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sábado, 18 de julho de 2009

A Grande Síntese – "Sua Voz"

INSTINTO E CONSCIÊNCIA - TÉCNICA DOS AUTOMATISMOS – Pietro Ubaldi

A Grande Síntese – "Sua Voz"

O que foi vivido e definitivamente assimilado é abandonado aos substratos da consciência, zona que podeis chamar de subconsciente. Por isso, o processo de assimilação, base do desenvolvimento da consciência, realiza-se justamente por transmissão ao subconsciente, em que tudo fica, mesmo se esquecido, pronto para ressurgir se um impulso a excita, ou um fato o exija.

O subconsciente é exatamente a zona dos instintos, das idéias inatas, das qualidades adquiridas; é o passado superado, inferior, mas adquirido (misoneísmo). Aí depositam-se todos os produtos substanciais da vida; nessa zona encontrais o que fostes e o que fizestes; reencontrais o caminho seguido na construção de vós mesmos, tal como nas estratificações geológicas reencontrais a vida vivida pelo planeta. A transmissão ao subconsciente ocorre justamente através da repetição constante. Então dizeis que o hábito transforma um ato consciente num ato inconsciente; com ele forma uma segunda natureza. Este é o método da educação. Palavras comuns que exprimem exatamente a substância do fenômeno. Podeis, assim, com a educação, o estudo, o hábito, construir-vos a vós mesmos. Logo que um ato é assimilado, a economia da natureza o deixa fora da consciência, porque, para subsistir, não mais precisa que ela o dirija. Logo que uma qualidade é apreendida, também é abandonada aos automatismos, em forma de instinto, de caráter que se fixou na personalidade.

Não se trata de extinção nem de perda, porque tudo subsiste e está presente e ativo, se não na consciência, pelo menos indubitavelmente no funcionamento da vida, e continua a produzir todo o seu rendimento. Somente é eliminado da zona da consciência, porque agora já pode funcionar sozinho, deixando o Eu em repouso. A qualidade assimilada e transmitida ao subconsciente cessa de ser fadiga e se torna necessidade, instinto. O impulso impresso na matéria fica e quando reaparece, exprime-se como vontade autônoma de continuar na sua direção, como criatura psíquica independente, criada por obra vossa; mas, agora, quer viver sua vida. Dessa maneira, a consciência representa apenas aquela zona da personalidade em que ocorre o esforço da construção do Eu e de sua ulterior dilatação. Em outros termos: limita-se unicamente à zona de trabalho, e é lógico. O consciente compreende somente a fase ativa, única que sentis e conheceis, porque é a fase em que viveis e trabalha a evolução.

Agora, podeis compreender algumas características inexplicáveis do instinto, assim como sua maravilhosa perfeição. No instinto, a assimilação está terminada. Então o fenômeno não está em formação, mas já atingiu sua última fase de perfeição. Por isso, o instinto é tenaz e sábio: existe por hereditariedade e sem aprendizado, justamente porque esse já ocorreu; age sem reflexão (tanto no animal, como no homem), exatamente porque já refletiu bastante. Foi superada a fase de formação, o ato reflexivo é inútil e é eliminado; a repetição constante cristalizou o automatismo numa forma que corresponde perfeitamente às forças ambientais; estas agiram de maneira constante.

Cálculo de forças, adaptações, ações e reações, sensibilidade e registro, concorrem para o transformismo. No crisol das formações estavam misturadas, em ebulição, forças reguladas, cada uma por um inato princípio-lei, próprio, perfeito; o resultado tinha de ser perfeito e exato.

O princípio diretor, que garantia a constância das ações e condições ambientais, permitiu a estabilização de reações constantes no instinto e, portanto, a correspondência deste com o ambiente.

Compreendeis, agora, a estupenda presciência do instinto e da infinita série de experiências, incertezas e tentativas, de que ela resulta. O indivíduo deve ter aprendido alguma vez essa ciência, porque do nada, nada nasce; deve ter experimentado a constância das leis ambientais pressupostas, a que correspondem seus órgãos, para as quais ele é feito e proporcionado. Sem uma série infinita de contatos, de experiências e adaptações no período de formações, não se explica uma tão perfeita correspondência de órgãos e instintos, antecipados à ação, dentro de uma natureza que avança por tentativas, e nem se explica sua hereditariedade. No instinto, a sabedoria já está conquistada; foi superada a fase de tentativas e a necessidade de submeter-se a uma linha lógica que, oferecendo várias soluções, demonstra a fase insegura e incerta dos atos raciocinados, onde o instinto conhece um só caminho, o melhor.

A razão cobre um campo muito mais extenso que o limitado pelo instinto (nisto o homem supera o animal, dominando zonas que ele ignora). Entretanto, em seu pequeno campo, o instinto atingiu um grau de amadurecimento mais adiantado, expresso pela segurança dos atos, e um grau de perfeição ainda não alcançado por nenhuma razão humana. Esta, nas tentativas, revela as características evidentes da fase de formação. Da mesma forma que o animal raciocinou rudimentarmente no período da construção de seu instinto, assim a razão humana, terminada a formação; alcançará um instinto complexo e maravilhoso, que revelará sabedoria muito mais profunda.

No homem, conserva-se todo o instinto animal, de que a razão é mera continuação. Agora podeis compreender que instinto e razão são simplesmente duas fases de consciência, a primeira já superada e, portanto, funcionando automaticamente; a segunda, em vias de formação. Não coloqueis os dois momentos do mesmo processo evolutivo em antagonismo. No homem, não apenas sobrevive todo o instinto do animal, como também a formação de novos instintos não cessa, tal como ocorreu para aquele e com o mesmo sistema, embora muito mais rapidamente, em vista da potência psíquica do homem, e num nível muito mais alto, em virtude da complexidade de seu psiquismo. Da mesma forma que, no homem, a fase instinto é inconsciente e a fase razão consciente, assim no animal, além do instinto inconsciente, existe pequena zona de formação, portanto, consciente e racional, embora de consciência e racionalidade primitivas. Se observardes, vereis que nem todos os atos dos animais estão cristalizados no instinto, existe sempre uma porta aberta para novas aquisições (aprendizado, domesticação etc.).

Entre a planta, o animal e o homem só existe a diferença devida ao caminho maior ou menor que foi percorrido. Pensais quanta parte de vós mesmos está confiada aos automatismos, como também a racionalidade humana tende a cristalizar-se em atitudes instintivas, como passa a ser instinto tudo o que foi profundamente conquistado.

Existe, pois, uma zona obscura do subconsciente e uma zona lúcida do consciente. Além disso, há uma terceira zona, a do superconsciente, em que tudo são expectativas, preparando-se as conquistas do amanhã: fase possuída apenas como pressentimento e contida, em germe, nas causas que atuam no presente, de que ele representa o desenvolvimento. Zonas que, em sua amplitude e posição, são relativas ao ser, de acordo com seu grau de desenvolvimento. Variam grandemente também no homem, conforme sua evolução pessoal, os limites do consciente. Aquilo que é consciente ou superconsciente para alguns, pode ser subconsciente (ou seja, caminho percorrido e experiências adquiridas) para outros mais adiantados. Esses limites variam, também, durante a vida do mesmo indivíduo, pois a vida é justamente o período das aquisições e transformações de consciência. A idade mais adequada a essas aquisições — em outras palavras, mais susceptível de educação — é a juventude. A consciência, refeita pelo repouso, é mais propensa à assimilação, ao estabelecimento de novos automatismos, que depois se fixarão indelevelmente no caráter; os primeiros, serão os mais profundos e mais resistentes.

Reassumindo rapidamente todo o caminho percorrido pela evolução, a zona da consciência tende sempre a subir, deslocando-se para o superconsciente; educação, hábitos bons e maus, tudo se fixa em automatismos transmitidos ao subconsciente. A fase lúcida do trabalho construtivo se transfere para campos mais elevados e mais profundos, para o âmago do ser, na assimilação de qualidades espirituais.

Assim nada se perde de todas as dores e lutas da vida, de todo bem e mal praticados. Não se perde fora de vós, pelo princípio de causa e efeito; não se perde dentro de vós, pelo princípio de transmissão ao subconsciente. A herança de vossas culpas como de vossos merecimentos, o resultado de todas as vossas fraquezas ou esforços, vós os carregais sempre convosco, de acordo com o que quisestes. A assimilação por automatismos e a transmissão ao subconsciente é o meio de transmissão para a eternidade das qualidades adquiridas, fruto de vosso trabalho. Cada ato tem um eco e deixa u’a marca. A técnica dos automatismos reside em vossa experiência cotidiana, na aquisição de cada habilidade mecânica ou psíquica. A objeção que poderíeis levantar contra a teoria da assimilação, por automatismos, das experiências vividas (isto é, perde-se um hábito por falta de uso) não vale, porque o que se transmite ao subconsciente é a aptidão e não o conhecimento. Vede que aquela permanece, mesmo quando o conhecimento esvanece pelo desuso, e sabe reconstruir rapidamente o que parece destruído. Daí todas as diversíssimas capacidades inatas, às quais tanto deve a vida, d’outra forma não teriam explicação. Se a repetição de inumeráveis atos de defesa deu ao animal o instinto da defesa, o agir moralmente conferirá ao homem hábitos morais; o pensamento desenvolve e enriquece a inteligência. Tendes, assim, um meio para poderdes retificar, continuamente, a substância de vossa personalidade: vós mesmos podeis plasmá-la para o bem ou para o mal. Assim, vosso destino, produzido pelas qualidades que assimilastes, constituído e cercado pelas forças que movestes, pode sempre sofrer retoques por vossas próprias mãos. Assim, o férreo determinismo, imposto pela lei de causalidade, abre-se na zona das formações estendidas para o futuro, num campo em que domina, unicamente, vosso livre-arbítrio, senhor da escolha, que mais tarde, salvo ulteriores correções, vos prenderá, por sua vez, na mesma lei de causalidade.

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