto, alguém que atingiu a verdade última encontrou uma solução real. Descobriu que sempre que uma impureza surge na mente, duas coisas começam a acontecer simultaneamente no nível físico. Uma é que a respiração perde o seu ritmo normal. Começamos a respirar mais forte, sempre que a negatividade surge na mente. Isso é fácil de se observar. Num nível mais sutil, uma reação bioquímica começa no corpo, resultando numa sensação. Toda impureza irá gerar alguma sensação no corpo.

Isso oferece uma solução prática. Uma pessoa comum não pode observar impurezas abstratas da mente — medo, raiva ou paixão abstratos. Mas, com a prática e treinamento adequados, é muito fácil observar a respiração e as sensações corporais, ambas diretamente relacionadas às impurezas mentais.

A respiração e as sensações vão ajudar de duas formas. Primeiramente serão como que secretários particulares. Assim que uma negatividade surgir na mente, a respiração perderá sua normalidade; começará a gritar: "olhe, alguma coisa deu errado!". Eu não posso repreender minha respiração; tenho que aceitar esse aviso. Da mesma forma, as sensações vão dizer que algo vai mal. Então, sendo avisados, podemos começar a observar a respiração e as sensações e, muito rapidamente, veremos que a negatividade cessa.

Esse fenômeno físico-mental é como duas faces de uma moeda. Em uma das faces, estão os pensamentos e as emoções surgindo na mente; na outra, estão a respiração e as sensações corporais. Quaisquer pensamentos ou emoções, quaisquer impurezas mentais que surjam, manifestam-se na respiração e nas sensações daquele momento. Logo, observando a respiração ou as sensações, estamos, de fato, observando as impurezas mentais. Em vez de fugirmos do problema, estamos encarando a realidade como ela é. Como resultado, veremos que essas impurezas perdem sua força; não mais nos dominam como no passado. Se persistirmos, elas finalmente desaparecerão completamente e começaremos a viver uma vida pacífica e feliz, uma vida cada vez mais livre das negatividades.

Dessa forma, essa técnica de auto-observação mostra-nos a realidade em seus dois aspectos: interior e exterior. Previamente olhávamos apenas para fora, perdendo a verdade interior. Procurávamos sempre fora de nós a causa de nossa infelicidade; sempre culpávamos e tentávamos modificar a realidade externa. Ignorantes da realidade interior, nunca entendemos que a causa do sofrimento está dentro de nós, em nossas reações cegas às sensações boas e ruins.

Agora, com o treinamento, podemos ver o outro lado da moeda. Podemos tomar consciência da respiração e também do que acontece dentro de nós. O quer que seja, respiração ou sensação, aprendemos a simplesmente observá-la sem perder o equilíbrio mental. Paramos de reagir e de multiplicar nosso sofrimento. Ao contrário, deixamos as impurezas se manifestarem e desaparecerem.

Quanto mais praticamos essa técnica, mais rapidamente as negatividades desaparecerão. Pouco a pouco, a mente tornar-se-á livre de impurezas, tornar-se-á pura. Uma mente pura é sempre cheia de amor — amor desinteressado por todos os outros; cheia de compaixão pelas falhas e sofrimentos dos outros; cheia de alegria pelo seu sucesso e felicidade; cheia de equanimidade diante de qualquer situação.

Quando alguém atinge esse estágio, todo o seu padrão de vida muda. Não é mais possível fazer ou falar qualquer coisa que perturbe a paz e a alegria dos outros. Em vez disso, uma mente equilibrada não apenas torna-se pacífica, mas a atmosfera que cerca uma tal pessoa também se tornará permeada de paz e harmonia, e isso influenciará e ajudará a outros também.

Aprendendo a permanecer equilibrado diante de todas as coisas que se experimentam dentro de si, desenvolve-se o desapego também a tudo o que se encontra nas situações exteriores. No entanto, esse desapego não é escapismo ou indiferença aos problemas do mundo. Aqueles que praticam Vipassana regularmente tornam-se mais sensíveis ao sofrimento dos outros e fazem seu máximo para aliviar tal sofrimento em tudo que podem — não com agitação, mas com a mente cheia de amor, compaixão e equanimidade. Aprendem a "santa indiferença" — como estar totalmente compromissados, totalmente envolvidos em ajudar os outros, enquanto, ao mesmo tempo, mantêm o equilíbrio mental. Dessa forma, permanecem pacíficos e felizes enquanto trabalham para a paz e a felicidade de outros.

Esse foi o ensinamento do Buda: uma arte de viver. Ele nunca estabeleceu ou ensinou nenhuma religião, nenhum "ismo". Nunca instruiu aqueles que o procuravam a praticar qualquer rito, ou ritual, ou alguma formalidade vazia. Ao contrário, ensinava-os a observar a natureza tal como ela é, observando a realidade interior. Na ignorância continuamos a reagir de maneiras que prejudicam a nós e aos outros. Porém, quando a sabedoria surge — a sabedoria de observar a realidade como ela é — esse hábito de reagir vai embora, desaparece. Quando paramos de reagir cegamente, então, somos capazes da ação verdadeira — ação proveniente de uma mente equilibrada e equânime, uma mente que vê e compreende a verdade. Tal ação poderá ser tão somente positiva, criativa e benéfica para nós e para os outros.

Logo, o que é necessário é “conhecer-se a si mesmo” — conselho dado por todo sábio. Precisamos conhecer a nós mesmos, não apenas intelectualmente, no nível teórico e das idéias; e não apenas emocional ou devocionalmente, simplesmente aceitando cegamente o que ouvimos ou lemos. Tal conhecimento não é suficiente. Mais do que isso, precisamos conhecer a realidade experimentalmente. Precisamos experimentar diretamente a realidade desse fenômeno físico-mental. Só isso nos ajudará a libertar-nos de nosso sofrimento.

Essa experiência direta de nossa realidade interior, essa técnica de auto-observação é chamada de meditação "Vipassana". Na língua da Índia, nos tempos do Buda, passana significava ver no sentido comum, com os olhos abertos; mas Vipassana é observar as coisas como realmente são, não como parecem ser. A realidade aparente tem de ser penetrada, até alcançarmos a verdade última de toda a estrutura física e mental. Quando experimentamos essa verdade, então, aprendemos a parar de reagir cegamente, de criar impurezas — e, naturalmente, as antigas impurezas serão gradualmente erradicadas. Tornamo-nos libertados de todo o sofrimento e experimentamos a verdadeira felicidade.

Existem três passos para o treinamento dado em um curso de meditação. Primeiramente, deve-se se abster de toda ação, física ou verbal, que perturbe a paz e a harmonia dos outros. Não se pode trabalhar para se liberar das impurezas da mente e ao mesmo tempo cometer atos físicos ou verbais que somente as multipliquem. Portanto, um código de moralidade é o primeiro passo essencial da prática. Compromete-se a não matar, não roubar, não ter má conduta sexual, não mentir e não usar intoxicantes. Abstendo-se de tais ações, permite-se que a mente se acalme o suficiente para avançar no trabalho.

O próximo passo é desenvolver alguma maestria sobre essa mente selvagem por intermédio do treinamento em mantê-la fixa em um único objeto, a respiração. Tenta-se manter a atenção na respiração o maior tempo possível. Esse não é um exercício respiratório; não se controla a respiração. Em vez disso, observa-se o fluxo respiratório como ele é; como entra e sai. Dessa maneira, acalma-se a mente mais e mais, e ela não será dominada por negatividades intensas. Ao mesmo tempo concentra-se a mente, tornando-a aguçada e penetrante, capaz de realizar o trabalho de visão clara ("insight").

Esses dois primeiros passos, viver uma vida moral e controlar a mente, são muito benéficos e necessários por si só, mas levarão à repressão das negatividades, a não ser que se tome o terceiro passo: purificar a mente das impurezas, desenvolvendo a visão clara de sua própria natureza. Isso é Vipassana: experimentar a própria realidade pela observação sistemática e imparcial, dentro de si mesmo, de todo o fenômeno físico-mental sempre em mutação e que se manifesta como sensações. Essa é a essência dos ensinamentos do Buda: autopurificação através da auto-observação.

Isso pode ser praticado por um e por todos. Todas as pessoas enfrentam o problema do sofrimento. Essa é uma doença universal que requer um remédio universal, não-sectário. Quando alguém sofre com raiva, não é raiva budista, hindu ou cristã. Raiva é raiva. Quando alguém fica agitado em decorrência dessa raiva, essa agitação não é cristã ou judia ou muçulmana. A doença é universal. O remédio também tem de ser universal.

Vipassana é o remédio. Ninguém se oporá a um código de vida que respeita a paz e a harmonia dos outros. Ninguém pode se opor a desenvolver o controle da mente. Ninguém se oporá ao desenvolvimento da visão clara de sua própria natureza, por intermédio da qual é possível libertar a mente das negatividades. Vipassana é um caminho universal.

Observar a realidade como ela é por intermédio da observação interior — isso é conhecer-se a si mesmo direta e experimentalmente. Conforme pratica, a pessoa continua a se libertar do sofrimento das impurezas mentais. A partir da verdade aparente, grosseira, externa, pode-se penetrar a verdade última da mente e da matéria. Então, se transcende isso e experimenta-se uma verdade que está além da mente e da matéria, além do campo condicionado da relatividade: a verdade da libertação total de todas as impurezas, de todo o sofrimento. Não importa o nome que se dê à verdade última, isso é irrelevante; esse é o objetivo final de todos.

Que todos experimentem essa verdade fundamental! Que todos se libertem do sofrimento. Que todos desfrutem a verdadeira paz, a verdadeira harmonia, a verdadeira felicidade.

QUE TODOS OS SERES SEJAM FELIZES

O artigo acima é baseado em uma palestra proferida pelo Sr. S.N Goenka em Berna, Suíça.


dhamma.org


terça-feira, 3 de abril de 2012

Qual a Religião Verdadeira?




QUAL A RELIGIÃO VERDADEIRA?

              Tantos foram os caminhos religiosos inventados e escolhidos pelos homens que, no final das contas, passaram a pairar no ar estas perguntas para muitos embaraçosas:

           “Afinal de contas, qual é a religião verdadeira?  Devo  seguir Krishna, Buda, Maomé ou Jesus?  Qual destas crenças é mais agradável a Deus?”

           A resposta para todas elas é tão simples que o olhar aguçado da Esfinge nem se importa com elas. Ela não se importa com detalhes insignificantes. O que vimos é que, ao longo dos milênios, sucessivos credos predominaram junto a outros menos em voga, mas, de uma certa forma, aprenderam a conviver juntos, seja pelos costumes, seja pela força das leis.  Os credos outrora predominantes também tiveram de ceder lugar a outros que lhes passaram a frente e foram mais do gosto popular.  Foi assim que uma fila interminável de “ismos” deu muitas vezes a volta ao mundo, embora nem por isso estejamos, em nosso tempo, diante de uma humanidade mais consciente de sua condição religiosa.

           A religião, proveniente do verbo latino religare, é sinônimo de religação com Deus. Cada credo, portanto, é um tipo de ioga e cada uma dessas iogas tem suas peculiaridades próprias.  Cada um se liga a Deus como bem entende e disso não se pode fugir. Usando de seu livre arbítrio, o homem adota alguma religião (ou nenhuma) de acordo com aquilo que ele chama de “consciência”.  Para estar em paz consigo mesmo o homem se aproxima de Deus ou se afasta por completo da Divindade.  Ele adotará a decisão mais cômoda, a que lhe trouxer maiores vantagens ou fize-lo caminhar melhor.

           Voltemos à pergunta inicial:

           “Qual a religião verdadeira, se há tantas?”

           Respondendo a essa indagação de uma forma mais ampla podemos afirmar que todas as religiões, mesmo as mais primitivas, são verdadeiras desde que professadas com o coração.  Em outras palavras, se a sua religação com a Divindade for sincera isto é tudo que se faz necessário para que ela renda frutos eternos e mensuráveis na coluna do mérito pessoal.

           Há, contudo, uma tendência muito humana de considerar o seu credo como o predileto de Deus ou o mais certo, como se o Pai Eterno tivesse algum interesse nesta ou naquela forma de reverenciá-lo. Foi este pequeno, mas importante, detalhe que deu origem às “guerras santas” de todas as épocas e que dividiu os religiosos em múltiplas “trincheiras” místicas. 

           A interpretação humana das revelações divinas gerou as mais acirradas polêmicas e todos passaram a achar que a sua interpretação era a mais certa.  A História demonstra, no entanto, que existe um profundo abismo entre aquilo que o primeiro profeta pregou e aquilo que seus discípulos passaram a dizer depois do seu desaparecimento.  A tal ponto a passagem da informação sofreu distorções que o resultado final, ao longo do tempo, foi a adoção de verdadeiros monstrengos doutrinários, alguns deles refletindo a fina flor do fanatismo religioso. 

           A dura verdade é que, com raras exceções, cada um defende o seu metro conquistado de terreno religioso e todos procuram puxar a brasa para a sua sardinha.  Uns acham-se melhores do que os outros, ainda que não o digam ou não o revelem em voz alta.  Cada um enaltece a sua fonte religiosa, achando que ela é a única verdadeira e confiável.  Cada um tem o seu mestre, o seu guru ou a sua sociedade religiosa.  Ao ouvirem falar em outros credos ou em outros gurus essas pessoas, apenas e quando muito, os toleram, sem perceber que o verbo tolerar é infinitamente ofensivo, porque infere aceitar com reservas.

           Temos observado este fenômeno em todas as camadas sociais, independente de raça, faixa etária ou condição financeira.  O kardecista abraça-se aos seus amigos espirituais e coloca um aviso na porta dizendo quem pode ou não pode entrar para fazer parte do seu grupo de preces, estudos ou incorporações.  O umbandista e o candombleseiro agarram-se freneticamente aos seus orixás e acham que nada diferente deles pode ser aceito como verdadeiro, autêntico e forte.  O muçulmano agarra-se ao balandrau bordado do seu Alá e considera “infiéis” todos que não lerem pela cartilha do Alcorão.  O católico, agarrado ao cálice da Eucaristia e ao êxtase de receber sobre a língua o corpo de Cristo acha que tudo que fique fora disso é superstição, crendice ou desinformação mística.  O Xamã só aceita as suas poções estupefacientes para falar com Deus e o esotérico fanatizado só vê no contato com o Mundo Interior ou o Plano Astral a forma legítima de evoluir na direção da Luz.

           Todas as religiões, no entanto, são apenas formas de caminhar.  Muitos ainda não se deram conta disto. Caminham de um modo todo seu, mas acham que todos deviam caminhar com eles.  Querem, sem confessá-lo, o monopólio de Deus e até sentem pena dos que ainda estão “extraviados” em busca de uma Verdade que eles julgam haver conquistado até então pelo caminho escolhido.

           Se o leitor quiser ouvir uma verdade dura de escutar e de aceitar fique atento a isto:

           Todas as religiões são verdadeiras e, ao mesmo tempo, não são, porque nenhuma delas tem a oferecer senão um fragmento, às vezes grande, às vezes diminuto, da VERDADE. 

           Cada religião é uma espécie de janela por onde o membro olha o mundo e seus habitantes.  Uma só janela, no entanto, seria insuficiente para nos oferecer uma visão completa, quase completa ou mais ampla do mundo.  Convido os leitores a fazerem isso com as janelas de suas próprias casas para terem uma idéia melhor do que desejamos lhes passar com esta comparação.  A realidade do mundo em que vivemos e de todos os mundos ainda desconhecidos é tão ampla que não pode ficar contido no quadrilátero de uma só e limitada janela.  Há realidades embaixo, em cima, para os lados e para além das montanhas.  Se qualquer leitor se contentar apenas com isso, tanto melhor para ele!  Mas, se for do tipo que quer sempre saber mais, nesse caso é melhor sair da janela e ir para o terraço do edifício ou se tornar companheiro da caixa d´água, onde a visão é mais ampla.  E de janela em janela de terraço em terraço o(a) leitor compreenderá que as paisagens são infinitas e que, a exemplo delas, a VERDADE também o é e se apresenta de múltiplas formas, porém nunca completas.

           Reconhecendo a pequenez do nosso intelecto para apreender essa  ciclópica VERDADE de um só gole, foram estas as palavras de ISAAC NEWTON:

           “A mim mesmo pareço, apenas, um menino que brinca  na beira da praia,
ora achando um pedra, ora uma concha mais formosa, sem perceber, enquanto isso, que o GRANDE OCEANO DA VERDADE se estende, desconhecido, diante de mim”.

           E é imenso esse oceano!  Muito mais vasto do que sonhamos mesmo em nossos momentos de mais fértil imaginação!  Cada credo, mercê do merecimento de quem o organizou e reuniu adeptos traz nas mãos trêmulas um fragmento da Verdade, mas essa pequena porção não pode ser tomada como o Todo. A captação desse Todo seria muito forte para nossos ainda pobres e insuficientes neurônios. Para abraçar e digerir uma porção maior dessa Verdade tão fragmentada teríamos de viver muitas vidas, de cada uma delas guardando todos os alicerces e todos os patamares anteriores. 

           Há, no homem, a tendência de complicar as coisas.  Ele costuma tornar complexo o que é simples.  Mete-se a ler e a consultar “sábios” de fancaria, transformando-se num poço de informações desconexas a respeito do que é ou do que pode vir a ser DEUS.  Ouvir certas pessoas dissertarem sobre Deus é quase como ouvir uma anedota hilariante sem poder rir dela, porque seria falta de respeito.  É absolutamente incrível o que essas pessoas dizem, o que essas pessoas concluem e – o que é pior!- o que essas pessoas criam nas cabeças desavisadas.

           A religião verdadeira é PURO AMOR.  Não importa que nome tenha, quem seja o seu guru ou onde fique o seu templo.  O altar do coração é o único altar digno de uma reverência mais profunda, pois DEUS É AMOR e diante desse AMOR todo o religioso verdadeiro se curva.  Quando pedimos a bênção a um sacerdote, a um pai-de-santo ou a um homem de grande luz não nos estamos humilhando diante de um homem qualquer, mas de alguém que se tornou um prolongamento do AMOR e que, portanto, tornou-se uma ponte de ligação entre nós e um Deus que ainda desconhecemos tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. 

           Há, infelizmente, um pouco de vaidade nos religiosos comuns.  Eles adoram o seu credo e só aceitam os demais credos como degraus inferiores para chegarem aonde já se encontram.  Esse sentimento de superioridade é que põe tudo a perder diante de Deus, pois, se Deus aceita todos os nossos modos de caminhar e abençoa todos os nossos passos, que direito temos nós, reles seres humanos, de condenar a trilha de nossos outros irmãos?  Que certeza temos de estarmos realmente no verdadeiro caminho?  Nosso irmão mais humilde, seguindo uma religião mais primitiva, não estará melhor situado no conceito de Deus do que nós com toda a nossa pompa e convencimento?  O que será que Deus está lendo em cada um de nós?  O nome de nossas igrejas? O rótulo místico que ostentamos?  O esoterismo de nossos rituais?  As flores que ornamentam nossos altares?  Ou será que Ele está vendo tão somente o que está escrito em nossos corações?  Estará o olhar de Deus voltado para o templo que freqüentamos ou para aquilo que aprendemos em palestras, aulas e leituras? O olhar de Deus só vê intenções e propósitos secretos.  Ele não perde tempo com aparências, com vestimentas exóticas ou balandraus crísticos.  Não quer saber se somos bons médiuns nem vive a contar nossos delitos diários.  Ele nos examina como um todo, mas termina seu exame pela contemplação do que levamos no coração. HERMÓGENES disse isto muito bem num de seus mais inspirados pensamentos:

           “Examina as tuas bondades: pode ser que não sejam tão boas. Examina as tuas maldades: pode ser que não sejam tão más.”

           DEUS dispõe de toda uma Hierarquia para marcar a Sua presença na Terra. Essa hierarquia é como um desdobramento Seu numa miríade de trabalhadores anônimos que O representam em todos os credos.  Todos, em conjunto, trabalham em prol da Grande Obra.  Para construir o Grande Edifício da Verdade haverá sempre muitos andaimes onde laboram os operários da Luz. Como se trata de uma construção importante, todos os andaimes (religiões) têm um papel importante a desempenhar.  No entanto, quando a construção estiver pronta, todos os andaimes desaparecerão ofuscados pelo brilho da Verdade construída.  A partir desse momento eles não precisarão mais existir e todos os operários, visíveis e invisíveis, estarão orando em torno do monumento único que eles mesmos erigiram com o sacrifício de seus corpos e de suas almas.

           Pense bem na imagem que acabamos de lhe dar, caro(a) leitor(a).  Contribua com o seu tijolo de amor para a construção dessa Grande Obra.  Seja um obreiro humilde e anônimo.  Não deixe que os elogios, mesmo sinceros, conspurquem o seu ego.  Diga sempre que nada fez e que tudo que pareceu ter sido feito por você foi, apenas, a vontade do Pai materializada através de suas pequeninas mãos. 

           E com isto fechamos tudo que queríamos dizer até agora.  Nenhuma religião é verdadeira e nenhuma religião é falsa.  Todas se engrandecem quando professadas com AMOR. E todas desmoronam quando calcadas no cálculo e na ganância. Os homens fazem as religiões, mas as religiões não fazem os homens.  Nenhuma religião salva ou condena o homem. Ele é que, com seus atos e pensamentos, se salva ou se condena.  Sofre os efeitos praticados. Recebe de volta o que semeou.  Quem já descobriu isto usa com muita parcimônia a palavra “pecado” e bane da alma a imagem de um Deus rancoroso, sensível e temperamental como aquele que nos foi pintado pelos exageros do Antigo Testamento.  Com a mesma facilidade esse Deus deixará de ser antropomórfico como os deuses gregos, romanos e escandinavos e muito mais reconhecido como ENERGIA do que como cópia xerox do ser humano.  A imagem e semelhança de que nos fala o Livro da Gênese não se refere ao soma nem ao pensamento humano, mas à energia que nos move ao longo das repetidas vidas de que precisamos para nos identificarmos novamente com a Divindade. 

           No entanto, jamais deveremos criticar os que só podem aceitar um Deus antropomórfico.  Esse talvez seja o único Deus em que essa pessoa acredita. Não nos cabe torpedear a lenda e, com isso, desmoronar uma estrutura mística ainda que equivocada.  O que será dessa pessoa desencantada, caso lhe retiremos aquilo em que ela crê?  Ela será melhor depois da nossa revelação? No vazio da sua alma, na qual mergulhamos como tratores e pás carregadeiras, que coisa poderemos colocar para substituir sua antiga fé?  Nossa intervenção irá fazer dela uma criatura melhor ou pior? Se não tivermos nada para construir em cima das ruínas por nós mesmos provocadas por que provocar essa implosão?  Que contribuição teremos dado a esse pobre ser, se quem se tirou, em nome de uma Verdade duvidosa, o direito de crer a seu modo?

           A religião dos mais simples é tão verdadeira quanto a sua, que é mais complexa.  E a religião, seja ela qual for, será tanto mais verdadeira quanto mais ela contiver o tempero do coração.  Deixe, portanto, os simples seguirem suas crenças simples e siga você a sua crença mais complexa.  Ambos estarão sendo ouvidos pela mesma Realidade e ambos estarão trabalhando em seus respectivos andaimes para a construção do Grande Edifício da Verdade.

           Qual é, portanto, a única religião verdadeira, se há tantas?  A única religião verdadeira se chama AMOR e fora dele não há salvação.  Meditem bem sobre isto. Quando Cristo disse “EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA”  ele, na verdade, estava dizendo “EU SOU O AMOR”, porque é o AMOR que plasma os caminhos, é o AMOR que nos traz a Verdade e por AMOR ganhamos esta e todas as vidas.

                                                                                            Sheik Al-Kaparra

domingo, 1 de abril de 2012

Flor de Lótus


A flor de lótus (Nelumbo nucifera), também conhecida como lótus egípcio, lótus sagrado e lótus da índia, é uma planta da família das ninfeáceas (mesma família da vitória-régia) nativa do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia, principalmente).

Olhada com respeito e veneração pelos povos orientais, ela é frequentemente associada a Buda, por representar a pureza emergindo imaculada de águas lodosas.
No Japão, por exemplo, esta flor é tão admirada que, quando chega à primavera, o povo costuma ir aos lagos para ver o botão se transformando em flor.
As Flores de Lótus simbolizam expansão e elevação espiritual. As raízes do lótus ficam na lama e o caule cresce e destaca-se da sujeira e a flor desabrocha acima da água, em busca da luz.
É considerada sagrada na Ásia por se voltar para o leste ao nascer e prestar honras ao nascer do sol. No Antigo Egito, tinha significado de “renascimento” por ser símbolo da morte e ressurreição de Osíris. Uma citação que diz “Transforma a ti mesmo num lótus e terás a promessa de ressurreição” está no Livro dos Mortos.
O significado de “criação e sol” se deve ao fato da flor submergir no rio durante a noite e emergir e florescer novamente durante o dia. A Flor de Lótus é uma importante figura no Hinduísmo e no Budismo.
No Hinduísmo, está relacionada à criação do universo devido ao fato de Brahma, criador do mundo, ter nascido de uma lótus.
No Budismo, representa um dos oito símbolos mais promissores do ensino budista. Vários budistas e monges, na meditação, imaginam flores de lótus surgindo embaixo dos seus pés enquanto andam. Desse jeito, estariam espalhando a compaixão e o amor de Buda. É associada ao Buda porque este está sentado sobre uma flor durante sua floração ou está com ela nas mãos. Um famoso mantra budista (“Om Mani Padme Hung”), que significa “Brilhante a joia no lótus”, representa a flor que se destaca formosa e bonita em um ambiente pouco propício. Em ambas as religiões, a Flor de Lótus representa o despertar espiritual da vida e da iluminação. Na Índia, é sinônimo de riqueza, fertilidade, pureza e conhecimento.
Já na China, simboliza divindade, perfeição e beleza.
Lótus é o símbolo da expansão espiritual, do sagrado, do puro.
Popularmente é símbolo de que a pessoa conseguiu superar dificuldades e seguiu com sua vida.
As diferentes cores da Flor de Lótus possuem significados distintos:
  • Lótus Branca: simboliza o estado de perfeição do espírito e da mente, total pureza e natureza perfeita.
  • Lótus Rosa: símbolo da pureza do coração e da natureza original. É a flor do amor, da compaixão, da paixão e de todas as qualidades ligadas ao coração. É o supremo dos lótus e está normalmente associada às divindades. É ligada ao Grande Buda.
Curiosidade: a flor é um enigma para a ciência, que ainda não conseguiu explicar como as flores do lótus são auto-limpantes e repelem micro-organismos e poeira.
A lenda budista nos relata que quando Siddhartha, que mais tarde se tornaria o Buda, tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Assim, cada passo do Boddhisattva é um ato de expansão espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pelas flores de lótus completamente abertas, cujos centros e pétalas suportam imagens, atributos ou mantras de vários Budas e Boddhisattvas, de acordo com sua posição relativa e relação mútua.

Do mesmo modo, os centros da consciência no corpo humano (chakras) estão representados como flores de lótus, cujas cores correspondem ao seu caráter individual, enquanto o número de suas pétalas corresponde às suas funções.

O significado original deste simbolismo pode ser visto pela semelhança seguinte: Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada (bidhicitta), a incomparável joia (mani) na flor de lótus (padme). Assim, o arahant (santo) cresce além deste mundo e o ultrapassa. Apesar de suas raízes estarem na profundidade sombria deste mundo, sua cabeça está erguida na totalidade da luz. Ele é a síntese viva do mais profundo e do mais elevado, da escuridão e da luz, do material e do imaterial, das limitações da individualidade e da universalidade ilimitada, do formado e do sem forma, do Samsara e do Nirvana.

Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância, nem mesmo num estado de completa inconsciência um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão do Samsara.

A semente da Iluminação está sempre presente no mundo, e do mesmo modo como os Budas surgiram nos ciclos passados do mundo, também os Iluminados surgem no presente ciclo e poderão surgir em futuros ciclos, enquanto houver condições adequadas para vida orgânica e consciente.



A Lenda da Flor de Lótus

Certo dia, à margem de um tranquilo lago solitário, a cuja margem se erguiam frondosas árvores com perfumosas flores de mil cores, e coalhadas de ninhos onde aves canoras chilreavam, encontraram-se quatro elementos irmãos: o fogo, o ar, a água e a terra. - Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva - disse o fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza. É verdade - disse o ar. - É um destino bem curioso o nosso. À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade. - Não te queixes - disse a água -, pois estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação. Por outro lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão fogo entra e sai por toda parte servindo a vida e a morte. Eu faço o mesmo. - Em todo o caso, sou eu quem deveria me queixar - disse a terra - pois estou sempre imóvel, e mesmo sem minha vontade, dou voltas e mais voltas, sem descansar no mesmo espaço. - Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos - tornou a dizer o fogo - com discussões supérfluas. É melhor festejarmos estes momentos em que nos encontrarmos fora da forma. Regozijemo-nos à sombra destas árvores e à margem deste lago formado pela nossa união. Todos o aplaudiram e se entregaram ao mais feliz companheirismo. Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído. Cada um se orgulhou de se haver prestado para que a Vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. E mais se regozijaram, pensando na multidão de vezes que se uniram fragmentariamente para o seu trabalho. Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o homem. Ah! Como ele era ingrato. Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os. Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico. Porém a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os quatro irmãos. Aproximando-se o momento de se separarem, pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Houve muitos projetos que foram abandonados por serem incompletos e insuficientes. Por fim, refletindo-se no lago, os quatro disseram: - E se construíssemos uma planta cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela? - A ideia pareceu digna de experiência. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. - Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. - Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. - Eu porei todo o rneu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Dito e feito. Os quatro irmãos começaram a sua obra. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Consultaram-se os astros, e foi fixada a data de 8 de maio - quando a Terra está sob a influência da Constelação de Taurus, símbolo do Poder Criador - para a comemoração que desde épocas remotas se tem perpetuado através das idades. Foi espalhada esta comemoração por todos os países do Ocidente, e, em 1948, o dia 8 de Maio se tomou também o "Dia da Paz".

Om Mani Padme Hung