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quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Meu Nível de Ignorância

O meu nível de ignorância reflete o limite de alcance da minha consciência; revela o pouco que já sei e o tanto que ainda me resta aprender. Quanto mais falo, mais revelo e reconheço esse nível. Mas eu preciso estar sempre atento, com os ouvidos bem aguçados para escutar as minhas próprias palavras. Escutar aquilo que falamos é uma boa maneira de reconhecer nossas atitudes interiores e modificá-las; é uma boa maneira de aprender.

A nossa resistência é grande em se tratando de reconhecer nossas próprias deficiências. Somos impelidos a nos achar sempre sabedores sobre algumas coisas, quando não sobre tudo, e a pensar de modo definitivo sobre assuntos diversos, esquecendo que tudo o que existe são campos abertos de possibilidades a serem explorados. Opinamos e defendemos pontos de vista que não representam necessariamente um saber, ou conhecer, mas quase sempre justamente aquilo que mais estamos em deficiência, e que mais estamos necessitando aprender. Aqueles que mais falam são os que mais precisam, ou querem aprender alguma coisa, mas a maioria não escuta suas próprias palavras.

Já me envergonhei muitas vezes ao prestar atenção nas minhas próprias palavras quando estou orientando alguém em terapia, ou fazendo minhas palestras. Incontáveis vezes me dou conta de estar falando para mim mesmo, fora as muitas outras que não tive esta percepção. Com o tempo e a prática, fui percebendo que em todos os casos quem mais precisa ouvir aquelas orientações sou eu mesmo. É intrigante constatar isso, e admitir que somos todos instrumentos uns dos outros refletindo, como espelhos, os aspectos de nossas personalidades que não percebemos. A imagem que temos de nós mesmos é sempre aquela que nos agrada e satisfaz aos desejos do nosso ego, mas esconde muito daquilo que realmente somos e de nossa ignorância.

Todos nós ainda somos em grande escala ignorantes, ou seja, ignoramos mais que sabemos sobre a vida, a consciência, os universos, os cosmos, e sobre muitas pequenas coisas do cotidiano que passam despercebidas porque estamos olhando sempre para fora de nós, buscando fora de nós as respostas e as soluções que estão somente dentro de nós, e querendo ensinar os outros. Dentro de nós, é um modo de representar localmente um espaço referencial, que na nossa dimensão é importante, mas, de fato somos nós mesmos tudo isso – as perguntas e também as respostas. Se prestarmos mais atenção em nós; se nos aprofundarmos no centro meditativo que está em nós, encontraremos tudo o que estamos procurando. As respostas já existem antes mesmo de as perguntas serem feitas, porque as perguntas são originadas na nossa mente concreta, a mente material, e as respostas já existem na mente espiritual, o mental intuitivo, relacionado ao Eu Superior. Aprender a lidar com esse complexo ser que somos, é o que referimos como autoconhecimento. Aceitar as limitações de nossos conhecimentos sobre nós e a vida, e desenvolver habilidades que possuímos latentes, pode ser o caminho do autoconhecimento, ou, pelo menos os primeiros passos nele.

Talvez, num certo tempo futuro quando a consciência tiver se expandido quase ao infinito, possamos nos encontrar com o ser todo especial, todo luz, que buscamos lá fora por eras sem fim. Nesse imaginário futuro, estaremos diante de nós mesmos; diante daquilo que tanto, e por tanto tempo, buscamos em lugares diferentes e doutrinas diversas, tudo isso apenas nos conduzindo ao nosso próprio autoconhecimento. O ser espiritual que buscamos nos ritos e iniciações pode se encontrar lá, diante dele mesmo, em contemplamento de si mesmo, tendo diante de si a infinitude de seu Ser Eterno. A dimensão do Eterno nos escapa à compreensão por quanto não temos ainda desenvolvido um sistema nervoso capaz de suportar uma consciência em tão alto grau de expansão, capaz de entender o significado do Infinito. Temos necessidade de abarcar tudo dentro de espaço e tempo para nossa compreensão. Diante de tão incompreensível grandeza, ao nos confessarmos ignorantes, nos permitimos estar abertos para receber os novos conhecimentos que nos chegam pela via intuitiva. E com isso estamos desenvolvendo nosso sistema nervoso, em paralelo com a expansão da nossa consciência.

O meu nível de ignorância, por enquanto, só me permite cogitar e pressupor, experimentar e explorar o desconhecido, sem nenhuma certeza de nada. A cada dia descubro que sei menos, na mesma medida em que descubro que o infinito é infinito mesmo, e que eu, nesse nível de consciência humana que me encontro, sou incapaz de supor o que seja a Verdade. Quando olho para o infinito espaço celestial, tudo o que vejo são estrelas, nuvens e chuva, e aqui na minha ignorância, sem entender quase nada, me ponho a imaginar como será o Infinito!

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