Todo mundo tem problemas, isso é um fato. De uma forma ou de outra
sofremos pelas coisas que nos acontecem, pelos comportamentos das
pessoas à nossa volta, porque nossos planos não dão certos. Mas por
que permitir que aquilo que nos aflige tome proporções tão grandes em
nossas vidas? Por que não conseguimos esquecer o mal que nos fizeram e
lembrar apenas das coisas boas?
Por mais que já tenhamos ouvido falar da lei do pensamento positivo,
de imagens luminosas sobre nós mesmos e nossa vida, quando o
sofrimento bate na porta nos deixamos abater. Claro que ninguém quer
sofrer e quanto mais consciências têm de nossa espiritualidade, mais
tentamos fixar a mente em coisas positivas. Mas, parece que sofrer
virou um vício mental que temos que aprender a combater.
Concordo com a idéia de que é preciso ter consciência da dor e abraçar
a sombra quando ela aparece, pois como os Mestres ensinam, é através
da dor que lapidamos o nosso ego e evoluímos no caminho. Depois desse
tempo de aprender precisamos ganhar fôlego e tocar a vida em frente
usando nosso instrumental luminoso.
Refletindo sobre isso me lembrei de Conceição, uma mulher bonita com
seus 45 anos, vivendo já uma segunda relação estável, mas ainda
vestindo a roupagem da "boa menina". Muito suave, ela confessou que já
tinha realizado um trabalho semelhante ao meu e que foi muito útil no
seu aprendizado porque ela tinha uma resistência muito grande a
aceitar suas falhas já que usava fortemente seu racional para explicar
seus problemas para si mesma, e para tudo encontrava uma justificativa.
Comentei que o racional é fundamental para nosso aprendizado, mas que
temos que aprender a soltar a emoção, pois em muitos momentos da vida,
nossas emoções nos traem e acabamos por conta de não lidar direito com
elas fazendo coisas que nos trazem muito sofrimento. Na sessão de
vidas passadas, apareceu uma moça submissa à vontade dos pais que eram
pessoas boas, mas que cobravam demais sua assertividade.
Depois ela me contou que nesta vida se deparou novamente com uma
família com o mesmo perfil e que já entendia que precisa se libertar
desse tipo de aprisionamento. Ela tentava não ser perfeccionista, mas
dava valor demais ao que as pessoas pensavam sobre ela e sofria muito
quando achava que estava errando.
"Maria Silvia, quero fazer tudo perfeito para não receber críticas;
quero fazer tudo certo para ser amada... Parece que não mereço o
amor", disse ela num suspiro profundo. "Mas por que você acha que não
merece o amor das pessoas?". "Não sei, daí fico o tempo todo lutando
para não errar e assim o mundo fica muito pesado. Tudo parece errado e
quando faço as coisas para as pessoas elas não reconhecem..
livrar disso!".
Voltando às vidas passadas, apareceu, em seguida, Conceição casada com
um homem escolhido pelo pai como era costume na época. O marido dela
era muito egoísta, um verdadeiro déspota cuidando de cada detalhe da
vida familiar, não permitindo nenhum deslize.
Quando esse homem morre, ela ainda muito jovem volta a morar com a
família e se sente ainda mais maltratada pela vida. Ela finalmente se
liberta quando vê os filhos serem humilhados pelos tios e pelo avô que
repreende muito severamente as crianças.
Nesse momento ela é tomada de uma força muito grande que a impulsiona
a voltar a viver em sua fazenda e cuidar de tudo sozinha. Ela volta
e, contando apenas com os filhos, descobre sua força interior e tudo
na vida dela começa a mudar.
Sugeri a Conceição que ela fizesse coisas que lhe dessem prazer por
que o prazer na vida é essencial. Expliquei que também era
fundamental, que ela assumisse, certos controle da própria vida,
fazendo tarefas com começo, meio e fim. Como, por exemplo, pintar a
sua casa que era algo que ela queria fazer já há algum tempo, mas que
constantemente adiava por conta da bagunça que enfrentaria.
Expliquei que muitas vezes temos que encarar a desordem para ordenar
novamente o mundo à nossa volta e que, do mesmo modo que uma reforma
em nossa casa traz transtorno, também uma mudança de pensamento e
vibração também acarreta confusão; no entanto, os benefícios
decorrentes de uma atitude corajosa são grandes.
No nosso encontro conversamos ainda sobre fazer ginástica, caminhadas,
não adiar mais a prática de meditação e orações diárias. Enfim,
falamos bastante sobre pagar o preço de uma mudança.
Aprendi com os Mestres que para manter a casa interna limpa precisamos
de uma constante coragem em cuidar de nós mesmos, pois quando tomamos
consciência de um vício mental negativo, como reviver interiormente o
sofrimento, é preciso investir em forças luminosas e isso depende,
sim, da graça divina, mas também depende de nós. O empenho pessoal em
mudar um comportamento é imprescindível para a conquista da felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário