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terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Sol como Fonte de Alimento




O SOL COMO FONTE DE ALIMENTO

Nós temos um corpo físico cujas partículas se renovam de sete em sete anos. Então, evidentemente, pode-se perguntar: uma vez que se faz esta renovação, porque temos nós sempre os mesmos maus hábitos, as mesmas fraquezas, as mesmas doenças? Porque as novas partículas recebem as influências dos registos já gravados na matéria viva do nosso ser e são obrigadas a obedecer às velhas directivas. É por isso que as novas partículas não conseguem mudar o nosso temperamento, expulsar as nossas fraquezas. 


Este fenómeno pode ser comparado à maneira como funciona um escritório ou uma fábrica. De tempos a tempos, devido às doenças, à velhice ou à morte, é necessário substituir alguns membros do pessoal e contratam-se novos empregados, mais jovens, mais vigorosos. Porém, para realizar o trabalho, estes são obrigados a adequar -se àquilo que faziam os empregados que os precederam. Portanto, mesmo que as pessoas sejam novas, as suas ocupações são as mesmas. É isso que se passa também com as novas partículas que nós recebemos através das nossas diferentes actividades: a alimentação, a respiração, a reflexão, a sensação, etc. Por isso, se quisermos que estas novas partículas sejam verdadeiramente novas e produzam novos efeitos, devemos dar-lhes uma outra orientação, imprimir-lhes outro cunho, e eu já vos apresentei um certo número de exercícios para o conseguir. 

Na realidade, o método mais eficaz para renovar a matéria do vosso organismo é o de saber trabalhar com o Sol, e eu explicar-vos-ei como fazê-lo. Todas as manhãs vos colocais perante o Sol, que envia, por todo o espaço, partículas luminosas de uma grande pureza. O que vos impede, então, de vos concentrardes para repelirdes do vosso ser físico e psíquico as velhas partículas gastas, amortecidas, doentias, a fim de as substituirdes pelas partículas novas que vêm do Sol? Eis um exercício dos mais úteis que podeis fazer ao nascer do Sol: através do vosso pensamento, da vossa imaginação, tentai captar essas partículas divinas e colocá-las em vós... Assim, pouco a pouco, ireis regenerando completamente a matéria do vosso ser; graças ao Sol, pensareis e agireis como um filho de Deus. 

A doença não passa de uma acumulação, no organismo, de matérias estranhas a ele, e para vos curardes deveis eliminá-las. É esse o verdadeiro conceito de saúde: a limpeza! É tão importante saber recolher de manhã as partículas que o Sol nos traz porque elas são as únicas que não produzirão em nós qualquer entupimento, qualquer impureza. 

Tudo o que vós comeis, bebeis e respirais deixa resíduos, é inevitável. Só os raios do Sol são feitos de uma matéria que não deixa resíduos. É por isso que precisamos de aprender a alimentar-nos deste elemento superior que é a luz. 

Se eu perguntar quanto tempo um ser humano pode ficar sem comer, responder-me-eis: «Quarenta, cinquenta, sessenta dias...» E quanto tempo sem beber? – «Dez dias, quinze dias...» – E quanto tempo sem respirar? – «Somente alguns minutos». Portanto, é evidente que, para o homem, o alimento sólido (que corresponde à terra) é menos importante do que o alimento líquido (que corresponde à água), e o alimento líquido é menos importante do que o alimento gasoso. E se eu agora perguntar quanto tempo um ser humano pode ficar sem fogo, responder-me-eis: «Ora... pode ficar anos. Há quem tenha passado anos sem aquecimento, e até quem nunca o teve! » Na verdade, não se trata desse fogo, mas do fogo que está no homem, e este, no momento exacto em que o perde, o homem morre. Sim, no momento exacto em que o coração perde o seu calor, o homem perde a vida. O fogo por isso este deve aprender a alimentar-se dele e a preservá-lo em si. 

Eis algo de novo. Os humanos estão habituados a alimentar-se somente de elementos sólidos, líquidos e gasosos, mas o que fazem eles do quarto elemento, o fogo, a luz? Pouca coisa... nada, mesmo! Eles não sabem alimentar -se da luz que, contudo, lhes é ainda mais necessária do que o ar. Por isso, todas as pessoas que nos criticam e nos ridicularizam porque vamos de manhã ao nascer do Sol mostram que são ignorantes e – ouso dizê-lo – tontas! Nós assistimos ao nascer do Sol para nos alimentarmos de luz, e, em vez de troçarem de nós, mais valia, para elas, fazerem o mesmo. O homem tem necessidade de se nutrir de luz para alimentar o seu cérebro. O cérebro também quer comer! ... E a luz é o seu alimento: é ela que desperta as faculdades que permitem ao homem penetrar no mundo espiritual. Enquanto o homem se contentar em alimentar o seu cérebro com partículas sólidas, líquidas e gasosas, que não são aquelas de que ele mais necessita, ficará muito limitado na sua compreensão. 

Compreenderá, talvez, as coisas da terra, mas escapar-lhe-ão os mistérios do Universo. 

Vós direis: «Está bem, mas ao comer e ao beber também se alimenta o cérebro. » É verdade, mas só a sua parte menos subtil. Porque o cérebro, que é um órgão hierarquizado, tem diversas áreas: umas constituem centros que nos permitem desvencilharmo-nos nas realidades do mundo material e intelectual, mas outras são centros capazes de entrar em relação com as realidades do mundo divino. Se aprenderdes a alimentar o vosso cérebro com este elemento subtil que é a luz, os resultados serão diferentes. A tradição refere que, um dia, Zoroastro perguntou ao Deus Ahura Mazda como se alimentava o primeiro homem, e Ahura Mazda respondeu-lhe: «Ele comia fogo e bebia luz. » 

Dir-me-eis: «Pois é, mas, para substituir todas as nossas partículas velhas, talvez sejam precisos séculos». Não, podeis acelerar esta transformação pela intensidade do vosso amor. Quanto mais amais a luz, mais a atraís para vós. 

A maior parte dos humanos têm em relação ao Sol a mesma atitude inconsciente que têm em relação à alimentação. Não se preocupam com a maneira como comem. Passam as refeições a falar, a gesticular, a discutir, e estão convencidos de que, apesar disso, o organismo se encarregará de receber e seleccionar todos os elementos necessários ao seu bom funcionamento. E é verdade que o organismo se encarrega disso. Mas o que eles não sabem é que o alimento contém forças e elementos subtis, vindos do espaço, que só uma alimentação consciente pode permitir-nos receber. Estes elementos, que pertencem ao plano etérico, ao plano astral e até ao plano mental, podem ajudar-nos a melhorar os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, todo o nosso comportamento. Sim, mas, uma vez mais, na condição de se saber comer conscientemente, inteligentemente. 

E é exactamente o que acontece quando se assiste ao nascer do Sol. Se estiverdes lá, sentados defronte do Sol, ocupados a pensar noutra coisa, recebereis sempre alguns benefícios físicos do seu calor e da sua luz, mas não recebereis os elementos mais subtis que podem ajudar-vos na vossa evolução espiritual. Se estiverdes conscientes de que, através dos seus raios, o Sol vos transmite a sua vida, o seu amor, a sua sabedoria, a sua beleza, preparar-vos-eis para recebê-los, abrireis em vós próprios milhares de portas pelas quais estes raios podem entrar para depositar os seus tesouros, e deste modo enchereis todo o vosso ser com os benefícios do Sol. 

É por isto que é tão importante ter consciência daquilo que o Sol representa. Só assim podereis receber os elementos que vos ajudarão a aprofundar as leis e os mistérios da Natureza, a saborear a paz e a felicidade. 



Omraam Mikhaël Aïvanhov

sábado, 24 de janeiro de 2015

Autoconhecimento




Autoconhecimento


As palavras não são as coisas, a palavra caneta não é uma caneta. As descrições dos fatos, não são os fatos. As explicações dos fenômenos, não são os fenômenos. As teorias sobre a realidade, não é a realidade. Precisamos “ir além” das palavras, das descrições, das explicações, das teorias, para nos aproximarmos do real. Chamamos este “ir além” de compreensão. E compreender é ir além das palavras, para que possamos ultrapassar a mensagem (discurso ou ensinamento) e atingirmos a sua essência, a sua realidade. E é imprescindível compreendermos para que possamos viver plenamente, intensamente, apaixonadamente feliz!

Mas raras são as pessoas que vivem assim. A grande maioria sofre! Sempre que nos afastamos da realidade, sofremos! Quanto maior o afastamento da realidade, maior o sofrimento. E sofrimento é medo, insegurança, incerteza, tensão nervosa e emocional, ansiedade, angustia, depressão, tédio, melancolia, aflição, desespero, vontade de matar ou morrer, e uma série de indicadores (sintomas) psicológicos e existenciais. Para superarmos o sofrimento faz-se necessário retornar a realidade, esse espaço de nossa existência, pouco frequentado, mas onde todas as coisas verdadeiramente acontecem.

O que é realidade?

A realidade é. É o que é. É o que está sendo, acontecendo, no presente, no eterno presente, no aqui-e-agora. É fato concreto, visível, consumado! Tudo que passou, passou, já foi real, agora não é mais! Tudo que há de vir, virá. Poderá ser real, mas ainda não é! A nossa existência é como um rio, onde o passado deságua no presente, que fluirá para o futuro. Ou seja, no presente temos todos os elementos do passado e do futuro (consciente ou inconscientemente).

Precisamos estar atentos, alertas e vigilantes, para não sermos absorvidos pelas memórias do passado (ressentimento, culpa, etc.); por nossos condicionamentos sociais, culturais e religiosos; por nossas ideologias; por nossas meras opiniões, palpites e outros palavrórios; por nossos preconceitos e superstições; por nossos sonhos, fantasias e ilusões. Apesar disso, a maioria das pessoas vive num estado profundo de desatenção. Vivem tão desatentos, de maneira tão mecânica, tão automática, tão condicionada (sem liberdade, autonomia e independência), que não percebem que estão desatentas. Perceber a nossa própria desatenção é o primeiro passo em direção ao real. É com essa atenção que podemos absorver, investigar e compreender a realidade.

Como conseguir este estado de atenção?


De início surge uma aparente contradição: para estarmos atentos precisamos de energia interior, e para termos esta energia, precisamos de atenção. Então, por onde se começa? Começamos por um desejo forte, muito forte, intenso, apaixonado, de se auto observar, se auto investigar, e se autocompreender, vale dizer, se autoconhecer! O autoconhecimento é o início de uma vida plena e sadia, o ponto de equilíbrio nesse mundo confuso, violento, corrupto e extremamente desequilibrado.  Sem autoconhecimento as pessoas não vivem de maneira eficaz. Vivem muito confusas, criando conflitos pessoais e sociais. Vivem desequilibradas, distantes da realidade, pensando sem clareza, sentindo calor, e agindo de maneira irracional e absurda. Mas isso tem “cura”. E a “cura” vem através do autoconhecimento. Não é o psicólogo, o terapeuta, o psiquiatra, o psicanalista os que “curam”. O que “cura” é a realidade. O terapeuta mostra quando e como a pessoa se aproxima ou se afasta da realidade. “Terapia” é uma palavra de origem grega que significa “cuidado” no sentido de atenção, dedicação e compreensão. Qualquer pessoa, que através dos seus “cuidados” nos aproxima da realidade, será um terapeuta, a relação entre essas pessoas será uma terapia, e o autoconhecimento estará presente entre elas.