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sábado, 24 de janeiro de 2015

Autoconhecimento




Autoconhecimento


As palavras não são as coisas, a palavra caneta não é uma caneta. As descrições dos fatos, não são os fatos. As explicações dos fenômenos, não são os fenômenos. As teorias sobre a realidade, não é a realidade. Precisamos “ir além” das palavras, das descrições, das explicações, das teorias, para nos aproximarmos do real. Chamamos este “ir além” de compreensão. E compreender é ir além das palavras, para que possamos ultrapassar a mensagem (discurso ou ensinamento) e atingirmos a sua essência, a sua realidade. E é imprescindível compreendermos para que possamos viver plenamente, intensamente, apaixonadamente feliz!

Mas raras são as pessoas que vivem assim. A grande maioria sofre! Sempre que nos afastamos da realidade, sofremos! Quanto maior o afastamento da realidade, maior o sofrimento. E sofrimento é medo, insegurança, incerteza, tensão nervosa e emocional, ansiedade, angustia, depressão, tédio, melancolia, aflição, desespero, vontade de matar ou morrer, e uma série de indicadores (sintomas) psicológicos e existenciais. Para superarmos o sofrimento faz-se necessário retornar a realidade, esse espaço de nossa existência, pouco frequentado, mas onde todas as coisas verdadeiramente acontecem.

O que é realidade?

A realidade é. É o que é. É o que está sendo, acontecendo, no presente, no eterno presente, no aqui-e-agora. É fato concreto, visível, consumado! Tudo que passou, passou, já foi real, agora não é mais! Tudo que há de vir, virá. Poderá ser real, mas ainda não é! A nossa existência é como um rio, onde o passado deságua no presente, que fluirá para o futuro. Ou seja, no presente temos todos os elementos do passado e do futuro (consciente ou inconscientemente).

Precisamos estar atentos, alertas e vigilantes, para não sermos absorvidos pelas memórias do passado (ressentimento, culpa, etc.); por nossos condicionamentos sociais, culturais e religiosos; por nossas ideologias; por nossas meras opiniões, palpites e outros palavrórios; por nossos preconceitos e superstições; por nossos sonhos, fantasias e ilusões. Apesar disso, a maioria das pessoas vive num estado profundo de desatenção. Vivem tão desatentos, de maneira tão mecânica, tão automática, tão condicionada (sem liberdade, autonomia e independência), que não percebem que estão desatentas. Perceber a nossa própria desatenção é o primeiro passo em direção ao real. É com essa atenção que podemos absorver, investigar e compreender a realidade.

Como conseguir este estado de atenção?


De início surge uma aparente contradição: para estarmos atentos precisamos de energia interior, e para termos esta energia, precisamos de atenção. Então, por onde se começa? Começamos por um desejo forte, muito forte, intenso, apaixonado, de se auto observar, se auto investigar, e se autocompreender, vale dizer, se autoconhecer! O autoconhecimento é o início de uma vida plena e sadia, o ponto de equilíbrio nesse mundo confuso, violento, corrupto e extremamente desequilibrado.  Sem autoconhecimento as pessoas não vivem de maneira eficaz. Vivem muito confusas, criando conflitos pessoais e sociais. Vivem desequilibradas, distantes da realidade, pensando sem clareza, sentindo calor, e agindo de maneira irracional e absurda. Mas isso tem “cura”. E a “cura” vem através do autoconhecimento. Não é o psicólogo, o terapeuta, o psiquiatra, o psicanalista os que “curam”. O que “cura” é a realidade. O terapeuta mostra quando e como a pessoa se aproxima ou se afasta da realidade. “Terapia” é uma palavra de origem grega que significa “cuidado” no sentido de atenção, dedicação e compreensão. Qualquer pessoa, que através dos seus “cuidados” nos aproxima da realidade, será um terapeuta, a relação entre essas pessoas será uma terapia, e o autoconhecimento estará presente entre elas.