Acordei hoje com a certeza de que devemos aprender a receber tudo como um presente. É um exercício útil, necessário, indispensável, fundamental. Mas não é fácil.
Dói muito em todos nós receber ingratidão, inimizade, desrespeito, falta de consideração, agressões, rejeição, ofensas ao invés do contrário, que nós nos imaginamos merecedores. E, na verdade, muitas vezes realmente somos merecedores do bem e de coisas melhores.
Há muito tempo, ouvi uma história que nunca esqueci, embora não tenha usado esse conhecimento da melhor forma, até agora.
Dizem que certa vez um pobre resolveu presentear um rico por ocasião do aniversário desse. Assim, tomou uma cesta, encheu-a de flores e foi ao palácio do rico, com o coração cheio de alegria e amor. Entregou o presente ao empregado que levou-o ao patrão, que por sua vez, do alto de sua soberba, orientou o funcionário a retribuir a cesta cheia de lixo, sujeiras, coisas apodrecidas. Assim fez o empregado: encheu a bandeja de sujeiras e devolveu-a ao pobre, dizendo ser a retribuição do patrão pelo presente. O pobre, cheio de humildade, agradeceu o estranho presente, acrescentando com um sorriso: "A gente dá aquilo que tem de melhor."
Também já li essa história contada de forma inversa, mas a ordem dos fatores não altera o produto. O que importa é a lição. Precisamos aprender a dar o que nós temos de melhor. E, o mais importante: devemos aprender a recolher com amor e gratidão tudo aquilo que recebemos dos outros, julgando que se trata do melhor que a pessoa tem a nos oferecer no momento. Talvez seja uma variação do 'dar a outra face", de Jesus.
Se somos ou não merecedores da ingratidão ou do desrespeito, não importa. Importa ver tudo como um verdadeiro presente: como o melhor que o outro nos podia dar, como o melhor para o nosso crescimento e aprendizado no momento, como aquilo que, de forma consciente ou inconsciente, precisamos. Muitas vezes, o lixo que recebemos, pode ser transformado no adubo que nos faz crescer. Vamos pensar nisso e exercitar, pois não se trata de um exercício fácil, embora seja simples.
Aceitar o que vem, agradecer, devolver o nosso melhor (já que temos consciência para isso), desejando o bem, sempre. É um exercício que elimina a revolta e traz a paz ao coração. Isso também não quer dizer que devemos ser 'capachos' do outro. Trata-se apenas de respeitar a impossibilidade do outro ser melhor momentaneamente. Acredito que devemos evitar novas situações em que a pessoa possa ser levada a nos presentear infinitamente com as mesmas coisas.
E é disso que estou precisando no momento, então vou ali, exercitar um pouquinho mais.
Recolher pedras de ingratidão por pétalas de carinho é heroísmo de muitos.
Emmanuel
Por: Bia Sotini
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