Por favor, preencha a atmosfera com a vibração sublime dos Santos Nomes:
Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

terça-feira, 31 de julho de 2012

Você é um canal de Deus?






Quando o ser humano desperta para a missão da sua alma e os seus papeis em uma existência, também exercita um dos seus principais sentidos: a percepção. Perceber as coisas, os acontecimentos, as pessoas e o mundo em si, é uma questão relativa. O materialista percebe o mundo com o foco na materialidade, uma mulher que acabou de dar a luz, percebe de um jeito, um político em ano de eleição, percebe de outro, já um jovem de dezoito anos percebe de uma forma completamente diferente.

O que faz com que percebamos o mundo de um jeito ou de outro é a forma como vivemos, o modo como pensamento e o foco que temos sobre as coisas ao nosso redor. Mesmo assim sabemos que as verdades dos homens são relativas, mas que as verdades de Deus são universais. Isso quer dizer que Deus se manifesta através da natureza e de suas leis. Sendo assim, não existem formas diferentes na manifestação do Divino, apenas existem formas diferentes como percebemos essa manifestação em seus níveis, condições e maneiras. Resumidamente: é o nosso nível de consciência que determina como percebemos a realidade.

O caminho do buscador de evolução, ou simplesmente, daquele que procura a reforma íntima ou simplesmente a sua melhoria contínua, deve ser o de eliminar todas as formas de ilusão dos sentidos que o impede de enxergar e sentir a manifestação de Deus exatamente como ela é. Ou seja, não podemos perceber condições relativas a níveis de ilusão, pois temos que perceber o mundo de forma pura e natural.

Assim deveria ser a nossa conexão com Deus, algo direto, limpo, sem ilusões, fascinações ou distorções. Mas não fazemos assim pelo fato de que somos dominados por emoções e crenças mundanas, as quais objetivamente dizendo, são as pedras (fundamentais e necessárias) no caminho da evolução humana.

O caminho é simples, é a jornada do aprendiz, nascer, viver, morrer e nascer quantas vezes mais for necessário até que o espírito, que é a parte eterna e essencial evoluía a condição de atingir a iluminação, a qual neste contexto quer dizer, a vitória ou domínio das emoções inferiores tais como: raiva, medo, ansiedade, mágoa, tristeza, entre outras.

Vivemos uma experiência material, em um mundo material, vestindo um corpo físico, mas não somos o corpo físico, somos o corpo espiritual. Quando o corpo físico morre, o corpo espiritual volta para a sua morada original que é a dimensão extrafísica da existência. Essa dimensão também é chamada de plano espiritual.

O plano espiritual interage com o plano físico e o plano físico interage com o espiritual o tempo todo, entretanto, para notar essa interação constante, o ser humano precisa se sensibilizar, silenciar a mente e expandir as faculdades psíquicas, pois são elas as responsáveis por esse intercâmbio.

A dimensão física da Terra nos serve como uma escola. Somos conduzidos até este ambiente físico com o propósito de evoluirmos, de resgatarmos situações mal resolvidas, de expandirmos nossos aprendizados pessoais, de aprendermos a dominar o ego inferior. Porém, quando nos densificamos usando um corpo físico – o que também é chamado de reencarnação – acabamos perdendo muito a consciência da nossa existência espiritual. É nesse momento que nossos desafios começam.

Vivendo na Terra, estamos sendo submetidos aos desafios que podem nos densificar ainda mais ou também podemos encontrar a iluminação e a plenitude. Na Terra, quando vestimos um corpo físico no tempo de uma existência, precisamos aproveitar a oportunidade para fazer valer a pena o  período de aprendizado, e acima de tudo, jamais aumentar as contas que temos.

Só é possível triunfar sobre o desafio se o aluno da escola Terra souber mesmo de onde ele veio. Só conseguirá evoluir com os aprendizados aquele que tiver constantemente consciente de sua condição de espírito.

Nessa jornada para aprendizado na escola Terra, quando os estudantes ingressam no período de estudos de uma encarnação, os espíritos das dimensões extrafísicas estão profundamente interessados no andamento dos aprendizados desses alunos. Os seres da luz querem o seu sucesso, porque sabem que este fato pode melhorar o mundo, mas os seres das sombras querem o seu fracasso, pois querem piorar o mundo.

No plano físico, o assédio é liberado. De acordo com as leis divinas para a Terra, o livre-arbítrio deve ser respeitado, portanto, o assédio que um aluno morador da Terra recebe é escolha própria. Os assédios são de luz e de sombras, mas o caminho a ser seguido será sempre escolhido pelo aluno encarnado.

Esta é a conhecida disputa entre o bem e o mal. Muito falada desde as histórias antigas até os dias de hoje. Ela existe e pelas leis Divinas é também justa, porque como já dito, a escolha é de cada um e o lado sombra da existência precisa agir para representar os aprendizados de cada um.

Cada aluno faz a sua história, constrói o seu aprendizado e decide o seu futuro. Cada aluno decide a sua sintonia e o assédio que receberá. E ele receberá!  Mesmo que não saiba ou não perceba, ele receberá...

Da mesma forma que os espíritos da dimensão extrafísica podem interagir com os alunos da escola Terra no plano físico, os alunos encarnados também pode comunicar-se com os espíritos, desde que para isso eles estimulem seus mecanismos sutis de percepção.

Ao final do estudo, no período que representa uma encarnação, o aluno perde o seu corpo físico que lhe serviu de veículo e ele retorna (em espírito) ao plano espiritual para concluir qual foi o seu desempenho.

Alguns mergulharam tanto na matéria, que demoram muito tempo para perceber que retornaram a sua morada espiritual, com isso sofrem, adormecem, apegam-se ao passado, apegam-se a emoções ilusórias e atrasam seus projetos evolutivos.

Outros, conscientes de seus erros e esquecimentos, no contato com a dimensão espiritual a qual é a sua morada original, recuperam suas consciências e organizam-se para planejar uma nova jornada  na escola Terra. Sabedores das suas condições de “repetentes”, pedem a oportunidade e o amparo para voltarem o quanto antes, a fim de encontrar sua redenção.

Já um grupo um pouco menor em proporção, volta aos lares espirituais conscientes da jornada e agradecidos pelo bom desempenho que tiveram no período da encarnação. Conhecedores da lei da evolução constante organizam-se rapidamente para o novo retorno com propósitos de continuar lapidando e aprofundando os aprendizados.

Este é caminho básico de morte e nascimento, ou melhor, de morte e renascimento. Isto também contextualiza a explicação necessária para justificar o desapego, pois a morte é o retorno a nossa morada original, bem como o nascimento é ingresso na nova jornada de aprendizado, em tese, jamais deveríamos temer ou sofrer.

Essa informação também serve para fazermos a seguinte reflexão: por que erramos tanto? Por que caímos em tantos erros? Por que falhamos tanto nos mesmos desafios?

A resposta é simples: esquecemos de que somos e de onde viemos! Somos o espírito, apenas estamos corpo...

O que fazer para vencer essa tendência ao esquecimentos?

Simplesmente viver com o foco de quem somos e de onde viemos em essência. Na prática, isso se traduz em viver uma experiência material com a consciência de que estamos interagindo com outros planos,  e que esses por sua vez, tem condições plenas de tutelar a nossa jornada de evolução. Em outras palavras, quanto mais estivermos conscientes e perceptivos aos planos sutis, maiores serão as nossas chances de termos uma vitória encarnatória*.

Para cumprirmos bem esse papel, precisamos aprender a desenvolver a sensibilidade ao extrafísico. Na comunidade espiritualista essa faculdade é conhecida como mediunidade.

A mediunidade é como uma planta que cresce com o cuidado adequado, por isso para aumentar as faculdades da percepção é preciso treino contínuo. A notícia boa é que o ser humano tem naturalmente desenvolvido uma dose de mediunidade, ficando por conta da dedicação maior ou menor de cada um, o seu aprimoramento.

Quando a mediunidade se manifesta com mais evidência e clareza, a pessoa aprende que é dos planos extrafísicos que surgem as melhores lições, ideias, saídas, amparos, em outras palavras, percebe que não podemos viver desligados de quem realmente somos.

Mas a mediunidade deve ser construída juntamente com uma relação de amizade. Devemos dar força e foco para que as relações sejam construídas com base em sentimentos sinceros, verdadeiros, pautados no amor e no altruísmo consciente*.

Quanto tempo dura uma relação pautada no egoísmo e na cobrança?
Pouco?

Como é uma relação onde às pessoas ficam pedindo, pedindo sem querer dar nada em troca?
Conflitante, desequilibrada.

Como seria a amizade entre duas pessoas que não se falam não se telefonam e nunca interagem?
Impossível, não é mesmo?

A força que vem do plano espiritual deve ser construída. Construída por uma parceria entre você e um grupo de seres que vê nessa relação uma troca mútua de energias. Esse talvez seja um dos fatos mais relevantes que poucos espiritualistas compreendem. Formamos grupos!

Grupos de espíritos unidos por afinidades. É a lei da atração ou lei da afinidade agindo!
E a pergunta essencial é: Afinidade de que?

Então você acha mesmo que se você usa a sua mediunidade apenas para aspectos egoístas, então seu grupo será somente de seres de luz? E se você só quer usar a sua mediunidade quando está com vontade, você então considera que o seu grupo será completamente abnegado e pronto para lhe ajudar a qualquer hora?

Formamos o nosso grupo com base em pessoas e espíritos desencarnados com os mesmos propósitos e afinidades. Por isso é correto dizer que muitos de nós temos parcerias compostas por espíritos egoístas, egocêntricos, vaidosos, irritados e que poucas vezes dedicam tempo para ajudar ao próximo.

Também formamos ao logo da vida parcerias com espíritos preguiçosos, acomodados e sem nenhuma ambição de evolução ou movimento.

Alguns formam parcerias com espíritos que adoram “bater cartão”, ou seja, se uma ajuda precisar ser feita após as 20h, então não dá!

Somos nós os canais, os espíritos encarnados... Somos nós que decidimos que tipos de canais ser! Egoístas ou altruístas, conscientes ou ignorantes, somos canais dos planos extrafísicos!  E a verdade que deve abalar a forma como nos disponibilizamos ou não como canais é:

Para vencer em uma jornada terrena de uma encarnação, teremos que aprender a ser bons canais.


A FUNÇÃO DOS CANAIS

 A alta espiritualidade, que na prática quer dizer a dimensão extrafísica envolvida por maior esclarecimento, a qual é considerada a morada dos Grandes Seres Iluminados, envia-nos proventos constantemente para que possamos evoluir e aprender desenvolver o amor. Ocorre que essa ajuda vem de forma sutil, sem fazer atalhos.  Quando uma força vem de um nível acima da existência, para se manifestar no nível inferior, ela precisa de intermediários, que neste caso chamamos de canais.

Podemos afirmar com o mais elevado nível de certeza que a Alta Espiritualidade procura a todo momento, bons canais para que possam ser transmitidas novas doses de cura, paz, alegria, entendimento, amor e fé para a humanidade.

Assim são inspirados os políticos, os líderes de todas as áreas, as celebridades, os religiosos, os inventores e os grandes empresários. Mas também da mesma forma e com a mesma intensidade são estimulados os cidadãos comuns, como eu e você, porque o amor é para todos. Assim como o sol que brilha sem distinção, sem julgamento ou preconceito, e ilumina a todos, a força de luz e amor da Alta Espiritualidade age sobre todos os seres humanos. A diferença entre aqueles que absorvem essa força e a retransmitem para a humanidade está na percepção, no foco e no poder do altruísmo, porque somos todos canais!

Da mesma forma que pessoas boas, com interesses elevados servem aos planos superiores para objetivos construtivos e amorosos, as pessoas alienadas, rebeldes, revoltadas, viciadas, reclamonas, vingativas, vaidosas, excessivamente críticas e ranzinzas também servem como canais de espíritos interessados na decadência humana, pois como já falado, a sintonia é a escolha de cada um, mas o assédio é inevitável. Só podemos decidir se o assédio é para o bem de um ou para o bem de todos, ou se é para o mal de um ou de muitos.


DEFINIÇÕES

CANAL
Canal no contexto da visão espiritualista é o ser disposto ou pró-ativo, a transmitir vibrações conscientes de um nível vibracional da existência para outro.  Todo indivíduo pensante é um canal. O Cérebro físico é um elemento receptor, emissor e transmissor de impulsos vibratórios. A aura humana da mesma forma capta vibrações sutis muito densas e as propaga para um nível mais denso da existência, portanto, todos essencialmente temos o dom de sermos canais.


TIPOS DE CANAIS

Canais conscientes
Indivíduos que compreendem o mecanismo e assim agem confiantes nos impulsos ou estímulos que recebem.

Canais semi-conscientes
Indivíduos que pouco compreendem o mecanismo e assim agem hora acreditando nas percepções que tem, hora as ignorando. Muitas vezes percebem que agem por força de estímulos sutis, já em outros momentos não sentem e nem consideram nada.

Canais inconscientes ou ignorantes
São indivíduos que não compreendem e consideram o mecanismo, mas que podem agir graças à influência de impulsos ou estímulos extrafísicos. Mesmo que a pessoa não considere essa hipótese, ainda sim, o seu mecanismo essencial sofre a influência de forças mais sutis, as quais podem afetar suas atitudes.


TIPOS DE AÇÕES:

Interessados no bem maior
Canais conscientes da necessidade da tarefa de ajudar grupos maiores de pessoas ou situações que envolvam grandes localidades ou regiões. São normalmente pessoas portadoras de sentimentos nobres, pois percebem em seus corações o chamado sempre que ele é feito. Neste tipo de ação, as vibrações densas do astral inferior da espiritualidade não penetram por conta da elevação envolvida nos espíritos que atuam formando parcerias muito coesas com esses canais.

Interessados no o bem de grupos menores e de e interesses específicos
São os indivíduos os quais sempre que as pessoas ou situações próximas estão necessitando de amparo, mostram-se disponíveis. Embora seja aberto ao altruísmo, estão preferencialmente focados em causas relacionadas apenas aos seus carmas pessoais.
Quando os indivíduos deste tipo apresentam problemas de moral destorcida ou falha nos valores pessoais, podem tornar-se canais negativos.

Interessados em questões pessoais
São os indivíduos do tipo canais disponíveis desde que o assunto lhes traga vantagens e benefícios. Suas principais expressões são “eu, meu, minha, meus, minhas”. Não estão interessados no mal da humanidade, entretanto também não estão nada abertos em contribuir com a redução do sofrimento alheio. Quando os indivíduos deste tipo apresentam problemas de moral destorcida ou falha nos valores pessoais, podem tornar-se canais negativos com facilidade por conta da alta carga de egoísmo, carência e infantilidade emocional a que estão envolvidos.


MANEIRAS DE SER UM BOM CANAL

Faça tudo que puder ser feito, para de uma forma sempre ética, equilibrada e respeitosa, ajudar a diminuir o sofrimento próprio e alheio.

Faça tudo que puder ser feito, para de uma forma sempre ética, equilibrada e respeitosa, ajudar a aumentar a consciência e cultura própria e da humanidade.

Faça tudo que puder ser feito, para de uma forma sempre ética, equilibrada e respeitosa, equilibrar e curar as emoções inferiores, próprias e da humanidade.

Algumas palavras combinam com isso: Amor, perdão, compaixão, novas ideias, renovação, reforma íntima, respeito ao próximo, saber dar limites, compreensão, eliminar a cobrança, estudar, meditar, ter foco na missão da alma, ajudar, ajudar a se ajudar, se ajudar, rezar, rezar, rezar e saber quem você é em essência!

Por Bruno J. Gimenes

domingo, 22 de julho de 2012

Ame Todas as Criaturas



Ame Todas as Criaturas

Acredita-se que os humanos são os únicos membros da família de Deus, mas isto não é verdade. Deus dá origem a todas as criaturas.  Todos são Seus filhos, então porque não deveríamos amar a todos? O ditado “Todos devem ser felizes” não se aplica somente aos seres humanos.

O Senhor Supremo criou as vacas e elas fornecem leite gratuita e indiscriminadamente para todos. Os Vedas se referem à vaca como Gomata, Mãe Vaca, porque ela nos nutre com seu próprio leite. Não esta afirmado em nenhum lugar na Bíblia que podemos matar as vacas ou qualquer outro animal. No idioma aramaico original da Biblia, a palavra “brosimus” foi usada mais de vinte vezes. “Brosimus” significa “comida” e ela foi traduzida como “meat” (em inglês ‘meat’ significa carne). No inglês arcaico “meat” não significa carne, e sim comida, alimento. No entanto, a língua inglesa mudou e hoje a maioria das pessoas acredita erroneamente que a Bíblia Sagrada sustenta a ideia de que se pode comer carne animal.

O Antigo Testamento afirma claramente ‘não matarás’, isso significa que não devemos matar seres humanos, nem animais. O Alcorão também sanciona a matança e o consumo de vacas. O Senhor Supremo não criou os animais para nós os comermos. Para este propósito Ele criou as frutas, raízes, leite, manteiga, grãos e vegetais. Ele não ficará feliz se fizermos mal a qualquer um de Seus filhos, o que falar de matar nossa própria mãe.

As árvores, trepadeiras, porcos e insetos também são filhos do mesmo Senhor Supremo. Na cultura védica indiana é dito que não se deve andar em um campo após este ter sido arado e semeado, pois as sementes podem morrer. Não devemos causar dor ou sofrimento a nenhuma entidade viva.

Todos somos filhos do Senhor Supremo, que é a personificação e o reservatório da felicidade suprema para todos. Somos parte integrante dessa felicidade. A única diferença entre nós e O Senhor Supremo é que Ele é ilimitado e nós somos diminutivos. Somos qualitativamente iguais a Ele, mas desafortunadamente nos esquecemos de quem somos. Devemos tentar realizar esta verdade. Não devemos brigar com aqueles que possuem outros credos religiosos. A verdadeira religião de todas as almas é o amor e essa religião é única sem igual. Devemos amar a Deus e também uns aos outros, e assim todos poderão viver felizes neste mundo.


O Caminho do Amor
Sua Divina Graça Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Critique e o santo nome o deixará


CRITIQUE E O SANTO NOME O DEIXARÁ

Para conquistar krsna-prema sem falta

Sadhu-sanga, nama-kirtana, bhagavata-sravana
Mathura-vasa, dri-murtira sraddhaya sevana
Sakala-sadhana-srestha ei panca anga
Krsna-prema janmaya ei pancera alpa sanga
(Sri Caitanya-caritamrta, Madhya-lila 22.128-129)

“Devemos estar em Vrindavana sob a orientação de um sadhu, cantar os santos nomes, ouvir o Srimad-Bhagavatam da boca de lótus de um vaisnava rasika e servir à Deidade do Senhor com fé. Srila Rüpa Gosvani promete, logo, não resta dúvida de que, praticando estas cinco atividades, com certeza obteremos krsna-prema.”

Com uma condição

Mas há uma condição – não devemos desrespeitar nem ofender os vaisnava. Este é o nosso dilema. Cantamos hari-nama, moramos no lugar sagrado e ouvimos o Bhagavatam. Só que não ouvimos de fato, e algum de nós só agem como se estivessem seguindo algo. Falamos em público sobre o Bhagavatam e damos instruções aos outros, mas não nos protegemos contra ofensas aos vaisnavas. Em tom sarcástico ou de brincadeira, de alguma forma, acabamos por criticá-los ou desrespeitá-los.
Como o santo nome, que é o próprio Deus, não tolera isto em hipótese alguma, acabamos decepcionando e privados do verdadeiro fruto do cantar. Desta maneira, muitas vidas passam em vão. A qualquer custo, sejam muitíssimo cautelosos, evitando ofender os vaisnavas, pois ofender um vaisnava é ofender o santo nome.
Se vocês virem outro devoto fazendo algo errado, façam vista grossa. Deixem que vaisnavas elevados lhe apontem suas faltas e o corrijam. Vocês não têm como fazê-lo – por isso, cuidem apenas de seu bhajana. Se alguém mais não esta praticando bhajana, por que isso haveria de preocupá-los? Tratem de se comportar, e pronto. Deixamos de examinar nossas próprias faltas, mas queremos nos intrometer nas dos outros. Dia e noite, só falamos disso. É o que esta na moda hoje em dia – se adotarmos esta moda, perderemos a oportunidade de fazer bhajana.
Por favor, entendam isto de uma vez por todas. Em nossas próprias vidas, onde quer que percebamos alguma espécie de queda, algum desastre, alguma displicência com o bhajana ou alguma dificuldade material, saibamos que a causa principal desta coisa é o desrespeito ao guru e aos vaisnavas.
Ajamila era o mais caído dos caídos, mas não desrespeitava os vaisnavas. Era pecaminoso, porém, tão logo teve a companhia dos vaisnavas, deixou de cometer atividades pecaminosas e logrou cantar o santo nome puro. Onde quer que haja algum desrespeito aos vaisnavas, ao guru, aos santos, aos sadhus, às sagradas moradas do Senhor neste mundo ou aos santos nomes, começa o declínio de bhakti.


Harmonia
Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvani Maharaja

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Testemunha Infalível e os Verdadeiros Problemas da Vida


A Testemunha Infalível e os Verdadeiros Problemas da Vida

O tema que vamos tratar agora é o mais sublime: a glorificação do santo nome de Deus. Isto foi discutido por Maharaja Pariksit e Sukadeva Gosvami, em relação a um brahmana que estava muito caído e viciado em todo tipo de atividades pecaminosas, mas que foi salvo simplesmente por cantar o santo nome de Krishna. Este episódio se encontra no Sexto Canto do Srimad-Bhagavatam.

Os sistemas planetários do Universo são muito bem descritos no Quinto Canto do Srimad-Bhagavatam. Dentro do Universo, existem certos planetas que são infernais. Na verdade, não só no Bhagavatam, mas em todas as escrituras religiosas há descrições do céu e do inferno. No Srimad-Bhagavatam, indica-se onde estão esses planetas infernais e a que distância estão deste planeta, da mesma maneira que uma pessoa pode receber informações da astronomia moderna. Os astrônomos calcularam a distância que há entre aqui e a Lua, e a distância entre a Terra e o Sol; de forma semelhante, no Bhagavatam há descrições dos planetas infernais.

Mesmo neste planeta experimentamos diferentes condições atmosféricas. Nos países ocidentais próximos ao Polo Norte, o clima é diferente do clima da Índia, que se encontra perto do equador. Assim como há diferenças na atmosfera e nas condições de vida neste planeta, existem muitos planetas que possuem diferentes atmosferas e condições de vida.

Após ouvir a descrição dos planetas infernais dada por Sukadeva Gosvami, Pariksit Maharaja disse:

adhuneha maha-bhaga

yathaiva narakan narah

nanogra-yatanan neyat

tan me vyakhyatum arhasi

“Senhor, ouvi-Vos falar sobre os planetas infernais. Os homens muito pecaminosos são enviados a tais planetas”. (Srimad-Bhagavatam 6.1.6) Pariksit Maharaja é um vaisnava (devoto), e o vaisnava sempre sente compaixão pela aflição e sofrimento de seus semelhantes. Ele fica muito aflito com o sofrimento dos outros. Quando o Senhor Jesus Cristo apareceu, por exemplo, estava sumamente entristecido pelas condições de sofrimento em que as pessoas se encontravam. Todos os vaisnavas, ou devotos — qualquer pessoa consciente de Deus, ou consciente de Krishna — são assim compassivos, seja qual for o país ou religião a que pertençam. Portanto, blasfemar um vaisnava, um pregador das glórias de Deus, é uma grande ofensa.

Krishna, Deus, nunca tolera as ofensas cometidas aos pés de lótus de um vaisnava puro. Contudo, o vaisnava está sempre pronto a perdoar tais ofensas. Krpambudhi: o vaisnava é um oceano de misericórdia. Vancha-kalpa-taru: todo mundo tem desejos, mas o vaisnava pode satisfazer todos os desejos. Kalpa-taru significa “árvore-dos-desejos”. Existe uma árvore no mundo espiritual que se chama “árvore-dos-desejos”. Neste mundo material, da mangueira só se pode obter manga, mas, em Krishnaloka, assim como em todos os planetas espirituais ou Vaikunthas, todas as árvores são espirituais e satisfazem todos os nossos desejos. Isso é descrito no Brahma-samhita: cintamani prakara-sadmasu kalpa-vrksa.

O vaisnava recebe o nome maha-bhaga, que significa “afortunado”. Aquele que se torna um vaisnava e que é consciente de Deus é sumamente afortunado.

Chaitanya Mahaprabhu explicou que as entidades vivas vagueiam em diferentes espécies de vida, em diferentes sistemas planetários por todas as partes do Universo. A entidade viva pode ir a qualquer parte — ao inferno e ao céu — como queira e como se prepare. Existem muitos planetas celestiais, muitos planetas infernais e muitas espécies de vida. Existem 8.400.000 espécies de vida. A entidade viva vaga, errando através dessas espécies e criando corpos conforme a mentalidade que possui na vida presente. “Cada um colhe aquilo que semeia” — essa é a lei que rege esta situação.

Chaitanya Mahaprabhu diz que dentre todas essas inúmeras entidades vivas que viajam pelo mundo material, uma é afortunada, não todas. Se todas fossem afortunadas, todas teriam iniciado o cultivo da consciência de Krishna. O conhecimento sobre Krishna está sendo distribuído livremente em todas as partes. Mas por que as pessoas não o aceitam? Porque são desafortunadas. Por isso, Chaitanya Mahaprabhu diz que só aqueles que são afortunados se ocupam neste processo da consciência de Krishna e atingem uma vida agradável, feliz e plena de conhecimento.

É dever do vaisnava ir de porta em porta para tentar fazer com que as pessoas desafortunadas se tornem afortunadas. O vaisnava pensa: “Como essas pessoas podem ser salvas de sua vida infernal?” Esta foi a pergunta de Parksit Maharaja. “Senhor”, disse ele, “Disseste-me que, devido às atividades pecaminosas de uma pessoa, ela é colocada numa condição de vida infernal ou em um sistema planetário infernal. Pois bem, quais são os métodos purificatórios pelos quais tais pessoas podem se salvar?” Esta é uma pergunta muito importante. Quando um vaisnava vem, quando o próprio Deus vem, quando o filho de Deus vem ou Seus devotos muito íntimos vêm, sua única missão consiste em salvar os pecadores que estão sofrendo. Eles sabem como fazê-lo.

Ao se encontrar com o Senhor Nrsimhadeva, Prahlada Maharaja disse: “Meu querido Senhor, não estou muito ansioso acerca de minha própria liberação”. (Srimad-Bhagavatam 7.9.43) Os filósofos mayavadis preocupam-se muito em que sua própria salvação não seja interrompida. Eles pensam: “Se eu for pregar terei de me associar com outras pessoas e pode ser que eu caia, e então toda a minha iluminação desaparecerá”. Por isso, eles não vão pregar. Só os vaisnavas vão, com o risco de cair — mas não caem. Eles podem até mesmo ir ao inferno para libertar as almas condicionadas. Esta é a missão de Prahlada Maharaja. Ele diz: “Não me preocupo muito em ter de viver neste mundo material”.

Prahlada Maharaja também disse: “Eu não me preocupo comigo mesmo, pois de alguma maneira fui preparado para sempre estar consciente de Krishna”. Como ele está consciente de Krishna, tem certeza de que em sua vida seguinte irá para Krishna. O Bhagavad-gita afirma que se a pessoa executar cuidadosamente os princípios reguladores do cultivo da consciência de Krishna com toda a certeza alcançará o destino supremo em sua vida seguinte.

Prahlada Maharaja continua dizendo: “Para mim, só há uma fonte de ansiedade”. Note bem que, apesar de não ter nenhuma ansiedade em relação a si próprio, ainda assim ele tinha ansiedades. Ele disse: “Fico angustiado por aquelas pessoas que não são conscientes de Krishna. Essa é a minha ansiedade. No que diz respeito a mim, não tenho ansiedades, mas estou pensando naqueles que não são conscientes de Krishna”. Por que não são conscientes de Krishna? Maya-sukhaya bharam udvahato vimudhan. Estes patifes criaram uma vida falsa em prol de uma felicidade temporária.

Maya-sukhaya. Na verdade, isto é um fato. Temos uma civilização falsa. Todos os anos fabricam-se muitos automóveis e com este propósito tem-se que construir muitas estradas. Isso cria problemas e mais problemas. Por isso, maya-sukhaya, felicidade ilusória; e, não obstante, estamos tentando ser felizes desta maneira. Estamos tentando criar alguma maneira de sermos felizes, mas isto só traz outros problemas adicionais.

Atualmente, existem muitos e muitos automóveis, mas isto não resolve nenhum problema. Automóveis foram fabricados para ajudar a resolver os problemas da vida, mas eu experimentei que isto tem criado mais problemas. Quando meu discípulo Dayananda quis levar-me a um médico em Los Angeles, tive de sofrer o incômodo de viajar cinquenta quilômetros para que pudesse ser atendido.

Pode-se voar de Nova Iorque a Boston em uma hora, mas leva-se mais que isso apenas para chegar ao aeroporto. Esta situação chama-se maya-sukhaya. Maya significa “falso”, “ilusório”. Estamos tentando criar uma situação muito cômoda, mas acabamos criando outra situação incômoda. Assim funciona o mundo material. Se não nos sentirmos satisfeitos com as comodidades naturais oferecidas por Deus e pela natureza e desejarmos criar comodidades artificiais, então também teremos de criar algum incômodo. A maioria das pessoas não sabe disso. A maioria das pessoas pensa que está numa situação muito boa, mas na verdade está viajando oitenta quilômetros para ir ao trabalho ganhar a vida e mais oitenta para voltar. Devido a estas condições, Prahlada Maharaja diz que esses vimudhas — essas pessoas materialistas, esses patifes — criaram um fardo desnecessário para si próprios, somente para conseguir felicidade temporária. Vimudhan, maya-sukhaya bharam udvahato. Portanto, na civilização védica se recomenda que a pessoa se liberte da vida material, adote sannyasa, a ordem de vida renunciada, e prossiga na vida espiritual sem absolutamente nenhuma angústia.

Se a pessoa pode cultivar a consciência de Krishna na vida familiar isto é muito bom. Bhaktivinoda Thakura era um chefe de família, um magistrado, e ainda assim executou serviço devocional muito bem. Dhruva Maharaja e Prahlada Maharaja eram grhasthas, casados, mas foram treinados de tal maneira que mesmo casados não tiveram nenhuma interrupção no seu serviço. Portanto, Prahlada Maharaja disse: “Eu aprendi a arte de permanecer sempre consciente de Krishna”. Qual é esta arte? Tvad-virya-gayana-mahamrta-magna-cittah: simplesmente glorificar as atividades e os passatempos gloriosos do Senhor. Virya significa “muito heroico”.

As atividades de Krishna são heroicas. Vocês podem ler sobre elas no livro Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. O nome de Krishna, Sua forma, Suas atividades, Seus associados e todas as outras coisas relacionadas a Ele, são heroicas. Prahlada Maharaja disse em relação a isto: “Eu estou certo de que, aonde quer que eu vá, poderei sempre glorificar Suas atividades heroicas e assim estar a salvo. Não há nenhuma possibilidade de que eu caia. Contudo, estou angustiado por essas pessoas que criaram um tipo de civilização em que estão sempre trabalhando tão arduamente. Estou pensando nelas”.

Prahlada disse também:

prayena deva munayah sva-vimukti-kama

maunam caranti vijane na parartha-nisthah

naitam vihaya krpanan vimumuksa eko

nanyam tvadasya çaranam bhramato 'nupasye

“Meu querido Senhor, existem muitos sábios e pessoas santas que estão muito interessados em sua própria liberação”. (Srimad-Bhagavatam 7.9.44) Munayah significa “pessoas santas” ou “filósofos”. Prayena deva munayah sva-vimukti-kamah: eles estão muito preocupados com sua própria liberação. Eles procuram viver em lugares solitários, como os Himalaias, não falam com ninguém e sempre têm medo de se misturar com as pessoas comuns da cidade, achando que ficarão perturbados, ou que talvez caiam. Eles pensam: “Melhor que eu me salve”.

Prahlada Maharaja lamenta o fato de estes grandes santos não irem à cidade, onde as pessoas criaram uma civilização em que há trabalho muito árduo dia e noite. Esses santos não são muito compassivos, mas Prahlada Maharaja ficava muito preocupado com essas pessoas que estão trabalhando árdua porém desnecessariamente, só para o gozo dos sentidos.

Mesmo que haja alguma razão para trabalhar tão arduamente, ainda assim as pessoas não sabem qual é. Tudo o que conhecem é a vida sexual. Ou vão a um espetáculo de strip-tease, ou a um clube de nudistas ou a algum lugar semelhante. Prahlada Maharaja disse: naitan vihaya krpanan vimumuksa eko, “Meu Senhor, não desejo salvação apenas para mim. A menos que eu leve todos estes patifes comigo, não irei”. Ele se recusa a ir ao reino de Deus sem levar consigo todas essas almas caídas. Assim é o vaisnava. Nanyam tvadasya saranam bhramato 'nupasye: “Meu único desejo é ensiná-los a como renderem-se a Vós. Isso é tudo. Este é o meu objetivo”.

O vaisnava sabe que tão logo uma pessoa se rende, seu caminho se abre. Naivodvije para duratyaya-vaitaranyas tvad-virya-gayana-mahamr ta-magna-cittah: “De uma maneira ou outra, que eles se prostrem ante Krishna”. Este é um método muito simples. Tudo o que temos de fazer é prostrar-nos ante Krishna com fé, e dizer: “Meu Senhor Krishna, por muito tempo, por vidas a fio, estive esquecido de Vós. Agora tomei consciência de Vós. Por favor, aceitai-me”.

Isso é tudo. Se alguém simplesmente aprende esta técnica e se rende sinceramente ao Senhor, seu caminho se abre imediatamente. Estes são os pensamentos filosóficos de um vaisnava. O vaisnava está sempre pensando de que maneira as almas condicionadas podem ser liberadas. Ele está sempre ocupado, elaborando planos deste tipo. Tome por exemplo os Gosvamis. Qual era a missão dos seis Gosvamis de Vrndavana, os discípulos diretos do Senhor Chaitanya? Srinivasacarya nos dá a resposta: “Os seis Gosvamis, a saber, Sri Rupa Gosvami, Sri Sanatana Gosvami, Sri Raghunatha Bhatta Gosvami, Sri Raghunatha Dasa Gosvami, Sri Jiva Gosvami e Sri Gopala Bhatta Gosvami, são muito peritos em estudar minuciosamente as escrituras reveladas, com o propósito de estabelecer princípios religiosos eternos para o benefício de todos os seres humanos. Eles estão sempre absortos no humor das gopis, e se dedicam ao transcendental serviço amoroso a Radha e Krishna”. (Sad-Gosvami-astaka 2)

Com compaixão vaisnava semelhante a esta, Pariksit Maharaja disse a Sukadeva Gosvami: “Você descreveu os diferentes tipos de condições de vida infernal. Agora, diga-me como podem ser libertados aqueles que estão sofrendo. Por favor, explica-me este assunto”.

adhuneha maha-bhaga

yathaiva narakan narah

nanogra-yatanan neyat

tan me vyakhyatum arhasi

(Srimad-Bhagavatam 6.1.6)

Nara significa seres humanos, ou aqueles que estão caídos. Narakan narah/ nanogra-yatanan neyat tan me: “Como podem ser libertados de sofrimentos tão atrozes e dores tão terríveis?” Assim é o coração do vaisnava.

Maharaja Pariksit disse: “De uma maneira ou outra, eles caíram nesta vida infernal. Mas isto não significa que devam permanecer nesta condição. Deve haver algum meio pelo qual possam ser salvos. Assim sendo, por favor, explica-me como isto é possível”.

Sukadeva Gosvami respondeu (Srimad-Bhagavatam 6.1.7): “Sim, já descrevi os diferentes tipos de condições infernais típicos de uma vida muito dolorosa e severa, mas é preciso aprender como neutralizar isso”.

Como isto pode ser feito? As atividades pecaminosas são cometidas de diferentes formas. Podemos cometer uma atividade pecaminosa, ou planejar cometê-la ao pensar: “Matarei este homem”. De qualquer maneira, é pecaminoso. Depois que a mente pensa, sente e deseja, surge a ação.

O código penal americano diz que se o cachorro de alguém late para outra pessoa na rua, isto é uma ofensa por parte do dono do cachorro. Ninguém deve ser assustado pelo latido de um cachorro e por isso cada um tem de cuidar muito bem do seu. O cachorro não é responsável, porque é um animal, mas devido a que o dono tomou o cão por seu melhor amigo, ele é responsável perante a lei. Se um cão estranho entra em sua casa, ele não pode ser morto, mas os donos podem ser denunciados e condenados.

Assim como o latido do cão é ilegal, semelhantemente, quando se diz algo ofensivo a outras pessoas, isso também é pecaminoso. É como latir. Portanto, as atividades pecaminosas são cometidas de muitíssimas maneiras. Pode ser que pensemos em atividades pecaminosas, ou que falemos algo pecaminoso ou que de fato realizemos algo pecaminoso; tudo isto é considerado atividade pecaminosa. Por conseguinte, tem-se que sofrer um castigo por essas atividades pecaminosas.

As pessoas não creem na vida após a morte, porque querem evitar este problema. Mas não podemos evitá-lo. Devemos agir conforme a lei ou seremos punidos. Da mesma forma, não posso fugir da lei de Deus. Isto não é possível. Posso enganar os outros, roubar e me esconder, salvando-me assim do castigo da lei do Estado, mas não posso escapar de uma lei superior: a lei da natureza. É muito difícil. Existem muitas testemunhas. A luz do dia é testemunha, a luz da Lua é testemunha e Krishna é a testemunha suprema. Não se pode dizer: “Estou cometendo este pecado, mas ninguém está me vendo”.

Krishna é a testemunha suprema, e Se encontra situado dentro do coração de cada um. Ele sabe o que cada um pensa ou faz. Ele também dá a facilidade para que as coisas possam ser feitas. Se alguém quer fazer algo para satisfazer seus sentidos, Krishna dá a facilidade para esta atividade. Isto está declarado na Bhagavad-gita. Sarvasya caham hrdi sannivistah: “Eu estou situado no coração de todos”. Mattah smrtir jnanam apohanam ca: “De Mim vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento”.

Desta forma, Krishna nos dá uma oportunidade. Se alguém deseja Krishna, então Ele lhe dará a oportunidade de conhecê-lO, e se alguém não deseja Krishna, então Ele lhe dará a oportunidade de esquecer-Lhe. Se alguém deseja desfrutar a vida esquecendo-se de Krishna, esquecendo-se de Deus, então Krishna lhe dará toda a facilidade necessária para que a pessoa O esqueça, e se alguém deseja desfrutar a vida com consciência de Krishna, então Krishna lhe oferecerá a oportunidade de progredir no cultivo da consciência de Krishna. Isto está nas mãos de cada um.

Se pensarmos que podemos ser felizes sem consciência de Krishna, Krishna não Se opõe a nós. Após aconselhar Arjuna, Ele disse simplesmente: “Agora já lhe expliquei tudo. Você pode fazer o que desejar”. Arjuna respondeu imediatamente: “Agora cumprirei Vossa ordem”. Isto é consciência de Krishna.

Deus não interfere em nossa pequena independência. Se alguém quiser agir de acordo com a ordem de Deus, Deus o ajudará a fazê-lo. Mesmo que às vezes caia, ainda assim, caso se torne sincero — “Deste momento em diante, hei de permanecer consciente de Krishna e cumprir Suas ordens” — então Krishna certamente o ajudará. Sob todos os aspectos, mesmo que a pessoa caia, Ele a perdoará e dará mais inteligência. Esta inteligência dirá: “Não faça isto. Agora siga com seu dever”. Entretanto, se alguém desejar esquecer Krishna, se desejar ser feliz sem Krishna, Ele proporcionará tantas oportunidades que essa pessoa se esquecerá de Krishna vida após vida.

Pariksit Maharaja diz aqui: “Não é por eu dizer que Deus não existe que então Deus não existirá e que eu não serei responsável pelo que faço”. Esta é a teoria dos ateus. Os ateus não querem Deus porque estão sempre pecando; se eles aceitassem a existência de Deus, então se veriam forçados a estremecer ante a ideia do castigo. Em consequência disso, eles negam a existência de Deus. Este é o processo deles. Eles acham que, se não aceitarem Deus, não haverá castigo e eles poderão fazer tudo que desejarem.

Quando os coelhos são atacados por animais maiores, eles fecham os olhos, pensando: “Não vou ser morto”. Mas são mortos de qualquer maneira. De forma semelhante, pode ser que neguemos a existência de Deus e a lei de Deus, mas, ainda assim, Deus e Sua lei existem. Talvez alguém diga no Supremo Tribunal: “Não me preocupo com a lei do governo”, mas ele será forçado a aceitá-la.

Quem negar a lei estatal será preso e terá de sofrer. Da mesma maneira, pode ser que uma pessoa, por ignorância, censure a existência de Deus — “Deus não existe”, “Eu sou Deus” — mas, apesar disso, ela será responsável por todas as suas ações, tanto boas quanto más.

Há dois tipos de atividades: as boas e as más. Se alguém age bem e executa atividades piedosas, recebe boa fortuna, e se age pecaminosamente, tem de sofrer.

Há diferentes tipos de expiação. Se alguém comete algum pecado e o anula com outra coisa, isto constitui expiação. Há exemplos disto na Bíblia. Sukadeva Gosvami diz: “Você deve entender que é responsável pelo que faz, e, segundo a gravidade da vida pecaminosa, deve aceitar algum tipo de expiação, como está descrito nos sastras, as escrituras”.

Na realidade, assim como o doente deve ir ao médico e pagar os honorários como uma forma de expiação; segundo o modo de vida védica, há uma classe de brahmanas, à qual devemos recorrer para buscar a expiação prescrita, de acordo com os pecados que tenhamos cometido.

Sukadeva Gosvami diz que temos de executar a penitência prescrita de acordo com a gravidade de nossa vida pecaminosa. Ele continua o exemplo, dizendo: dosasya drstva guru-laghavam yatha bhisak cikitseta rujam nidana-vit. Quando a pessoa vai ao médico, este lhe prescreve um remédio caro ou barato, dependendo da gravidade da doença. Se ela só tem uma dor de cabeça, talvez o médico lhe prescreva uma aspirina, mas se tem algo grave, ele pode lhe indicar uma intervenção cirúrgica que custará milhares de dólares. Analogamente, a vida pecaminosa é uma condição doentia, e, portanto, deve-se seguir o tratamento prescrito para se recuperar a saúde.

A aceitação da cadeia de nascimentos e mortes é uma condição enferma da alma. A alma não nasce, nem fica doente, porque é espírito. Krishna diz no Bhagavad-gita (2.20): na jayate, a alma não nasce, e mriyate, não morre. Nityah sasvato 'yam purano/ na hanyate hanyamane sarire. A alma é eterna; não se perde com a dissolução deste corpo. Na hanyate significa que não é morta nem destruída, sequer após a destruição do corpo.

O que está faltando na civilização moderna é um sistema educacional que oriente as pessoas no que se refere ao que ocorre após a morte. Atualmente, temos a educação mais defeituosa de todas, porque, sem este conhecimento do que ocorre após a morte, morre-se como um animal. O animal não sabe que vai ter outro corpo. Ele não tem este conhecimento.

O objetivo da vida humana não é que o homem se torne um animal. Não devemos estar interessados somente em comer, dormir, ter vida sexual e nos defender. Pode ser que alguém tenha ótimas facilidades para comer, ou ótimos apartamentos para dormir, ou ótimas oportunidades para a vida sexual, ou muita força defensiva para sua proteção, mas isto não significa que este alguém seja um ser humano. Este tipo de civilização constitui vida animal. Os animais também estão interessados em comer, dormir e fazer sexo, e também se defendem à sua própria maneira. Então, qual é a diferença entre a vida humana e a vida animal, se a pessoa só se dedica a estes quatro princípios de natureza corpórea?

A diferença surge quando um ser humano se torna inquisitivo: “Por que fui colocado nesta condição desoladora? Existe algum remédio? Existe uma vida eterna? Eu não quero morrer. Quero viver feliz e pacificamente. Há alguma oportunidade para isto? Qual é este método? Qual é esta ciência?”. Quando estas perguntas se apresentam e se tomam medidas para respondê-las, isto é civilização humana; de outra forma, é civilização canina, civilização animal.

Os animais se satisfazem se podem comer, dormir, ter um pouco de sexo e defender-se. Na realidade, não existe defesa, pois ninguém pode proteger-se das mãos da morte cruel. Hiranyakasipu, por exemplo, quis viver para sempre e por isso se submeteu a austeridades severas. Hoje em dia, pretensos cientistas estão dizendo que, no futuro, deteremos a morte mediante meios científicos. Esta é uma declaração demente. Isto não é possível. Pode ser que alguém progrida bastante em relação ao conhecimento científico, mas não existe nenhuma solução científica para estes quatro problemas: nascimento, morte, velhice e doença.

Alguém que seja inteligente anseia por resolver estes quatro problemas fundamentais. Ninguém quer morrer, mas não há remédio. Tem-se que morrer. Todos estão muito ansiosos por deter o crescimento populacional, mediante muitos métodos anticoncepcionais, mas, ainda assim, o nascimento continua. Assim é que não há como deter o nascimento. Pode ser que alguém invente remédios modernos mediante seus métodos científicos, mas ninguém pode deter as doenças. Não é possível tomar um comprimido que elimine todas as doenças.

No Bhagavad-gita, afirma-se: janma-mrtyu-vyadhi-duhkha-dosanu-darsanam, alguém pode pensar que resolveu todos os problemas de sua vida, mas qual é a solução para estes quatro problemas: nascimento, morte, velhice e doença? A solução é o cultivo da consciência de Krishna.

No mesmo livro (Bhagavad-gita 4.9), Krishna diz também:

janma karma ca me divyam

evam yo vetti tattvatah

tyaktva deham punar janma

naiti mam eti so 'rjuna

Cada um de nós está abandonando seu corpo gradualmente. A última fase deste abandono denomina-se morte. Krishna, no entanto, diz: “Se alguém compreender Meu aparecimento, desaparecimento e atividades — não superficialmente, mas de fato —, após abandonar este corpo, nunca mais voltará a aceitar um corpo material”.

Que acontece com essa pessoa? Mam eti: regressa a Krishna. Se alguém quer ir até Krishna, então tem de preparar seu corpo espiritual. Isto é consciência de Krishna. Se nos mantivermos conscientes de Krishna, gradualmente estaremos preparando nosso corpo seguinte, um corpo espiritual, o qual nos levará de imediato a Krishnaloka, a morada de Krishna, e assim nos tornaremos felizes. Viveremos lá perpétua e alegremente.

Srimad-Bhagavatam Ki Jay