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Às margens do Jordão ecoava a voz de João Batista, anunciando o Messias.
Assim como o sol ardente queimava a pele, suas palavras queimavam nas almas dos ouvintes, vindos de todos os lados, sedentos de novas verdades. João fizera seu desenvolvimento interno no deserto. Aprendera a respeito de si através das provações, na solidão e na imensidão das terras áridas.
O Batismo de João era um ritual de passagem. A pessoa, submergida por ele nas águas do Jordão, era levada até o limiar da morte por afogamento e via desdobrar-se diante de si, em retrospectiva, o panorama de sua vida. Retornava, então, desta experiência com a autoconsciência intensificada e com uma nova compreensão do significado espiritual da própria vida.
Jesus de Nazaré andara um longo caminho até o Jordão. Na Galiléia de dois mil anos atrás, o caminho de um homem iniciado passava por vários graus de conhecimento e purificação.
Este homem que estava diante de João, não só percorrera todos os graus, como dele emanava tal força espiritual, que fez João recuar. Jesus de Nazaré viera para ser batizado por João Batista.
Diante, um do outro, de ambos emanava reconhecimento. João recusa-se a batizar aquele a quem tanto anunciara. Jesus insiste. “Eis-me pronto.” A sabedoria de João curva-se diante da força de amor que irradia de Jesus de Nazaré e ele consuma o Batismo.
Este Batismo, rompe o véu que separava o céu da terra e faz penetrar na alma humana um novo Eu, ou seja, a elevada força espiritual do Cristo.
O significado deste encontro repercutirá para sempre na alma humana nas palavras do Cristo: “Eu estarei convosco até o final dos tempos.”
Texto de Edna Andrade
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