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Ecovila é um modelo de assentamento humano sustentável.
Sieben Linden
Ecovilas são comunidades urbanas ou rurais de pessoas que tem a intenção de integrar uma vida social harmônica a um estilo de vida sustentável. Para alcançar este objetivo, as ecovilas integram muitas ferramentas e práticas como:
1. Produção local e orgânica de alimentos (permacultura);
2. Utilização de sistemas de energias renováveis;
3. Utilização de material de baixo impacto ambiental nas construções (bioconstrução ou Arquitetura sustentável);
4. Criação de esquemas de apoio social e familiar;
5. Diversidade cultural e espiritual;
6. Governança circular, incluindo experiência com novos processos de tomada de decisão e consenso;
8. Educação transdisciplinar;
9. Saúde integral;
10. Comunicação global.
Ao longo de milhares de anos a humanidade viveu em comunidades sustentáveis, em contato íntimo com a natureza, desenvolvendo uma gigantesca diversidade cultural, onde em geral imperava uma estrutura social de apoio mútuo e cooperação. O evento da sociedade patriarcale guerreira é bastante recente (16.000 anos), mas tem causado um grande impacto no planeta. Enquanto isso as sociedades tradicionais lutam por sobreviver.
Neste contexto as ecovilas surgem como modelos alternativos ao padrão insustentável das sociedades modernas, incorporando os antigos conhecimentos com a moderna ciência e filosofia. De acordo com um número crescente de cientistas, teremos que aprender a viver de forma sustentável, se quisermos sobreviver como espécie. Os modelos de sustentabilidade desenvolvidos ao longo de mais de 40 anos pelas milhares de ecovilas ao redor do mundo formam um grande banco de dados de soluções aos atuais problemas da humanidade e fonte de riquíssimas experiências que podem ajudar a reconectar as pessoas à Terra numa forma que permita o bem estar de todas as formas de vida e futuras gerações.
Os defensores das ecovilas afirmam que o ser humano é capaz de criar uma vida cheia de amor e sentido. E essa seria a parte central numa ecovila, sua vida social, cultural e espiritual. Segundo eles, os seres humanos são seres sociais e amorosos por natureza, apesar de a cultura ocidental moderna valorizar em excesso o individualismo, a competição, a violência, o poder, a desconfiança e a apropriação. Reconectar os seres humanos a sua natureza significaria barrar estes valores, limpando esta carga cultural, e colocando a cooperação, o amor, o respeito, a transparência, a solidariedade e a confiança novamente no centro de suas vidas.
Em 1998, as ecovilas foram nomeadas oficialmente na lista da ONU das 100 melhores práticas para o desenvolvimento sustentável, como modelos excelentes de vida sustentável.
Elas surgem de acordo com as características de suas próprias bioregiões e englobam tipicamente quatro dimensões: a social, a ecológica, a cultural e a espiritual, combinadas numa abordagem que estimula o desenvolvimento comunitário e pessoal.
O conceito de ecovilas oferece um único modelo, embora com múltiplas manifestações locais. No núcleo do modelo está a celebração da diversidade cultural, espiritual e ecológica e o impulso para se recriar comunidades humanas em que as pessoas possam redescobrir as relações saudáveis e sustentáveis consigo mesmas, a sociedade e a Terra. O modelo de ecovila tem proposto soluções viáveis para erradicação da pobreza e da degradação do meio-ambiente e combina um contexto de apoio sócio-cultural com um estilo de vida de baixo impacto.
O que é sustentado numa ecovila não é o crescimento econômico ou o desenvolvimento, mas toda a rede de vida da qual depende nossa sobrevivência futura de longo prazo. Uma ecovila é programada de tal maneira que os negócios, as estruturas físicas e tecnológicas não interfiram com a habilidade inerente à natureza de manter a vida. Um dos princípios fundamentais do modelo é não tirar da Terra mais do que podemos devolver à ela. E assim fazendo, potencialmente, a comunidade pode continuar indefinidamente.
A implementação das ecovilas envolve um esforço das bases, de baixo para cima, mais do que a abordagem de cima para baixo. Cada ecovila dentro do seu próprio contexto cultural e ambiental, busca e demonstra soluções locais, usando tecnologias apropriadas, materiais locais, know-how local e antes de tudo oferecendo soluções compatíveis e acessíveis a todos.
O conceito de ecovila tem sido promovido e implementado por grupos espalhados pelo planeta, muitas vezes com recursos limitados e mínimo apoio institucional ou governamental. Estes grupos demonstram exemplos viáveis de vida auto-sustentada, modelos positivos traduzidos em realidade, para que outros grupos e indivíduos possam aprender, e inspirar-se onde o sucesso já foi alcançado.
Essa é a missão do movimento das ecovilas: explorar novas fronteiras e praticar aplicações concretas para a sustentabilidade.
Fonte de vida, a água e seu ciclo são essenciais para a manutenção dos ecossistemas e do ser humano.
O cuidado com a água é uma preocupação nas ecovilas, bem como em qualquer projeto sustentável. Primeiro as pessoas são educadas e conscientizadas da importância da água. Segundo, os sistemas de tratamento tendem a ser descentralizados. As soluções em pequena escala também são muito importantes.
Em muitas regiões, a água é um recurso bastante escasso. Nesses casos, é essencial captar água da chuva e armazená-la em cisternas.
Para bombear a água para locais mais altos pode-se utilizar bombas manuais de PVC, construídas manualmente a baixo custo, ou então por meio do carneiro hidráulico, que aproveita a energia do próprio curso d'água. Esta água pode ser armazenada em caixas de ferro ou cimento.
Toda água adquirida de chuvas pode ser filtrada por meio de biofiltros hidropônicos de aguapé, carvão, areia e brita. Ou então por meio de leitos filtrantes com areia e taboa ou lírio do mato. A água utilizada em alimentos e no banho pode ser encanada e filtrada da mesma forma que a água da chuva com estes filtros. Para consumo, podem ser utilizados filtros de barro, que são adquiridos facilmente e são muito baratos.
Uma forma inteligente de tratar dejetos é utilizar banheiros compostáveis. Não gasta água e não produz esgoto. O sol, o tempo e as minhocas fazem o trabalho de transformar matéria orgânica em fertilizante. O interior pode ser igual ao de um banheiro comum, mas em vez de água na descarga, serragem.
Outra alternativa são os biodigestores, que geram um fertilizante líquido que pode ser utilizado na irrigação da lavoura da ecovila. O biogásproduzido com dejetos humanos não é muito expressivo, mas pode complementar outras fontes de combustível.
O lixo passa pela coleta seletiva, e sempre que possível é reciclado ou transportado para centros de reciclagem. Todo lixo orgânico gerado ainda pode ser utilizado como adubo para as hortas. As águas cinzas (pia, ducha, da limpeza de roupas, etc.) podem ser tratadas num sistema de tanques com filtros e plantas aquáticas, que purificam a água, graças às bactérias que vivem em suas raízes.
A energia elétrica pode ser gerada localmente por painéis solares, geradores eólicos, moinho de água, biogás, lenha, ou outras fontes.
Os custos são compensadores a longo prazo, com a economia gerada e com a venda da energia excedente para a rede pública de energia elétrica, que atualmente é vendida a preço mais alto do que a comprada.
Casa de palha e barro, em Sieben Linden
A indústria do setor de construção é uma das que mais poluem e destroem o ambiente.
Existe hoje uma infinidade de conhecimentos em bioconstrução, que além de utilizar materiais ecológicos, resolve uma grande quantidade de problemas nas moradias, principalmente ao que se refere à economia de energia e bem estar.
Algumas opções são: tijolos-ecológicos, feitos de barro prensado, contruções com cob (fardos de palha e barro, excelentes para o isolamento térmico), pau-a-pique, taipa de pilão, etc.
Para o telhado, uma boa alternativa é o chamado telhado verde, que possui grande poder de isolamento térmico no inverno e arrefecimento por evapo-transpiração das plantas no verão, diminuindo sensivelmente os gastos com energia para aquecimento e resfriamento dos ambientes. As águas cinzas podem ser aproveitadas para irrigar o telhado verde.
No Desafio Artemisia de Sustentabilidade, estudantes de vários locais do Brasil pertencentes à AIESEC estudam formas de tornar o telhado verde do Instituto Cidade Jardim viável a todos.
A idéia é necessitar o mínimo possível de transportes que utilizem combustíveis fosseis, por isso a bicicleta é o meio de transporte ideal.
Dá-se preferência ao transporte coletivo, sistema de caronas e carros elétricos.
A organização do trabalho dentro da comunidade vai depender do conhecimento de cada um e habilidade de cada um para certos trabalhos. Em muitas ecovilas tem sido prezada a auto-suficiência em materiais, alimentos e serviços. Em outras, há um forte trabalho com o setor público, visitantes, trabalhos com a comunidade dos arredores, cursos, festivais e todo tipo de atividades que tragam algum retorno à comunidade e beneficie o máximo de pessoas.
Como em toda sociedade deve haver uma certa organização. A comunicação ampla é o ponto crucial para a determinação do bom convívio, todos os problemas devem ser acordados por todas as pessoas, sem exceção, e todos problemas devem ser resolvidos de uma forma sensata e rápida. As decisões em geral são feitas por algum sistema de consenso ou através de conselhos.
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