Por favor, preencha a atmosfera com a vibração sublime dos Santos Nomes:
Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Anjo da Guarda

Anjo da Guarda

Por Alexandre Cumino

Texto do Jornal de Umbanda Sagrada de Julho de 2006

O Anjo da Guarda é um Anjo pessoal que têm por função nos velar, proteger, inspirar e acompanhar.

Archibald Joseph Macintyre em seu livro “Os Anjos, Uma Realidade Admirável” apresenta de forma resumida as condições da questão CXIII da Suma Teológica, que é de São Tomás de Aquino, o maior teólogo da Igreja Católica e considerado “Doutor Angélico”, desencarnado em 1274, como podemos ver abaixo:

1.– Os homens são custodiados pelos Anjos. Isto porque, como o conhecimento e as aflições dos homens podem variar muito, vindo a desencaminhá-los do bem, foi necessário que Deus destinasse anjos para a guarda dos homens, de modo que, por eles, fossem homens orientados, aconselhados e movidos para o bem.

Pelo afeto ao pecado, os homens se afastam do instinto do bem natural e do cumprimento dos preceitos da lei positiva e podem também desobedecer às inspirações que os Anjos bons lhes dão invisivelmente, iluminando-os para que pratiquem o bem. Por isso, se um homem vem a perder-se, isso se deve atribuir à malícia do homem e não à negligência ou incapacidade do Anjo da Guarda.

2.- A cada homem custodiado, corresponde um Anjo Custódio distinto. Cada Anjo tem sob sua responsabilidade uma alma que lhe compete procurar salvar.

3.- O Anjo da Guarda livra constantemente seu protegido de inumeráveis males e perigos tanto da alma quanto do corpo, dos quais o homem não se dá conta. Vimos como Jacob se dirigiu a José (Gen 48,10):

- “Que o Anjo que me livrou de todos os males abençoe a essas crianças.”

4.- O Anjo da Guarda impede que o demônio nos faça o mal que desejaria fazer-nos. Lembremo-nos da história de Tobias mencionada neste e no capítulo 3.

5.- O Anjo da Guarda suscita continuamente em nossas almas pensamentos santos e conselhos saudáveis (conforme se lê em Gen 16,18;At. At. 5,8,10).

6.- O Anjo da Guarda leva a Deus nossas orações e pedidos, não porque Deus onisciente, necessite disso para conhece-los, mas para que ouça benignamente. Implora por iniciativa própria os auxílios divinos de que iremos necessitar, sem que disso nos demos conta e sem que, muitas vezes venhamos a saber que recebemos esses auxílios (ver Tobias c.3 e 12;Atos c.10).

7.- O Anjo da Guarda ilumina nosso entendimento, proporcionando-nos as verdades ,de um modo mais fácil e compreensível, mediante o influxo que pode exercer em nossos sentidos interiores.

8.- O Anjo da Guarda nos assistirá particularmente na hora da morte quando mais dele iremos necessitar.

9.- Os Anjos da Guarda, segundo opinião piedosa de grandes teólogos, acompanham as almas de seus protegidos ao purgatório e ao céu depois da morte, como acompanhavam as almas dos antigos patriarcas ao “Seio de Abraão”, expressão que simboliza a união com o pai.

De fato, a igreja apoiando e confirmando essa crença, na cerimônia da encomendação da alma a Deus, ao descer o corpo à sepultura, como última oração,reza:

- “Ide a seu encontro Anjos do Senhor; recebei sua alma e conduzi-a presença do Altíssimo...; que os Anjos te conduzam ao seio de Abraão.”

10.- O Anjo da Guarda, ainda, segundo a opinião de muitos teólogos, atendem às orações dirigidas pelos fiéis à alma de seu custodiado quando esta se encontra no purgatório, “em estado não de socorrer, mas de ser socorrida” (2-2 Q.83 a. 11. ad 3). Por isso, as súplicas dirigidas às almas do purgatório são das mais eficazes, pois são impetradas pelo Anjo da Guarda da alma a quem se recorre.

11.- O Anjo da Guarda acompanhará eternamente no Céu a seu custodiado que alcançou a salvação, “não mais para protege-lo, mas para reinar com ele” (1.Q.113 a.4) e “para exercer sobre ele algum mistério de iluminação” (1 Q, 108 a. 7 ad 3).

12.- O Anjo da Guarda não pode livrar-nos das penas e cruzes desta vida, enquanto Deus em sua infinita bondade no-las tiver mandado ou permitido, para nossa provação, santificação e purificação. Mas nos ajudará a suportar pacientemente , resignadamente e até mesmo alegremente as provações, encaradas como nossa modesta participação de solidariedade no Mistério da Redenção da Humanidade, o qual se realizou plenamente no Sacrifício do Calvário, com a morte de Jesus.

13.- O Anjo da Guarda nos protege contra a malícia humana, a injustiça ,a hipocrisia, a falsidade, a mentira, a injustiça e os ciúmes daqueles que nos querem prejudicar. Sua veneração e invocação sempre nos hão de valer.

Na religião de Umbanda há o costume de se acender uma vela branca ao Anjo da Guarda, oferecendo água e mel. O que pode ser feito de forma simples e como prática espiritual de proteção na presença do Anjo da Guarda, fortalecendo o vinculo entre ele e nós.

Basta para isso uma vela branca, um pires, um copo de água e mel.

Acenda a vela branca e segure-a com a mão direita à frente e acima da cabeça, faça esta evocação:

Eu Evoco à Deus, sua Lei Maior e sua Justiça Divina!

Evoco meu Anjo da Guarda ofereço a vós esta vela e peço que a imante, cruze e consagre em vosso poder se fazendo presente através dela em minha vida, em meu coração, palavras e mente!

Encoste a vela em cima de sua cabeça e imagine a luz dela alcançando o infinito, no alto onde se encontra seu anjo da guarda com o Altíssimo, a luz sobe como um facho e quando alcança o anjo a luz Dele desce por este facho o iluminando ainda mais até alcançar o alto de sua cabeça, entrando por seu corpo de dentro para fora e de fora para dentro o envolvendo todo em sua luz, neste momento dê sete voltas em sentido horário com a vela acima de sua cabeça. Após feito isso coloque a vela no pires, pingando no mesmo e colando a vela para não cair, tomando cuidados para não queimar cortinas nem tapetes e evitando estar ao lado de gás. Este pires pode estar num altar, acima de uma mesa ou no chão pois o que importa é que no ato de acender e evocar, neste momento, a vela estava acima de sua cabeça, agora basta firmá-la em um local seguro. Coloque um pouco de mel em torno da vela e o copo de água ao lado dizendo.

Meu anjo da guarda vos ofereço esta água e este mel, para que me proteja e envolva meu corpo material, astral e espiritual em vossos eflúvios e irradiações. Me inspire bons pensamentos e ações, afastando o mal de minha vida. AMÉM.

Caso ache necessário faça outros pedidos.

PS.: Tomei conhecimento do texto de São Tomás de Aquino, anjo da guarda, atravéz do curso de Cabala Hebraica, ministrado por Edmundo Pelizare, ministrado no Etérnos Aprendizes da Umbanda, ao lado do Metrô Saúde - (11) 5072-2112 .

Neste curso vamos além da Cabala para estudar outras tradições comparadas a mesma.

O Próximo módulo de Cabala estudará Cabala e Saúde, começa em agosto. Cada módulo tem a duração de 02 meses.

Um grande abraço à todos ,

Alexandre Cumino

Pontos de Ogum

Seu Ogum Beira Mar
O Que Trouxes Do Mar ?
Seu Ogum Beira Mar
O Que Trouxes Do Mar ?

Quando Ele Vem
Beirando A Areia
Vem Trazendo No Braço Direito
O Rosário De Mamãe Sereia
Quando Ele Vem
Beirando A Areia
Vem Trazendo No Braço Direito
O Rosário De Mamãe Sereia

Ogum Em Seu Cavalo Corre
E A Sua Espada Reluz
Ogum Em Seu Cavalo Corre
E A Sua Espada Reluz

Ogum, Ogum Megê
Sua Bandeira Cobre Os Filhos De Jesus
Ogunhê

Se Meu Pai É Ogum
Vencedor De Demanda
Ele Vem De Aruanda
Pra Salvar Filhos De Umbanda

Ogum, Ogum, Ogum Iara
Ogum, Ogum, Ogum Iara
Salve Os Campos De Batalha
Salve As Sereias Do Mar
Ogum, Ogum Iara
Ogum, Ogum Iara

Ogum Venceu Demanda
Nos Campos Do Humaitá
Ogum Venceu Demanda
Nos Campos Do Humaitá

Cruzou Sua Espada Na Areia
Lavou Seu Escudo No Mar
Cruzou Sua Espada Na Areia
Lavou Seu Escudo No Mar

Em Seu Cavalo Branco Ele Vem Montado
Calçando Botas Ele, Vem Armado
O Vinde , Vinde , Vinde
Nosso Salvador
O Vinde , Vinde , Vinde
São Jorge Defensor

Ogum Não Devia Beber
Ogum Não Devia Fumar
A Fumaça É As Nuvens Que Passam
E A Cerveja É A Espuma Do Mar
A Fumaça É As Nuvens Que Passam
E A Cerveja É A Espuma Do Mar

Cavaleiro Na Porta Bateu
Eu Passei A Mão Na Pemba Para Ver Quem Era...
Cavaleiro Na Porta Bateu
Eu Passei A Mão Na Pemba Para Ver Quem Era...
Era São Jorge Guerreiro, Minha Gente !
Cavaleiro Na Força E Na Fé
Era São Jorge Guerreiro, Minha Gente !
Cavaleiro Na Força E Na Fé

Eu Venho De Alta Cidade
Venho Saudar A Aldeia De Umbanda
Estou Saudando São Jorge Guerreiro
Com Licença De Ogum Da Ronda

Ogum De Ronda
Salve Ogum De Ronda
Salve Ogum De Ronda Que Acaba De Chegar

Ogum De Ronda
Ele É Guerreiro
Chegou Nesse Terreiro
Pro Seus Filhos Ajudar

Ogum De Ronda
Em Seu Cavalo Branco
Corre Em Todas As Campinas
Do Nosso Pai Oxalá

Ogum De Ronda
Salve Ogum De Ronda
Salve Ogum De Ronda Que Acaba De Chegar
Que Cavaleiro É Aquele
Que Vem Cavalgando Pelo Céu Azul
É Seu Ogum Rompe Mato
Ele É Defensor Do Cruzeiro Do Sul

E E E
E E Aaaa
E E E Seu Ogum
Pisa Na Umbanda
E E E
E E Aaaa
E E E Seu Ogum
Pisa Na Umbanda

Olha Que Barco Bonito
Que Vem Navegando Em Pleno Mar
É Seu Ogum Sete Ondas
Que Vem Ao Encontro
De Ogum Beira Mar
Ogum De Lei
Não Me Deixes Sofrer Tanto Assim
Ogum De Lei
Não Me Deixes Sofrer Tanto Assim

Quando Eu Morrer
Vou Passar Em Aruanda
Saravá Ogum
Saravá Seu Sete Ondas

Quando Eu Morrer
Vou Passar Em Aruanda
Saravá Ogum
Saravá Seu Sete Ondas

Ogum Guarda Pedreira
Mandado Por Oxalá
Com A Espada E Com A Lança Ogum
Seus Filhos Vem Ajudar
Ogum

Oh Filho De Umbanda
Seu Sete Ondas Vem Do Humaitá
Que Bela Surpresa
Vem De Aruanda Nos Abençoar
- Oh Bela Surpresa
Bela Surpresa Como Vai Você
Que Bela Surpresa Vem De Aruanda Para Nos Proteger

*Quem Beira Rio
Beira Rio
Beira Mar
O Que Se Ganha De Ogum
Só Ogum Pode Tirar

*Seu Ogum De Onda
-É Quem Vem Girar
E Vem Trazendo Folhas
-Para Descarrega

*=Bis - = 2ª Voz

Olha Ogum Tá De Ronda!
Quem Está De Ronda É Dão Miguel!
Réu, Réu, Réu Na Mesa De Umbanda
Quem Está Chamando É Dão Miguel!

Olha A Falange De São Jorge
Que Vem Rondar... Ogum!
Meu Pai Me Diga Aonde É!
Aonde É! Aonde É!

Olha São Jorge
Com A Matula De Umbanda!
Olha Ogum Tá De Ronda!
É De Umbanda Auê!
Ogum É De Umbanda Auê!
Ogum É De Umbanda Auá!

Quem Está De Ronda É São Jorge..
São Jorge É Quem Vem Rondar!
Abre A Porta, Ó Gente!
Deixa A Falange De São Jorge Entrar!

Ogum 7 Ondas
Ogum Que Corre 7 Ondas
Sua Bandeira Ficou No Humaitá.
Ogum, Ogum Yara
Sua Bandeira É De Ogum Beira Mar.

Ogum 7 Ondas
Estava Na Beira Da Praia
Quando Eu Vi 7 Ondas Passar

Abre As Portas O Gente Que Vem Aí Vem Ogum.
Em Seu Cavalo Marinho Ele Vem Sarava

Ogum 7 Ondas
Sete Ondas No Mar
Sete Ondas Na Areia
Sete Ondas No Mar
Sete Ondas No Gongá

Segura A Pemba Ê Ê
Segura A Pemba Ê A
Segura A Pemba Ê Ê
Segura A Pemba De Oxalá.

Ogum 7 Ondas
Saravá Ogum
Salve Meu Pai 7 Ondas
Saravá Ogum De Lei
Saravá Ogum De Ronda
Saravá Seu Beira Mar
Filho Da Virgem Maria
Saravá Seu 7 Ondas
Me Proteja Noite E Dia

Ogum De Male E Nagô
Sarava Ogum
E A Coroa De Lei
Sarava Ogum De Male
O Salve Ogum De Nagô.

Lá Vem Meu Senhor São Jorge Com Sua Cavalaria Trazendo Toda Arrumada
Na Porta Da Romaria
Vamos Sarava Ogum. Ô Vamos Sarava Ogum Na Hora De Deus Meu Pai
Vamos Sarava Ogum

Na Porta Da Romaria
Eu Vi Um Cavaleiro De Ronda
Trazia Uma Espada Na Cinta E O Escudo Na Mão
Guerreou Venceu A Guerra E Matou O Dragão.

A Sua Espada É De Ouro
Sua Coroa É De Lei (Bis)
Ogum É Tata De Umbanda, Sr Cangira De Umbanda Ogunhê.
Ogum É Tata De Umbanda Seu Cangira De Umbanda Ogunhê.

Ogum Beira Mar
A Sua Espada Brilha No Raiar Do Dia
Seu Beira-Mar É Filho Da Virgem Maria (Bis)
Seu Beira Mar Beirando A Areia.
Seu Beira Mar É Filho Da Virgem Maria.

Ogum Ganhou Uma Coroa De Ouro
Porquê Venceu A Guerra Do Humaitá
Seu Cangira Ê Ê
Seu Cangira Ê A (Bis)
Seu Cangira Ê Ê
Ogum Sobre As Ondas Do Mar.

No Campo Do Humaitá
Ogum Guerreou E Venceu
Ganhou Divisas De General
Foi São Jose E Maria Que Lhe Deu

Ogum Foi Praça De Cavalaria
Guerreou 100 Anos Na Infantaria
E De Alferes Ele Chegou A Major
Hoje É Ordenança Da Virgem Maria

Ogum No Humaitá É Rei
Lá No Céu Ele É Mensageiro
Na Umbanda Força Maior

Meu Pai Segura A Gira
Pai Ogum Deixa A Gira Girar
Não Me Deixe Tão Só.

Ogum Rompe Mato
Eu Vi Raiar O Dia, Eu Vi A Estrela Brilhar
Eu Vi Seu Rompe Mato
Ogum Das Matas Passear Na Beira-Mar

Se Sua A Espada É Deu Ouro
Seu Capacete É Dourado
Na Ponta Da Sua Lança
Eu Vi Um Laço De Fita Encarnada
Ogum Yara
Ogum Megê

Ogum Matinada
Quando Os Clarins Soavam
Anunciando O Romper Do Dia
É Seu Ogun Matinata Que Vem Salvar Seus
Filhos Com O Toque De Alvorada
Lá Lá.
Lá Lá, Lá Lá, Lá Lá ( Bis )

Meu Pai Ogum Olha A Sua Bandeira
É Branca É Verde E Encarnada
Ogum No Campo De Batalha
Ele Venceu A Guerra Sem Perder Soldado
Soldado, Soldado
Soldado Do Meu General (Bis)
Ouviram O Toque Do Clarim
Ouviram O Som Da Alvorada (Bis)

Ogum Rompe Mato
Ele É Um Á
Ele É Um Ê
Seu Rompe-Mato
É Um Tata Aboracy
Seu Rompe Mato
É Um Tata Cindiaia
Seu Rompe-Mato
É Um Tata Aboracy

Quem Está De Ronda É São Jorge!
São Jorge É Quem Vem Rondar!
Quem Está Ronda É São Jorge!
É Ele E O Povo Do Mar!
Todo A Noite, Todo O Dia...
E A Senhora Da Guia!
Quem Está De Ronda É São Jorge!
Meu Pai, Diga Aonde É!
Quem Está De Ronda É São Jorge!
Velando Os Filhos De Fé!

Bandeira Linda De Ogum
Está Içada Lá No Humaitá!
Ele É Ogum, É General De Umbanda
Ogum Vence Demanda Em Qualquer Lugar!

Bendito Guerreiro São Jorge
Que Traz Na Espada O Sinal Da Cruz
Trazendo A Paz E A Harmonia
Aos Filhos Benditos De Jesus!
Ó São Jorge
Com Sua Espada De Luz
Salvai Os Vossos Filhos
Em Nome Da Santa Cruz!
Ogum Venceu A Guerra...
Ogum É Ordenança De Oxalá!
Quando Ogum Vem De Aruanda
Ele Vem Na Umbanda
Pra Seus Filhos Abençoar!
Saravá Ogum Megê, Ogum Megê!
Saravá Ogum Sete Ondas!
Saravá Ogum Yara!
Saravá Seu Beira-Mar!

No Alto Da Romaria
Eu Vi Um Cavaleiro De Ronda!
Mas Ele É São Jorge
São Jorge O Nosso Defensor!

Ele É Soldado De Cavalaria!
Tem Muitos Anos De Infantaria!
É Capitão, É O Maior Do Dia
É Ordenança Da Virgem Maria!

Quem Me Dera Ser Filho De Ogum!
Quem Me Dera Ter A Sua Proteção!
Ogum, Ele É Rei Da Umbanda
Cavaleiro De Cristo
Vencedor De Demanda!

No Humaitá! No Humaitá!
É O Rei De Umbanda!
São Jorge Venceu Demanda!
Seu Cavalo Branco, Sua Espada E Seu Escudo
Rompendo Cerca De Espinhos, Porta Fechada!

Oh Jorge! Oh Jorge!
Vem De Aruanda
Tem Compaixão De Seus Filhos
São Jorge Venceu Demanda!
Ogum! Ogum! Ogum Meu Pai!
Foi O Senhor Mesmo Quem Disse
Filho De Umbanda Não Cai!

Marchai, Marchai Ogum Do Dia!
Com A Estrela D'alva E A Virgem Maria!
Oh! Vem Com A Sua Espada
Trazer A Fé Aos Filhos
Que Se Acham Em Agonia!

Ô Mamãe Eu Vi Um Lindo Menino
Ia Montado Em Um Cavalo Branco
Ô Mamãe Que Santo Eu Vi?
São Jorge Passou Por Aqui!

São Jorge É Guerreiro De Umbanda
Ele Segura A Sua Espada No Ar!
Ele Ganhou A Sua Lança De Ouro
Pois Venceu Demanda No Campo Do Humaitá!

Oh! Quem Tem Guia, Guiou!
Oh! Quem Tem Guia, Guiou Mesmo!
Papai Ogum Marchou Pra Guerra
Oxalá Deu Carta Branca!
Ogum Venceu Na Guerra
Seus Filhos Venceu Demanda!

Ogum, Ogum Vem De Aruanda!
Vem Salvar Os Vosso Filhos
Em Nossa Lei De Umbanda
Filho De Pemba Não Cai!

Ogum Me Disse
Que Dançar Nagô É Bom...
Ogum Me Disse
Que Dançar Nagô É Bom...
Que Dançar Nagô É Bom (4x)

Se A Sua Espada É De Ouro,
Sua Coroa É De Rei...
Se A Sua Espada É De Ouro,
Sua Coroa É De Rei...
Ogum É Tata De Umbanda
Seu Cangira, Munganga, Ogunhê...
Ogum É Tata De Umbanda
Seu Cangira, Munganga, Ogunhê...

Oxóssi Assoviou Pra Passar No Humaitá (2x)
Pra Falar Com Ogum Megê, Mensageiro De Oxalá! (2x)

Ogum Quando Vem Lá De Aruanda
Traz Uma Espada E Uma Lança Na Mão!
Ogum É Cavaleiro
Venceu A Guerra E Matou O Dragão!
Ele É São Jorge Guerreiro!
Guerreiro Do Humaitá!
No Terreiro De Umbanda
Vem Seus Filhos Saravá!

Quando Ogum Apontou Na Serra
Sua Espada Brilhou Na Umbanda!
Pela Fé Acabou Com A Guerra
E Seus Filhos Venceram Demanda!

Filhos De Pemba Bebe Água No Rochedo
Filhos De Ogum Corre Campo E Não Tem Medo!
Vou Pedir Ao Criador Que Derrame Seu Amor
Aos Nossos Guias E A Nossa Babalaô!

Longe, Bem Longe...
Um Cavaleiro Surgia!
Ele É São Jorge
Filho Da Virgem Maria!
A Sua Espada É De Ouro
Sua Coroa É De Lei!
Mas Ele É São Jorge
Filho Da Virgem Maria!

Pisa Na Linha De Umbanda Que Eu Quero Ver
Ogum Sete Ondas!
Pisa Na Linha De Umbanda Que Eu Quero Ver
Ogum Beira-Mar!
Pisa Na Linha De Umbanda Que Eu Quero Ver
Ogum Matinada!
Pisa Na Linha De Umbanda Que Eu Quero Ver
Ogum Rompe Mato!
Pisa Na Linha De Umbanda Que Eu Quero Ver
Ogum Yara! Ogum Megê!
Abre A Gira Auê!

Ouvi O Toque Do Clarim Lá No Humaitá!
Toque Do Maior Do Dia!
Meu Pai É Ogum Rompe Mato
Filho Da Virgem Maria!

Eu Vi Raiar O Dia
Eu Vi Estrela Brilhar!
Eu Vi Seu Rompe Mato
Ogum Das Matas
Vir Morar À Beira-Mar!

Quem Beira Rio, Beira Rio, Beira Mar...
O Que Ganha De Ogum Só Ogum Pode Tirar!
Seu Ogum De Ronda É Quem Vem Girar
E Vem Trazendo Folhas Pra Descarregar!

Tem Cangerê, Tem Cangerê Na Terra
Eu Chamo Seu Ogum Para Me Ajudar
Os Inimigos Tão Fazendo Guerra
Eu Chamo Seu Ogum Para Guerrear
Odé,Odé,Odé Ogum Rompe-Mato, Beira-Mar Ogum Megê!
Salve Ogum Na Força E Na Lei
Salve Ogum De Ronda, Sete Ondas E Naruê!

Ogum Disse Que Ele É Rompe Mato
É Rompe Mato Auê
Ele É Rompe Mato Porque Rompe As Matas Auê
É Rompe Mato Auê
Saravá Ogum Rompe Mato!

Ogum Yara! Ogum Megê!
Onde Está Seu Rompe Mato? - Auê…
Abre A Gira De Umbanda - Auê!

Eu Tenho Sete Espadas Pra Me Defender!
Eu Tenho Ogum Em Minha Companhia!
Ogum É Meu Pai!
Ogum É Meu Guia!
Ogum É Meu Pai
Filho De Deus E Da Virgem Maria!

Ogum De Lei
Zambi Quem Manda!
Corre A Gira Na Porteira
Pra Salva Filhos De Umbanda!

Foi Lá No Humaitá
Aonde Ogum Guerreou!
Foi Lá No Alto Mar
Que Yemanjá O Coroou!

Ele É Ogum Sete Ondas
Ele Vem Das Ondas Do Mar!
Com Sua Espada, Com A Sua Lança
Salve Ogum Beira-Mar!

Estava Na Beira Da Praia
Quando Vi Sete Ondas Passar!
Abra A Porta Ó Gente!
Que Aí Vem Ogum
No Seu Cavalo Branco
Ele Veio Saravá!

Não Bota Fogo Que É De Oxalá!
Não Quebre A Pedra Que É De Xangô!
Não Facilite Com Filho De Pemba
Ogum Megê Sempre Foi Vencedor!

Lá Vem Ogum Em Seu Cavalo
Com Sua Espada E Sua Lança Na Mão!
A Mata É Vossa... Deixa Correr
E Vamos Saravar Ogum Megê!

Ele Vem De Longe
Montado Em Seu Cavalo
Com Sua Espada Na Cinta
Ele Vem Pra Guerrear!
Ele Guerreia Por Este Mundo
O Seu Nome É
Ogum Megê Neste Gongá!

Mamãe Que Cavaleiro É Aquele
Que Pisa Com Arrogância Nesta Terra?
Mas Ele É Ogum Megê
Que Veio Da Batalha Com Sua Lança De Guerra!

O Homem Que Bebe E Fuma Ô Ganga
É Ogum Megê, Ô Ganga!
É De Lei, É De Lei, É De Lei Ô Ganga!
É Ogum Megê, Ô Ganga!

Beira-Mar Auê Beira-Mar! (2x)
Em Seu Cavalo Oh Meu Pai, Eu Quero Ver!
Com Sua Lança...
Ogum Yara! Ogum Megê!
Beira-Mar Auê Beira-Mar! (2x)
Ogum Já Jurou Bandeira
No Campo De Humaitá!
Ogum Já Venceu Demanda
Vamos Todos Saravá!
Beira-Mar Auê Beira-Mar! (2x)
Eu Estava Na Minha Conga
Eu Estava No Meu Gongá!
Eu Estava Na Minha Conga
Pra Que Foram Me Chamar?

Ogum Beira-Mar
O Que Trouxe Do Mar?
Quando Ele Vem Do Mar
Na Mão Direita
Ele Traz Uma Guia De Mamãe Sereia!

Quando Ogum Pisou Na Lua
Fez Tremer A Terra!
Nos Campos De Batalha
Seu Ogum Venceu A Guerra!
É É É... É É É Vamos Saravá Nosso Pai
Seu Beira-Mar!

Estrela Clareia A Terra...
Estrela Clareia O Mar...
Clareia O Conga De Beira-Mar!
Clareia, Clareia Os Filhos Do Congá!

Sua Espada Rebrilha
E Rebrilha No Mar!
Seu Ogum É Guerreiro
E Só Pode Brilhar!
Na Sua Morada
Que Lhe Deu Yemanjá
Seu Ogum Beira-Mar
Vem A Seu Filho Ajudar!

Beira-Mar... Auê Beira-Mar!
Beira-Mar... Quem Está De Ronda É Militar!
Ogum Já Jurou Bandeira
Na Porta Do Humaitá...
Ogum Já Venceu Demanda
Vamos Todos Saravar!

Minha Espada É De Aço
Minha Espada Vai Brilhar!
Minha Espada É De Fogo
É Ogum Beira-Mar!

Ogum E Mamãe Sereia
São Dois Cabos De Guerra!
Sereia É Rainha Do Mar
Ogum É Rei Na Terra!

Ogum No Seu Cavalo Corre
E Sua Espada Reluz
Ogum! Ogum Yara!
Sua Bandeira Cobre Os Filhos De Jesus!

Ogum! Vencedor De Demanda!
Vem De Aruanda Pra Salvar
Filhos De Umbanda!
Ogum! Ogum Yara! (2x)
Salve Os Campos De Batalha!
Salve A Sereia Do Mar!
Ogum! Ogum Yara! (2x)

Quem Vem Lá
Quem Vem Lá De Tão Longe?
Ele É Ogum Matinada
Que Vem No Reino Saravá!

Que Cavaleiro É Aquele
Que Vai Cavalgando Lá No Céu Azul?
É Seu Ogum Matinata
Que Vai Defender O Cruzeiro Do Sul!
Ê Ê Ê Ê Ê Á
Ê Ê Ê Seu Cangira
Pisa No Gongá!

Ogum Não Devia Beber!
Ogum Não Devia Fumar!
A Fumaça Representa As Nuvens!
A Bebida É As Ondas Do Mar!

Ei Gente De Umbanda
Sopra O Vento No Mar!
Baixou Ogum Naruê
Chegou A Falange Dos Filhos De Umbanda
Baixou Ogum Naruê!

Pontos de Oxóssi e Caboclos

.Caboclo Sultão Das Matas:
Aê ! Sultão ! Quem Lhe Chamou Foi Eu! (2x)
A Onça Tremeu Com O Grito Que O Sultão Deu! (2x)
A Onça Fugiu Quando O Sultão Chegou!

No Mar Ele É Remador!
Nas Matas Ele É Caçador!
Quem É... Quem É...
Ele É O Seu Oxóssi De Jesus De Nazaré!

.Caboclo Gira Mundo:
Quando Ele Vem Lá Do Oriente
Ele Vem Com Ordem Suprema!
A Sua Missão É Muito Grande
Espalhar A Caridade E Seus Filhos Abençoar!
Oi Saravá Mamãe Oxum!
Saravá Pai Oxalá!
Oi Saravá Seu Gira Mundo!
Ele É Nosso Chefe E Dono Deste Jacutá!

.Caboclo Pena Verde:
Ele Veio Da Sua Mata!
Veio De Saravá O Gongá!
Sua Suna É Pena Verde
Aqui E Em Qualquer Lugar!

Eu Vi Meu Pai Assobiar!
Eu Já Mandei Chamar!
É Na Aruanda Ê! É Na Aruanda Á!
Seu Pena Verde De Umbanda
Aqui Vai Chegar!

.Caboclo Flecheiro:
Uma Flecha Zuniu No Ar
Quem Seria Tão Forte Arqueiro?
Quando Estrela Brilhou Na Mata Virgem
Pude Ver O Caboclo Flecheiro!

Linda Barquinha Nova
Que Vem Do Mar De Lisboa!
Nossa Senhora Vem Dentro
Seu Flecheiro Vem Na Proa!

O Seu Flecheiro Passeava Na Jurema
Estrela D'alva Iluminava A Mata Virgem!
Águas De Oxum Corriam Na Cachoeira
Saravá Meu Pai Flecheiro!
É Cassuté Da Lei Suprema!

. Caboclo Araribóia:
Estava Em Plenas Matas Quando Tudo Escureceu
Trovejou Lá No Céu, Mas Chover Não Choveu!
Eu Me Perdi, Seu Araribóia Me Achou
Com Sua Flecha De Ouro, Meu Caminho Ele Guiou!
O Vento Soprava Forte E Para O Céu Ele Olhou
E Dando Um Brado Mais Forte A Mata Clareou!
A Mata Clareou, A Mata Clareou! (2x)
Saravá Araribóia, Nosso Mestre E Protetor!
Quem Anda Com Esse Caboclo Não Se Perde, Não Senhor!
A Mata Clareou, A Mata Clareou! (2x)
Ele É Araribóia, Nosso Mestre De Instrução
Eu Ando Com Este Caboclo Dentro Do Meu Coração!
A Mata Clareou, A Mata Clareou! (2x)

Um Assovio Passou Na Mata Virgem
Anunciando Que Raiava O Dia!
Uma Linda Flecha Riscou O Firmamento, Lá Bem Alto
Do Bodoque De Araribóia Ela Zunia
Seu Penacho É Todo Feito De Estrelas
Seu Bodoque E Sua Flecha De Indaiá!
Saravá Seu Araribóia Nesta Banda
Ele É Nosso Mestre, Nosso Guia, Saravá!

.Caboclo Urubatão:
Eu Vi Um Caboclo
Lá Na Ribanceira!
Era Urubatão
Chefe Dos Peles-Vermelhas!

Estrela Matutina
Clareia O Mundo Sem Parar!
Estrela Clareou A Nossa Banda
Estrela Clareou Nosso Gongá!
Estrela Que Ilumina Urubatão!
Estrela Que Vem Lá Do Juremá!

.Caboclo Ubirajara:
Enquanto A Virgem Caminhava
Seu Ubirajara Acompanhava
Um Rosário Ela Rezou
Minhas Forças Tú Terás
Tú Terás Peito De Aço
Tuas Flechas Vencerão!

Corta A Língua, Corta Mironga!
Corta A Língua De Falador!
Aonde Ele Pisa Não Há Embaraço!
Ele É Ubirajara, Do Peito De Aço!

Meu Deus, Que Penacho É Aquele?
É Um Penacho De Arara!
Quando Rompe A Mata Virgem
É O Caboclo Ubirajara!

Ele É Um Caboclo Valente!
Seu Penacho É De Penas De Arara!
Ele Vem Pra Ajudar Seus Filhos
Que Confiam Em Seu Ubirajara!
Auê Auê Só Ele Passa
Por Onde Eu Não Passo!
Auê Auê Ubirajara Do Peito De Aço!
.Caboclo Sete Estrelas:
Sete Estrelas É Caboclo No Céu
Sete Estrelas É Caboclo Na Terra!
Ele Não Desce Do Céu Sem Coroa
Nem Sem A Sua Muganga De Guerra!

Com Licença De Oxalá,
Com Licença De Oxum
Saravá Seu Sete Estrelas
Cavaleiro De Ogum!
Sete Estrelas Brilham No Céu
Sete Estrelas Brilham No Mar
Sete Estrelas Está Presente
Iluminando O Gongá
Ele Vem De Muito Longe
Ele Vem Pra Trabalhar
Com A Lança E A Espada
Todo Mal Vai Guerrear! (3x)


Nossa Mata Têm Folhas
Tem Sete Estrelas Que Nos Alumeia!
Alumeia O Mundo, Estrela!(2x)

.Caboclo Sol:
Embala Eu, Babá... Embala Eu!(4x)
Saravá O Caboclo Sol
Que Vem Na Umbanda Saravá!
Saravá O Caboclo Sol
Que Vem Na Fé De Oxalá!

.Caboclo Guarani:
Eu Vi Nas Matas Um Dia
Seu Guarani Sentado Na Pedra Fria...
Ele Cantava, Ele Assobiava...
E Lá No Céu Uma Estrela Brilhava!

Há Quanto Tempo Eu Não Via
Sau Guarani Numa Umbanda!
Até Que Chegou O Dia
Seu Guarani Agora É Quem Manda

.Cabocla Jurema:
Que Lindo Capacetes De Penas
Tem A Cabocla Jurema!
É Dela, Quem Deu Oxalá!
Ê Ê Ê Ê Ê Á!

Ê Juremê! Ê Juremá!
Sua Flecha Caiu Sereno, Ô Jurema!
Dentro Deste Gongá!
Salve São Jorge Guerreiro!
Salve São Sebastião!
Saravá Povo De Umbanda
Que Nos Dá A Proteção, Ô Jurema!

Folhas Verdes Da Palmeira
Como Brilham Ao Luar!
Ó Que Lindo Caçador
Jurema, Jurema Ô Juremá!

Jurema, Ô Juremê, Juremá! (2x)
É Uma Cabocla De Pena!
Atirou Lá Na Jibóia
Sua Flecha É Suprema!

Lá Na Mata Eu Vi
Uma Cabocla Jurema!
Era Dona Jurema
Com Sua Flecha Suprema!
Mas Ela Veio De Tão Longe
Veio Caçar A Ema!

Com Sete Dias De Nascida
Minha Mãe Me Abandonou!
Salve O Nome De Oxóssi!
Foi Tupi Quem Me Criou!
Vinde, Vinde Companheiros...
Ai De Mim Tem Dó!
Vinde, Vinde Companheiros...
Ai De Mim Tão Só!

Companheiros Da Jurema
Não Deixem Suas Matas Sozinhas!
Lá Tem Coisas Preciosas
E A Jurema É A Rainha!

O Rio Rolou Na Mata Virgem
Uma Estrela Brilhou Na Aruanda!
Saravá Linda Umbanda!
Agora A Cabocla Jurema É Quem Manda!

Jurema...
O Seu Saiote É Tão Lindo!
Seu Capacete É Azul
Brilha Como O Diadema!
Jurema... Ô Juremê, Juremá!
Abandona Suas Matas
E Vem Na Umbanda Saravá!

Lá Na Jurema
Debaixo De Um Pé De Ingá
Aonde O Luar Clareia Os Caboclos
Deixa A Cabocla Jurema Passar!
Jurema, Jurema
Olha O Seu Juremá!

Se Ela É A Cabocla Jurema
Ela Bebe Água No Coité!
Quando Ela Atira A Sua Flecha
A Flecha Vai Cair Onde Ela Quiser!
Se Ela É A Cabocla Jurema
Demanda Ela Vai Vencer!
Se Ela É A Rainha Das Matas
Demanda Nenhuma Ela Pode Perder!

.Cabocla Jureminha:
Seu Saiote Carijó Brilhou Na Mata
Sua Flecha De Indaiá Assoviou!
A Cabocla Jureminha, Rainha De Umbanda
Nossa Banda Já Saravou, Saravou!

Minha Cabocla É Linda, Orirá! (2x)
Sua Luz Bendita Quem Lhe Deu
Quem Lhe Deu Foi Nosso Pai Oxalá!

.Cabocla Jandira:
Quem Tem O Poder Sobre A Terra?
Quem Tem O Poder Sobre O Mar?
É A Cabocla Jandira!
É A Sereia Do Mar!
Aruê Ruê... Aruê Ruá... Aruê Ruê Jandira!

Seu Cocar É De Pena Branca
Ela É Quem Segura A Gira!
Saravá Sua Linda Banda!
Saravá Cabocla Jandira!

Sob A Luz Da Lua
Sentada À Beira-Mar...
Eu Vi A Cabocla Jandira...
Eu Vi A Sereia Do Mar!
Arerê Mamãe Oxum!
Odoyá Mamãe Yemanjá!
Salve Todos Os Caboclos
Que Vêm Na Umbanda Saravá!

.Cabocla Jupira:
Estava Em Festa...
Toda Floresta Estava Em Festa
Porque Cantou O Uirapuru!
No Seu Cantar Ele Veio Anunciar
Pois A Cabocla Jupira Vai Baixar!
Na Terra De Pai Olorum Ela Vai Baixar Pra Nos Ajudar!
Ela Vai Salvar A Sua Banda, A Sua Gira!
Saravá, Pai Olorum Saravá!
Acaba De Chegar Linda Cabocla Menina!
Mas Ela Tem A Beleza Que Encanta!
O Olhar De Uma Santa
Que Nos Encanta!
Jupira, Linda Cabocla Menina!
É Portadora De Uma Mensagem Divina:
Ela É, Ela É, Ela É
A Menina Dos Olhos Do Cacique Aimoré!

.Cabocla Jussara:
Clarão Ilumina A Mata!
Chuva Cai, Rio Não Pára!
Saravá Umbanda Linda!
Banda De Dona Jussara!

.Cabocla Jacira:
Na Fonte De Água Cristalina
Uma Bela Cabocla Se Mira!
Dos Cabelos Correm Pérolas Douradas!
Tá Na Gira A Cabocla Jacira!

.Cabocla Iara:
O Lírio É Uma Flor
Nasceu Na Beira D'água
E Na Água Se Criou!
Iara, Iara!
Nasceu Na Beira D'água
E Na Água Se Criou

.Das Caboclas:
Eu Já Mandei Fazer
Três Capacetes De Penas!
Um É Pra Jupira
Outro Pra Jandira
E Outro Pra Jurema!

.Dos Caboclos Do Mar:
Quando A Marola Bate Na Pedreira
E A Passarada Passa A Revoar!
Se Ela É A Cabocla ...
E Ela Vem Com A Mãe Yemanjá!

Ó Virgem Dos Navegantes
Aqui Estamos A Lhe Implorar!
Enviai A Cabocla...
Para Os Seus Filhos Abençoar!

Brinca A Mãe D'água!
Brinca A Sereia!
Brincam Os Meus Caboclos Na Aldeia!

Neste Gongá Divino
Aonde Tem A Proteção...
Trabalha O Povo De Yemanjá
E Os Caboclos Do Sertão!
Dim, Dim, Dim O Sino Bateu Lá Na Aldeia!
Caboclo Da Beira Da Praia
Firmando Seu Ponto Lá Na Areia!

Veio Do Mar..
Chegou Agora!
Ele Vai Firmar Seu Ponto
Acabando Ele Vai S'imbora!

Oxalá Nosso Redentor
Desceu Para Nos Salvar!
Chegaram Os Caboclos De Aruanda
Que Vieram Descarregar!
Mais Uma Pemba, Mais Uma Guia...
Meu Pai, Diga O Que É!
São Todos Os Caboclos De Aruanda
Que Vieram Salvar Filhos De Fé!

Vai, Estrela Tão Brilhante...
Que Ilumina Este Gongá!
Vai Buscar, Estrela, Vai Buscar
Com A Permissão De Oxalá
Vai Buscar Seu ...
Pra Vir Na Umbanda Trabalhar!

Umbanda, Onde Estão Seus Caboclos?
Eles Vêm De Longe
Do Centro Do Juremá!
Com Seus Saiotes De Penas
Na Umbanda Saravá!

Lá Nas Matas Da Jurema
Ouvi Tambores A Tocar!
A Mata Estava Iluminada
E Os Passarinhos A Cantar
Não Sei Se Era Noite ,Não Sei Se Era Dia
Só Sei Que Lá Na Mata Era Tudo Alegria!

É Caçador Da Beira Do Caminho...
Ei, Não Me Mate Esta Coral Na Estrada!
Pois Ele Abandonou Sua Choupana
Foi No Romper Da Madrugada!

Quando A Umbanda Se Abre
Eu Quero Ver Quem É!
Se É Um Teimoso De Aruanda
Ou Um Caboclo De Guiné!

Mandei Chamar...
Os Meus Caboclos De Aruanda!
Mandei Chamar...
No Humaitá Venceu Demanda!

Olha Os Matos Quebrando!
Os Caboclos Arriando!
Os Caboclos Arriando!
Olha Os Matos Quebrando!

Arreia, Capangueiro!
Capangueiro Da Jurema!
Arreia Capangueiro
Agora Que Eu Quero Ver!

Caboclo Vem Da Mata
Sucuri Dendê!
Onde Mora Esse Caboclo
Que Não Quer Descer!

Lá Na Mata...
Lá Na Serra...
Lá Na Aldeia!
Bambeia, Meus Caboclos, Bambeia!

Na Marambaia!
Na Marambaia!
Caboclo No Mato!
Caboclo Na Praia!

Tem Morador Ô!
Tem Morador!
Na Terra Onde O Galo Canta
Por Certo Tem Morador!

Ê Ê Ê! Ê Ê Á!
Segura Caboclo Que Eu Quero Ver!
Filho De Pemba Não Tem Querer!

Caboclo Firma Ponto
Na Ponta Do Cipó!
É Meia-Noite Na Lua!
É Meio-Dia No Sol!

Estava Na Sua Mata!
Tata Miro!
Quando Sua Mano Chamou!
Ele Jurou, Jurou, Jurou!
Ele Jurou E Eu Também Jurei!

Assobia, Caboclo!
Torna A Assobiar!
Assobia, Caboclo!
Que Sua Povo Vem!

Assobia! Assobia!
Ele Assobiou Ô Ô!
Cadê O Seu ...
Que Ainda Não Chegou!

Que Bela Manhã, Meus Camaradas!
A Lua Brilha No Oriente!
Os Pássaros Cantam!
Seus Filhos Chamam Os Guaranis Que Vêm Chegando Agora!

E A Vestimenta Do Caboclo?
É Samambaia Só!
É No Lageiro Aonde Os Caboclos Moram! (2x)

Caça, Caça, Caçador!
É Caçador Que Vem Caçar!
Caça, Caça, Caçador!
É Caçador Do Juremá!

Ora Viva A Terra Da Jurema!
Salve Todo O Juremá!
Ora Viva Todos Os Caboclos
Filhos Da Cobra Coral!
Rei, Ó Rei, Ô Jurema!
Rei É Oxalá!

Lá Na Mata Uma Coral Piou!
Piou, Piou Ele Vem Chegando!
Se Ele É Capangueiro Da Jurema
No Alto Da Montanha Está Trabalhando!

Ô Caboclo, Que Mata É A Sua?(2x)
Que Mata É A Sua?
É A Mata De Ubá!
Onde Pia A Cobra...
Aonde Canta O Sabiá!

Que Vem De Longe
Veio De Ganga Macaia!
Ó Não Me Mate A Cobra!
Não Me Espante A Coral!
Auê Auê Auê! Auê Auê Auá!

Que Linda Andorinha
Tem No Meu Sertão!
Todo O Pássaro Voa, Andorinha!
Só A Ema Não!

Ó Ventanias Da Jurema!
Mande Folhas Cá Pra Nós!

Ventou, Ventou Na Macaia...
Balançou, Folhas Caiu!
Quero Ver, Quero Ver!
Quero Ver Quem Ainda Não Viu!

A Jibóia É Sua Fita!
Caninana É Sua Laço!
Ah, Que Bom! (3x)
Caboclo Mora No Mato!

Sucuri! Jibóia!
Ó Como Vem Beirando O Mar!
O Zi Piou Piou Ô!
A Sua Cobra Coral!

Caboclo Do Mato Trabalha
Com Cipriano E Jacó!
Trabalha Com O Vento E A Chuva!
Trabalha Com A Lua E O Sol!

Já Dizia Um Caboclo
A Umbanda É Pra Quem Tem Fé!
Ai De Mim, Meu Bom Caboclo!
Sua Força Não Engana Ninguém!
Se O Caboclo É Bom
Bate Palmas Pra Ele!
Se O Caboclo É Bom
Bate Palmas Pra Ele!

Sua Flecha A Tiracolo
Foi Oxalá Quem Lhe Deu!
Quem Achou, Achou!
Quem Perdeu, Perdeu!

Coqueia, Coqueia Odé!
Coqueia Como Coqueia Odé!
Coqueia, Coqueia Odé!
Coqueia Com ... (A Cada Repetição, Dizer O Nome De Um Caboclo)

Ele É ... (Dizer O Nome Do Caboclo Chefe), Ô Paranga
Que Está No Gongá!
Mano De ... (Dizer O Nome Dos Outros Caboclos Da Casa), Ô Paranga!
Vamos Saravar!

Mujongo!... Monjerê!
Monjerê!... Oh Monjerá!
Mujongo!... Monjerê!
Monjerê Seu ...! (E Repete Toda A Música, No Final Apenas Trocando O Nome Das Entidades)

Ele Atirou...
Ele Atirou, Ninguém Viu!
Seu ... É Quem Sabe
Aonde A Flecha Caiu!

Eles Vem Daquelas Matas
Do Reino De Juremá!
Caboclos Vem De Aruanda
Vamos Todos Saravá!

Cabra Jibóia Engoliu Caninana!
Rabo De Saia A Um Caboclo Não Engana!

Oxóssi

Quem Manda Na Mata É Oxóssi...
Oxóssi É Caçador... Oxóssi É Caçador...
Eu Vi Meu Pai Assuviar
E Eu Mandei Chamar...
É Na Aruanda Auê!
É Na Aruanda Auá!
Seu Oxóssi De Umbanda
É Na Aruanda Auê!

Eu Corri Mar... Eu Corri Terra...
Até Que Eu Cheguei Lá No Meu País!
Salve Oxóssi Das Matas
Que As Folhas Da Mangueira Ainda Não Caiu!

Eu Vi Chover, Eu Vi Relampejar
Mas Mesmo Assim O Céu Estava Azul!
Firma Seu Ponto Na Folha Da Jurema
Que Oxóssi É Bamba No Maracatu!

A Mata Estava Escura...
Um Anjo A Iluminou!
No Centro Da Mata Virgem
Seu Oxóssi Anunciou:
Mas Ele É O Rei, Ele É O Rei, Ele É O Rei!
Seu Oxóssi, Na Aruanda, Ele É O Rei!

Oxóssi É Rei No Céu!
Oxóssi É Rei Na Terra!
Ele Não Desce Do Céu Sem Coroa
E Sem A Sua Missão Cá De Terra!

Oxóssi Mora No Tronco Da Amendoeira!
Ogum Mora Na Lua
E Xangô Lá Na Pedreira!

Viva Oxóssi Ê!
Meu São Sebastião!
Oxóssi É Caboclo Morador Lá Do Sertão!
Viva Oxóssi, Viva São Sebastião!
Viva Todos Os Caboclos Morador Lá Do Sertão!

Em Forma, Em Forma!
Em Forma Oxóssi Sete Ondas!
No Recinto De Umbanda
Ele É De Lei!
Viva Oxóssi! Ele É De Lei!
Sete Ondas Reluziu
Quando Oxóssi Surgiu!

O Seu Oxóssi Mora Lá Nas Matas Onde Pia Cobra!
Lá No Juremá!
Seu Capacete É De Penas De Ema!
Ele É Oxóssi, Capangueiro Da Jurema!
Quem Manda Na Mata É Oxóssi!
Oxóssi É Caçador! Oxóssi É Caçador!

Okê Bambocrim!
Esse Mundo É De Oxalá!
Viva Oxóssi Na Aruanda Auá!

Oxóssi É Cassuté De Umbanda!
É Na Aruanda!
É Na Aruanda Auê!

Atira, Atira, Eu Vai Atirar!
No Rei Bambá Eu Vi Atirar!
Veado No Mato É Corredor!
Oxóssi Na Mata É Caçador!

É Zambi Quem Governa O Mundo!
É Zambi Quem Vem Governar!
É Zambi Que Governa A Estrela
Que Clareia Oxóssi Lá No Juremá!
Okê! Okê! Okê! (2x)
Okê, Meus Caboclos, Okê!

Ó Viva São Sebastião!
Nos Caminhos Que Passou
Salvar Filhos De Umbanda
Jesus Cristo É Quem Mandou!
Ó Viva São Sebastião!

Xangô Na Pedreira Bradou!
Ogum Lá Na Lua Confirmou, Ô Jurema!
Oxóssi Na Mata É Caçador!

Oh, Ele É Capitão Na Marambaia! (3x)
Oh, Ele É Seu Oxóssi Na Urucaia!

Caboclo Roxo, Da Cor Morena...
Ele É Seu Cassuté
Capangueiro Da Jurema!
Ele Jurou, Ele Jurava
Pelos Conselhos Que A Jurema Lhe Dava!

E O Veado Fugiu...
E Oxóssi Chegou Na Bahia!
Segura O Ponto, Mamãe Sereia!
Oh, Ganga!

Oxóssi Não Há Tatá Nuarou Ô!
É Baba É Barebou!
Oxóssi, Vossos Filhos Ele Salvou!
É Baba É Barebou!

Oxóssi Oxóssi, Ele É O Rei Das Matas!
Oxóssi Mora Na Raiz Da Bananeira!
Oxóssi Vem Abençoar Nossa Terreira!

Eu Já Cansei De Pedir Senhor Oxóssi
Uma Choupana Para Mim Poder Morar
Ele Me Disse Com Firmeza,
Precisa Ordem De Nosso Pai Oxalá.

Caboclo Da Mata Virgem,
Da Mata Cerrada Lá Na Juremá
Quem Manda Na Mata É Oxóssi
Quem Manda No Céu É Oxalá!
Okê Caboclo, Quero Ver Girar
Quero Ver Caboclo De Umbanda Arriar!
Naquela Estrada De Areia,
Aonde A Lua Clariou
Onde Os Caboclos Pararam
Para Ver A Procissão De São Sebastião
Okê, Okê Caboclo
Meu Pai Oxóssi É São Sebastião.

Oxóssi Vem...
Vem Chegando De Aruanda!
Oxóssi Vem...
Vem Salvar Filhos De Umbanda!

Estava Na Minha Praia
Vi A Sereia Cantando
As Ondas Do Mar Chorando...
Yemanjá, Yemanjá!
Sou Beira-Mar, Beira-Mar!
Deixa A Sereia Cantar...
Não Deixa As Ondas Chorar!

Oxóssi Assobiou
Lá No Humaitá!
Ogum Venceu Demandas
Companheiro De Oxalá!

O Vento Na Mata Zuniu...
Folha Seca Balançou!
Saravá Oxóssi, Nossa Banda Saravá!
Ele Vem Com Deus Nosso Senhor!


Oxóssi Assoviou Na Mata...
Ogum Bradou No Humaitá!
Filhos De Umbanda Louvaram:
Saravá, Oxóssi, Saravá!


Fez Barulho Na Cachoeira
Sobre A Pedra Ela Rolou!
Com Sua Flecha Certeira
É Oxóssi Que Chegou!


Oxóssi Quando Vem Lá De Aruanda
Trazendo Forças Pra Seus Filhos De Umbanda
Ele É Caboclo, Ele É Flecheiro Atirador!
Na Aruanda Todo Oxóssi É Caçador!


Oxóssi Mora Na Lua
Só Vem Ao Mundo Para Clarear!
Queria Ver Um Oxóssi
Para Com Ele Eu Falar!

Oxóssi Ê Ê
Oxóssi Ê Á
Oxóssi E Rei Das Matas
Onde Canta O Sabiá!
Eu Vou Pedir Licenca Para Oxóssi
Para Saravar Nas Matas Da Jurema!
Saravá Pai Xangô La Na Pedreira
Firma Seu Ponto Mãe Oxum Na Cachoeira!

Belezas de Oxum

Por Fernando Sepe

No meio da oração ela surgiu ra­diante e esplendorosa. Suas roupas douradas lembravam-me o nascer do Astro Rei. Sim, a Mamãezinha do Amor passou por aqui e me convidou a dançar junto dela.

Em sua dança cadenciada, o ritmo e o axé do belo fluir dos rios. Em seu canto, a beleza que não se entende, mas se sente, aos pés de uma cachoeira. E então, meu coração expandiu-se na vibração dessa Mãe e a rosa da compaixão desabrochou.

Compaixão pelo mundo. Os ho­mens e mulheres não sabem, mas Oxum canta e dança o tempo todo, e é por isso que a vida é tão cheia de encantos. Ela é a senhora da beleza e da formosura, do carinho e do alen­to, da felicidade íntima. Ah, se a hu­ma­nidade visse, mesmo que uma úni­ca vez, as belezas de Oxum, tudo muda­ria. Pois as ondas de amor que bro­tam dessa Mãe, tudo pode mu­dar...

Menina doce, que anima os brilhos dos olhos das crianças. Chama dourada, que infla o amor entre os casais. Mãezinha boa, que chora as dores de seus filhos e por eles enche de rosas os caminhos...

Em seu corpo, vejo o bálsamo para as dores do mundo. Em seus olhos, a esperança do nascer de um novo dia. Em seu abebê, o símbolo de seu poder. Em suas jóias e brincos, toda beleza do Universo. Em seu coração, o amor que dissolve os mais pesados climas de ódio e vingança. Em sua boca, o canto da paz espiritual de Oxalá.

Aspecto amoroso da Mãe Divina, aspecto que concebe. Útero gestador do cosmos, eterna dança criadora. Encontro entre o macho-fêmea que procria.

Mãezinha Cinda, que flui nas águas doces do planeta. Mãezinha do ouro espiritual. Senhora dos tesouros imperecíveis do espírito. Menina do pingo d’água que refresca a alma. Belezas de Oxum...

Ah, tantas são suas qualidades e mistérios, que meus olhos não podem a tudo contemplar. Assim como a linha do horizonte, e a imensidão do firmamento, Tu És infinita em Si. Quantos mundos residem em Teu ventre, Mãe? Quantas vidas a testemunhar-se dos seus olhos? Quantas estrelas ainda brotarão de Teus belos lábios?

Cada palavra de Olorum faz surgir um Orixá. E foi em um canto misericordioso e bondoso que o Pai-Mãe da Criação manifestou-Te. Desse dia, pouco se sabe, mas o coração do poeta sente, que então o primeiro sorriso foi dado e as belas palavras de amor surgiram.

A poesia estava inventada e a música finalmente seria tocada. Juras de carinho eterno cobririam o mundo, e a singela voz de um colibri a todos encantaria. Pois é Ela, Oxum, quem inspira a linguagem do coração. E apenas por Ela, tudo isso pode existir...

Aye yê, eram as palavras que os antigos yorubanos utilizavam para saudar-Te. Foram as pretas-velhas quem preservaram e trouxeram a tradição. Foram as Caboclas que levaram sua presença a todos os templos. Foram as Pomba-giras que nos ensinaram seus mistérios. E foi na linha das crianças, que a mais bela de suas flores desabrochou.

Ah, Mamãe do manto dourado. Cobre de bênçãos esse planeta. Nem todos ainda Te conhecem, mas Tu, ó bela Cinda, residi em todos. Nem todos Te amam, mas Tu, Ó Oxum, a todos ama. Nem todos Te prestam culto, mas Tu, Ó Apará, protege todos que tem coração puro. E é por isso que os animais te amam, e as flores e árvores prestam-lhe culto no silêncio. Nem todos podem escutar seu canto, ó Mãe, mas o planeta escuta e por ele continua a viver.

Cinda, Oxum, Menina ou Ma­mãe... Nascida das juras de amor que Olorum fez à Criação. Por favor, nunca deixe de encantar e cobrir essa Terra de Orixá, com a sagrada benção de suas belezas...

Ayeyê, Mamãe...

Ayeyê, Oxum!

Fernando Sepe, dedicado à querida preta-velha do meu coração - “Dita de Aruanda” e a minha mãe de santo – Aleida Barros, por me ensinarem as belezas de Oxum e da Umbanda.

Obs: Oxum é a divindade do Amor dentro da Umbanda. Seu nome é o mesmo de um Rio Sagrado para os povos nagôs que corre na região do Ijexá. Na África, seu culto estava mais ligado aos rios. No Brasil e na Umbanda, seus fiéis gostam de cultuá-la na cachoeira. Por isso ela é chamada de a Mãe das Águas Doce.

É um Orixá associado aos minerais e ao ouro. O Arquétipo que sustenta sua imagem é a da menina doce, bela e singela. Está associada também a concepção de qualquer forma de vida.

Em outras culturas pode ser encontrada como a Afrodite dos Gregos, Vênus dos Romanos, Lakshmi e Ganga dos hindus, Ísis dos Egípcios, Freyja dos nórdicos, Iara na tradição indígena brasileira, Kwan Yin para os chineses.

Pai Benedito de Aruanda através de seu médium, Rubens Saraceni, nos ensinou que Oxum é regente da segunda linha de Umbanda, junto de pai Oxumaré. Aspecto feminino da manifestação do amor de Olorum (Deus).

Seus falangeiros que se mani­festam nos terreiros são amorosos e bondosos. Rege infinitas linhas de caboclos e caboclas, pretos e pretas-velhas, exus e pomba-giras. Po­demos reconhecê-los por seus nomes simbólicos que vibram e encontram fundamento na egrégora/vibração/mistério de mamãe Oxum. Toda linha das crianças é também funda­mentada na vibração de Oxum e pai Oxumaré.

Suas cores são o rosa, o amarelo e o azul-claro. Sua pedra o quartzo rosa. Seu sincretismo cristão-católico acontece com Nossa Senhora da Conceição e/ou Nossa Senhora Aparecida.

“Cinda” é um epíteto de Oxum, identificando-a com sua qualidade de mãe das águas doces, é um nome que faz referência a sua fluidez. “Apará” é uma manifestação guer­reira e protetora de Oxum. Dentro da umbanda dizemos que Oxum Apará é uma Oxum que vibra na Linha da Lei, uma Oxum da Lei.

Dia de 12 de outubro é o dia consagrado à Oxum, devido ao seu sincretismo com Nossa Senhora Aparecida. Aqui fica uma singela homenagem do JUS a essa querida mãe.

E a todos irmãos que irão fazer suas oferendas na cachoeira, lembrem-se da responsabilidade ecológica que todos devemos ter em um ponto de força como esse.

E principalmente, lembre-se que antes da cachoeira natural, Oxum ESTÁ na cachoeira de luz que existe em nossos corações quando o amor e a com­paixão surgem. Pensem bem nisso!

As jóias de Krishna

As jóias de Krishna

(Fábulas e Lendas da Índia)

- Por Manoj Das -





Kala, o ladrão, arrastava-se furtivamente de quarto em quarto, pela casa do homem rico. Não havia sido difícil entrar desapercebido, porque todos que viviam na vila, tinham vindo naquela noite para ouvir o Pandit. Agora, estavam sentados à volta dele no saguão central, ouvindo com atenção extasiada uns poucos versos que ele cantava, tirados de seu precioso livro de folhas de palmeira, diante dele no estrado, explicando-os e desenvolvendo-os para que todos pudessem entender. O dono da casa, sua família e os empregados estavam absorvidos, como os outros, devoção feliz e brilhante em seus rostos, e todos os cuidados e brigas esquecidos, no deleite de ouvir as histórias doces e encantadoras do Senhor.

Era uma oportunidade maravilhosa para Kala tentar apossar-se de tudo que pudesse. Sua mente estava ocupada com sua busca e não prestava nenhuma atenção à história que fascinava os aldeões. Ele era um ladrão e um vagabundo, não tinha lar, nem família ou amigos. Uma vaga lembrança do homem que ensinara o único ofício que ele conhecia era tudo que restava. Kala não tinha a mínima idéia se o velho Babu era relacionado com ele de algum modo; sabia apenas que tinha sido gentil e lhe ensinado como ser rápido e esperto para surrupiar pequenos objetos que podiam ser trocados por dinheiro, em certos lugares que eles conheciam. O que não aprendera com o velho Babu, conseguiu fazê-lo por si próprio, desde que seu protetor desaparecera – quer para o reino do Senhor Yama (o deus da morte), ou para seu equivalente, a cadeia, Kala não sabia. Agora não tinha mais ninguém e procurava defender-se da única maneira que conhecia. Estava quase sempre sozinho quando ia de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, e sonhava em ter um lugar a que pertencesse, em vez de ser sempre um intruso, à margem das coisas, olhando para um mundo onde não havia lugar para ele. Imaginava-se encontrando alguma coisa realmente valiosa – uma rica bolsa de homem, um diamante, um bracelete de rainha... algo que pudesse lhe proporcionar o bastante para comprar uma pequena casa na cidade e mantê-lo, a fim de nunca mais ficar com medo. Então ele teria vizinhos, amigos... sabia que era apenas um sonho, mas o pensamento de seu tesouro aquecia-lhe o coração e enchia-lhe a mente, enquanto andava de quarto em quarto. As palavras de Pandit, que prendiam a atenção dos aldeões, nada significavam para Kala. Mas, de repente, uma frase atraiu sua atenção, e detendo-se na sua ronda furtiva, ele ouviu a história, com crescente encanto, e foi se aproximando, sem notar, do círculo à volta do estrado.

O Pandit estava lendo e cantando o Bhagavata Purana, que fala das histórias admiráveis da vida do Senhor Krishna. Ele estava passando apenas uns dias nessa aldeia, pois era sua vida andar de um lugar pra o outro, contando a todos que o quisessem ouvir sobre o seu amado Senhor. Na noite anterior, narrara a seus ouvintes ansiosos o nascimento de Krishna, a crueldade de Kamsa, e como Krishna, milagrosamente, havia sido trazido para casa de Nanda, o pastor, onde crescera como filho da Mãe Yashoda. Esta noite a história era sobre a juventude de Krishna, na floresta de Brindavan. Os versos contavam, como ao primeiro clarão do dia, os meninos pastores gritavam do lado de fora da casa de Krishna:

- Krishna! Balarama! Ainda não acordaram? Venham, seus dorminhocos! É hora de leva as vacas para pastar.

Então relatavam como a Mãe Yashoda preparava a comida antes de os meninos se ataviarem com as belas roupagens que sempre usavam. O Pandit descrevia com detalhes cheios de amor, como ela os vestia com belos dhotis – o de Krishna, amarelo alaranjado, que brilhava contra sua pele escura, e o de Balarama, azul escuro, como o mar distante. Depois, ela colocava seus adornos: pulseiras, colares, cintos e ornatos de cabeça engastados de jóias e, por último, suas tornozeleiras de ouro. Estas foram as palavras que atraíram a atenção de Kala e seu espanto crescia, à medida que o Pandit ia descrevendo todo o esplendor cintilante dos ornamentos de Krishna:

- Pulseiras de ouro incrustadas de pérolas e rubis nos braços; um cinturão de ouro e pérolas à volta da cintura; um diadema de ouro na cabeça, no qual sempre usava uma pena de pavão; ao redor dos tornozelos, sinos de ouro que faziam uma música tão encantadora que arrebatava a alma; e à volta do pescoço um colar de jóias variadas engastadas de ouro, que pendia até o peito, onde um único diamante brilhava com tal esplendor que o próprio sol parecia escuro.

O Pandit continuava a falar sobre os olhos travessos de Krishna, o encanto suave de seu rosto que irradiava tal amor e beleza, que se poderia contemplá-lo para sempre com incansável deleite; de sua pele escura e cabelos encaracolados, suas mãos e pés delicados, o charme de cada linha de seu corpo...e por fim, a irresistível música de sua flauta, cujo fascínio não podia ser expresso em palavras. Mas Kala não estava ouvindo. Nem tinha voltado ao seu trabalho. Permanecia deslumbrado, estupefato, diante da perspectiva que se abria diante dele. Por que deveria ele se incomodar em furtar uma ninharia aqui, uns poucos níqueis ou tecido ali? Por que continuar nessa existência imprevidente, andando de um lugar para outro, roubando o que podia conseguir? Se ele pudesse encontrar essas duas crianças, seria fácil tirar seus adereços... e então não teria mais com que se preocupar durante o resto da vida. Poderia comprar uma pequena casa e viver tranqüilamente como todo mundo. Sua mente continuava, repetindo sempre a descrição que ouvira daquelas maravilhosas jóias. Até que podia quase ver, diante dos olhos, a criança escura, cintilando com todos os seus atavios. Não podia pensar em mais nada. E assim ele ficou como se estivesse em transe, surdo, até que Pandit terminasse sua história.

Então o bom Pandit, o rosto brilhando de devoção convidou todos os ouvintes para comer prasad. Enquanto faziam suas oferendas, ele deu um punhado de flores perfumadas a cada um, e assim abençoadas e purificadas, as pessoas voltaram às suas casas. Kala deixou a casa com o resto, porém esperou fora, atrás de uma árvore, até que finalmente o Pandit fosse levado à porta para se despedir, com os respeitosos cumprimentos do anfitrião de sua família. Nosso ladrão tinha decidido falar com o Pandit e descobrir mais sobre aquelas duas maravilhosas crianças e suas jóias.

Assim, quando o Pandit se pôs a caminho em direção à casa, que havia sido providenciada para sua estada, Kala seguiu-o; e ao chegarem a um trecho deserto do caminho, ele gritou:

- Hei, Panditji! Espere por mim, quero falar-lhe!

Ao som daquela voz áspera, o Pandit pensou imediatamente em assalto. No seu cinto carregava todo o dinheiro que os aldeões tinha lhe oferecido como dakshina, e ele estava com medo... Apertando sua roupa mais de encontro ao corpo, ele apressou o passo. Mas outra vez Kala gritou:

- Espere por mim, Panditji! De que tem medo? Quero perguntar-lhe uma coisa.

Então, não havia razão para se preocupar. O Pandit parou e esperou, dizendo uma prece em seu coração.

- Quero saber mais acerca daqueles meninos... aqueles meninos de quem você estava falando. Como se chamam? Onde moram? Quem é seu pai? Como posso encontrá-los?

O Pandit estava assombrado com a avalanche de perguntas desse homem de aspecto rude; como ele não parecia lhe querer mal, respondeu:

- Você não ouviu o que esta a dizendo às pessoas? Krishna e seu irmão Balarama vivem na casa de Nanda, o chefe dos pastores, perto de Brindavan, e todos os dias, ao amanhecer, levam as vacas para os campos e florestas que margeam o rio Yamunda.

- Qual é o caminho daqui para Brindavan? Não é muito longe, não é? É verdade que essas crianças vão todos os dias para os campos, vestidas como você disse, com todas aquelas jóias esplêndidas?

O Pandit começou a ter um vislumbre de percepção. Sentiu que, talvez, pudesse adivinhar o que tinha despertado o interesse deste sujeito inculto... e ele queria apenas chegar em casa com seu dinheiro e a pele intacta. Porém ainda perguntou:

- Por que você está me fazendo todas essas perguntas? Você não ouviu o que disse? O que o fez tão interessado?

Kala olhou para o Pandit e disse francamente:

- Olhe para mim! Você sabe o que sou, não é? E por que iria um ladrão com eu ficar interessado naquelas crianças? É verdade que elas têm todas aquelas jóias... ou você estava apenas inventando? – perguntou ele de repente, avançando para o Pandit, com o punho levantado e olhar ameaçador.

- Não, não, não inventei. Claro que é tudo verdade, - disse o Pandit apressadamente.

- E se eles usam todas aquelas jóias quando vão para os campos todos os dias, devem ter muito mais em casa para ocasiões especiais, não é Panditji? Quanto você acha que elas valem juntas?

- As riquezas de Krishna são um tesouro inestimável, além de tudo que se possa imaginar, - replicou o Pandit com um sorriso.

- Bem, só daqueles adereços faria minha independência para o resto da vida. E eu pretendo ir até lá e conseguir algo, - disse o ladrão. – Assim, é melhor você me dizer, francamente, Omo posso chegar lá. E não tente brincar comigo, porque, se não os achar, pode ficar certo de que voltarei e me vingarei. Mas se conseguir o que quero, então dar-lhe-ei sua parte por ter me ajudado, você verá.

Assim o pobre Pandit, querendo apenas chegar em casa salvo, apontou para o norte e disse:

- Brindavan fica para aquele lado.

- E como vou saber quando chegar lá? Como é que ele é, esse lugar Brindavan? – interrogou Kala.

- Há um rio largo, com lindos prados verdes e arvoredos de flores ao longo das margens. Especialmente, há belas árvores Kadamba... você conhece a árvore Kadamba, com suas longas folhas e enormes bolas de flores? Lá os pastores vêm de manha cedo, e Krishna fica debaixo de uma Kadamba, tocando sua flauta encantada; você certamente o reconhecerá quando o vir.

O crédulo ladrão ficou muito satisfeito com o que Pandit lhe disse de suas memórias dos versos sagrados, resolvendo partir imediatamente e não descansar até chegar ao rio, achar as maravilhosas crianças e tomar-lhes alguns de seus tesouros inestimáveis.

Era o alvorecer do terceiro dia quando Kala chegou ao rio. Ele não tinha quase dormido e comido no caminho e, durante toda sua longa jornada, uma imagem somente enchia sua mente: a linda criança escura de cabelos encaracolados, num dhoti amarelo e jóias brilhantes, com uma pena de pavão no diadema. Esta visão o havia incitado de tal modo durante as cansativas milhas, que ele estava vagamente consciente da fome e sede e fadiga e da dor nas pernas e nos pés. E aqui, finalmente, estava o rio, parecendo tão fresco e acalentador, brilhando esmaecido ao lusco-fusco, correndo veloz e profundo entre as ribanceiras verdes, margeado aqui e ali por pequenas praias de areia. Certamente este deveria ser o lugar!

“Mas os meninos não virão senão de manhã...” pensou Kala, e imaginou qual seria a direção da aldeia; mas ele não via nenhuma casa por perto, e o rio fresco e a grama verde pareciam tão convidativos que ele decidiu ficar onde estava e esperar pela luz do amanhecer. Refrescou os pés doloridos no rio e a água pareceu-lhe tão boa que mergulhou nela. Depois estendeu o corpo fatigado na grama refrescante e macia. Porém, embora estivesse muito cansado, a imagem daquela criança encantadora ainda flutuava diante de seus olhos fechado... Talvez tenha passado uma ou duas horas quando ela acordou com um luar radiante em seu rosto, seu corpo tremendo de excitação.

“Eles virão ao primeiro raio de sol”, pensou, “vou encontrar um bom lugar para me esconder e procurar por eles; não devo perder essa oportunidade.”

E seguiu para a ribanceira do rio, procurando pela kadamba que Pandit havia mencionado. Eram muitas as árvores belas e altas e, enquanto seguia o rio, logo chegou a um lindo arvoredo de folhas largas, perfumadas com as inflorescências de bolas fofas, que enchiam o ar com seu olor. Enquanto ele passava debaixo das enormes árvores, Kala teve a estranha sensação de algo que nunca tinha sentido antes na vida, algo mágico e doce, um sopro de promessa encantadora.

“Este deve ser o lugar”, pensou, “aqui estão as árvores. E como é viçosa a grama e a vegetação. Seguramente eles virão para cá com suas vacas ao amanhecer. Este deve ser o lugar.”

Ele tremia de excitação outra vez, ao procurar um esconderijo. Escolheu um arbusto perto do rio, entrou debaixo de seus galhos e sentou-se para esperar a manhã. Mas havia formigas que picavam e nem mesmo a visão na sua mente podia fazê-lo se esquecer dessas criaturas importunas.

“Além disso”, pensou, “e se Krishna seguir outro caminho? Mesmo que ele esteja apenas um pouquinho mais além do rio, posso perdê-lo... e aqui na margem não parece existir nenhuma trilha de vacas. É melhor trepar numa dessas árvores e então serei capaz de vê-lo mesmo à distância.”

Assim ele se arrastou, removendo as formigas e galhos de seus braços e cabelos, e olhou à volta à procura de uma boa árvore para subir. Havia uma à margem do arvoredo e, com alguma dificuldade, alçou-se entre os ramos cheios de folhas. Porém as folhas formavam uma folhagem tão espessa que ele não podia ver muito e também não estava confortável, pousado num ramo como um passarinho; estava com medo de que, se adormecesse, caísse como uma fruta madura. Assim, desceu outra vez para procurar um lugar melhor. Por fim, simplesmente recostou-se contra um dos grandes troncos, liso e prateado, num pequeno nicho, onde ficou abrigado e não podia ser visto; e a despeito de toda sua ansiosa antecipação, foi vencido pelo cansaço e seus olhos fecharam-se e a cabeça pendeu para o lado.

Aos primeiros raios da madrugada, despertou assustado...o que o teria acordado de seus sonhos de Krishna? Lá estava outra vez, muito doce para ser o canto de pássaros, embora eles estivessem acordando e espalhando seu canto à volta, enquanto a luz mágica da madrugada intensificava todos os matizes e sombras maravilhosas da floresta. Desta vez soaram bem claras na primeira brisa trêmula, as notas de uma flauta! O coração de Kala quase deixou de bater de excitação e deleite – eles estavam realmente vindo, o Pandit não o tinha iludido, não tinha cometido um engano, este era o rio certo, a floresta certa, e eles estavam vindo por este caminho, em direção a este mesmo arvoredo! Ele podia ouvir as vozes infantis agora e o andar compassado das vacas... contudo, eles estavam passando um pouco para a esquerda e desaparecendo na floresta – ele não iria encontrá-los!

Kala já se punha de pé para seguir as vozes, quando um movimento, num canto longínquo da clareira, chamou sua atenção. Lá, debaixo da mais afastada árvore, estava uma pequenina figura, seu dhoti amrelo-laranja, barrado de vermelho e dourado, cintilava incrivelmente vívido naquele alvorecer matinal contra a pele escura e os verdes e cinzas da floresta. O menino estava lá, parado, e tocava flauta, como você deve tê-lo visto muitas vezes em pinturas, um pé cruzado sobre o outro, uma pena de pavão no cabelo, jias reluzindo à volta do pescoço, dos braços, dos tornozelos e testa, um sorriso doce no rosto e olhos faiscando de malícia. Mas o que Kala viu era mais encantador do que qualquer quadro que você ou eu tenhamos visto, mais encantador mesmo do que a visão que ele tinha guardado em sua mente todos esses dias e noites de jornada, algo absolutamente estimulante e arrebatador em sua beleza, porque era o próprio Senhor Krishna.

Kala completamente embevecido, deixou seu esconderijo e aproximou-se cada vez mais do fascinante menino, irresistivelmente atraído pela beleza do que via e ouvia. E quando ele chegou bem perto, Krishna tirou a flauta dos lábios e sorriu para o pobre ladrão, tão ternamente que todo o corpo de Kala tiritava e estremecia de deleite. Krishna demorou nele seu olhar e então falou, uma voz que era tão encantadora e musical quanto todo o resto:

- Querido kala, você não queria algo de mim?

Kala não estava nem mesmo espantado de que o sedutor menino soubesse seu nome. Ele mal notou, porque um fluxo de vergonha intensa e dolorosa tomou conta dele quando, de repente, lembrou-se da intenção que o havia levado até lá. Logo a seguir, porém, apercebeu-se que Krishna sabia perfeitamente bem porque viera e que ele não estava zangado, apenas rindo dele. E Kala também, olhando para aqueles olhos, podia ver que tudo era gracejo.

- Querido, querido menino, é verdade que vim para roubar suas jóias, mas isso foi antes de conhecê-lo. Pensei que queria ser rico, mas na verdade queria ter um amigo... agora que o vi, por que precisaria de dinheiro? Você é meu amigo, não é? – perguntou.

- É claro que sou seu amigo, e assim posso dar-lhe um presente. Apenas diga-me, o que gostaria de ter?

- Diga-me somente que posso vir aqui encontrá-lo quando quiser, olhar para você e às vezes ouvi-lo tocas sua música encantada; isso é tudo que quero, - disse Kala, com lágrimas nos olhos.

- Mas minhas jóias... você fez todo esse caminho para conseguir minhas jóias. Você não quer nada agora? – disse Krishna, olhando sério, mas com uma faísca travessa brilhando nos olhos.

- Guarde suas jóias... elas ficam tão bem em você! Apenas..., - Kala pausou como se pensasse em algo, - prometi ao Pandit, que me falou de você, que se o encontrasse, dar-lhe-ia alguma coisa. Se não fosse por ele, nunca o teria visto... talvez você pudesse me dar algo para ele? – perguntou Kala acanhadamente.

Krishna riu alto e tirou um dos seus braceletes de prata, lindo, engastado com uma bela esmeralda.

- Tome isto para o Pandit, - disse, - e é claro que você pode vir aqui me ver quando quiser. Venha a esta arvoredo qualquer manhã, debaixo desta árvore e me chame; prometo que virei.

- Querida criança, querida criança, - disse Kala, sacudindo a cabeça, - mas você tem certeza de que está direito, sua mãe não vai brigar com você? O Pandit ficará muito feliz, é uma coisa linda...

- Talvez minha mãe ralhe comigo, mas logo a farei sorrir de novo, - disse Krishna com os olhos faiscando, - mas venha, vamos ao encontro dos outros... eles foram banhar as vacas!

Os pés de Kala pareciam ter asas enquanto ele corria de volta à aldeia onde deixara o Pandit. O pensamento de seu maravilhoso novo amigo e sua recém encontrada felicidade não deixava lugar para fraqueza ou fome, e ao passar, distraído, pelas aldeias no caminho, a gente se maravilhava com seu rosto brilhante e a luz que parecia acompanhá-lo. Todavia, foram três dias de jornada até que alcançasse a aldeia. O Pandit tinha terminado sua série de palestras e estava se preparando para partir, no dia seguinte, para o próximo estágio de sua jornada. Tarde da noite, ele ouviu uma forte batida na sua porta e, ao relutar em abri-la imediatamente, escutou chamarem:

- Panditji, Panditji, você está dormindo? Abra depressa, trouxe uma coisa para você.

Apesar de reconhecer a voz do ladrão, que ele esperava nunca mais ver, havia alguma coisa tranqüilizadora em seu tom e o homem não parecia que tivesse voltado para se vingar. Mais por curiosidade do que por outra coisa, o Pandit abriu a porta. Kala entrou como um pé de vento, os olhos luzindo e imediatamente ajoelhou-se e tocou os pés em Pandit:

- Obrigado, eu o encontrei, Panditji! Estou tão agradecido! Sem o senhor não o teria conhecido nunca! Ele é tão bondoso e encantador e maravilhoso, que o senhor não pode imaginar... que linda criança! E eu contei sobre o senhor, Panditji, e ele mandou-lhe isto! – e Kala tirou o precioso bracelete da cintura de seu traje em farrapos.

O Pandit teve que se sentar, de repente, perguntando incoerentemente:

- O que... quem... onde você foi... que aconteceu?

E Kala, rindo, encantado pela consternação do velho homem, teve de contar toda a história, justamente como lhe contei.

Você pode imaginar como o Pandit teve dificuldade em acreditar no que ouvia. Ele era um homem educado e, apesar de toda sua devoção, sabia muito bem que o Krishna real havia vivido há milhares e milhares de anos atrás, lá longe no norte... e assim, o que era que este pobre sujeito esfarrapado estava balbuciando? E contudo... havia o bracelete, e aí estava Kala com seu rosto e voz transfigurados... O Pandit interrogou-o, repetidamente:

- Onde você o viu? Como é que ele era? O que ele disse então? E o que fez em seguida? – e assim por diante.

Depois de muitas e muitas perguntas e das respostas simples e diretas de Kala, o velho disse por fim:

- E ele realmente prometeu-lhe que você o poderia encontrar quando quisesse? Então leve-me com você, amigo... vamos partir imediatamente. Toda minha vida tive vontade de vê-lo, mas nunca pensei que realmente acontecesse.

E ele teria partido imediatamente, sem mais delonga. Porém o pobre Kala estava exausto, depois de toda viagem, e não tinha se alimentado durante o caminho de volta, e ele implorou por algo para comer e uma noite de descanso antes de partirem outra vez. Contudo, a madrugada seguinte viu-os na estrada... uma dupla estranha: o venerável Pandit, com sua veste branca impecável, e o abrutalhado Kala, em seus trapos desbotados, carregando o precioso volume que continha os livros do Pandit, alguns pertences e, agora também, o bracelete do Senhor. Enquanto eles andavam, Kala questionava o velho sobre Krishna e maravilhava-se com tudo que ele podia dizer sobre o surpreendente menino. E, em troca, o Pandit questionava Kala e pasmava-se com as coisas simples, convincentes, e ainda inacreditáveis, que ele dizia sobre o menino que lá encontrara. Assim, as milhas passaram facilmente, até que por fim chegaram, à noite, às margens do rio e, na orla da floresta, refrescaram-se e deitaram-se para dormir.

Antes do alvorecer, Kala acordou o Pandit:

- Agora ele virá... vamos para o arvoredo; você pode esperar junto dos espinheiros que eu o chamarei.

E de fato, quando Kala chamou, ouviram-se as notas suaves de uma flauta se aproximando através do ar enevoado da manhã, e Kala logo pôde ver seu amigo de pé, debaixo da árvore, tocando e piscando para ele.

- Querida criança, - disse, - espero que não se importe... trouxe o Panditji. Ele estava tão excitado ao receber seu presente, que quis lhe agradecer pessoalmente; ele já queria encontrá-lo há tanto tempo e conhece toda espécie de histórias a seu respeito. Você de fato fez todas aquelas coisas? Não importa, conte-me outro dia... Olhe, ele está esperando acolá. Posso chamá-lo?

- Eu posso vê-lo, - replicou Krishna sorrindo, - mas não acredito que, mesmo se o chamasse, ele fosse capaz de me ver, por enquanto. Ele não tem coração puro e a visão inocente. Contudo, você pode lhe dizer que estou esperando por ele, não o esqueci, e certamente ele me verá um dia.

E olhava ternamente para o velho, ainda de pé ao lado do espinheiro. O Pandit, atordoado, fitava Kala que parecia estar falando com o ar.

Todavia, ele podia ouvir a flauta. E mais tarde disse a Kala, quando se sentavam juntos na cabana simples que construíram ao lado do rio e que partilharam por vários anos, até a morte do velho homem:

- Compreendo muito bem... eu já era um homem educado quando li as histórias do Senhor; e apesar de ter desejado ardentemente em meu coração vê-lo e conhecê-lo, tinha também outros desejos e pensamentos em mim. Porém, desde o momento em que você ouviu falar sobre ele, não teve nenhum outro pensamento em sua mente, nenhum outro desejo em seu coração, a não ser ele. Foi sua Graça que se derramou sobre você.. Mas posso ouvir sua flauta na floresta todas as manhãs e você me diz como ele está e o que diz e faz com você, e ele prometeu que eu também vou vê-lo um dia, com meus próprios olhos. Estou contente.


Wagner Borges