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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Exu – Orixá ou Demônio?

Exu (também conhecido como Eleguá, Elegba, Bará) é o dono de todas as estradas.

Alguns se mantêm nos cantos das ruas, alguns vivem nos bosques, alguns se mantém nas margens dos rios ou nas praias, alguns vivem em depósitos de lixo, alguns vivem nas portas dos cemitérios. Além de ser o mais importante dos Orixás, possui uma personalidade muito próxima da humana. É como Mercúrio, o mensageiro dos deuses na mitologia grega.

Considerando que ele se mantém nos caminhos, ele sabe por onde anda todo o mundo, contando tudo o que sabe para Orunmilá sobre a vida de uma pessoa antes que essa consulte o Oráculo de Ifá (jogo de búzios).

É o primeiro Orixá a receber adoração em todas as tradições de origem africana. Você deve ter Exu antes de ter qualquer outro Orixá, você deve fazer oferendas a Exu antes de fazer oferendas a qualquer outro Orixá.

A razão para isso é explicada na seguinte história:

O Criador, ou Olodumaré, ficou doente. Nenhum dos Orixás poderiam curá-lo. Finalmente, Olodumaré chamou Exu, que deixou a sua casa, nos bosques, onde juntou várias ervas medicinais e foi até Olodumaré, com sua bolsa de ervas nas costas. Exu pediu que todos os outros o deixassem a sós com Olodumaré e usou todo o seu conhecimento das ervas medicinais para curar o criador. Mostrando gratidão, Olodumaré determinou que daquele dia em diante, Exu seria o primeiro a comer, antes de qualquer outro Orixá. Isto deixou Exu muito feliz, pois mesmo morando no bosque, às vezes não tinha o bastante para comer. Assim foi como um dos mais novos Orixás tornou-se o mais importante e o mais poderoso.

Exu, para qualquer um que esteja familiarizado com qualquer religião, cumpre o papel de mensageiro divino. Em todas as tradições existem forças na natureza, ou presença espiritual, que permite que o homem se comunique com a natureza e permite à natureza se comunicar com os humanos. O mensageiro divino traduz o idioma da natureza para o idioma humano e traduz o idioma humano para a natureza.

Além de ser o Mensageiro Divino, Exu tem várias outras funções. É o que abre todas as portas. Cumprindo o papel de Exu como “malandro” divino, a maioria da literatura antropológica o identifica como uma forma de molestamento. Em quse toda a literatura, Exu é descrito como um fenômeno diabólico ou como o próprio diabo. Mas há uma função muito sagrada para os “malandros” em todas as culturas tradicionais. Esta função é trazer a cada um de nós a verdade de que somos interconectados e inter-relacionados. É a verdade eterna de que ninguém pode ser autoconfiante. O papel do malandro é deixar que aqueles que acreditam que todos os seus erros serão encobertos, que eles são fortes e nunca sofrerão, saibam que esta autopercepção pode não ser verdade. A meta de Exu, por trás dos seus truques, é criar a consciência da inter-relação de todos os seres humanos.

Essa inter-relação não está limitada às pessoas. Nós somos dependentes de outras pessoas para sobreviver no mundo e nós somos dependentes da comunicação com a natureza para viver em paz com o mundo. O “malandro” divino nos joga isso na nossa cara quando colocamos lixo nos rios, quando destruímos, de alguma forma, a harmonia da natureza. Sempre que cometemos algo assim, podemos esperar uma resposta de Exu.

Exu não é, no entanto, uma força arbitrária, malévola, que poderá lhe castigar quando você não se comporta bem. Este é o modelo cristão. O malandro divino é um princípio fundamental da estrutura da realidade, baseado na idéia de que se há um ovo chocando e alguma coisa com asas sai de dentro dele, há uma grande chance de que seja um pássaro. O universo não é arbitrário.

É um grande “adivinhador” que não precisa de um oráculo para ver o futuro. Ele possui as chaves para todas as portas, tanto para o mal como para o bem. Parece ter prazer assumindo compromissos, criando situações de aborrecimento entre os humanos. Mas suas ações, entretanto, são sempre justificadas, porque só ele sabe o verdadeiro significado da justiça e vê coisas que estão escondidas da humanidade, como também dos outros Orixás. Ele pode ser igualmente cruel e generoso, traiçoeiro, perigoso e caprichoso. Exu é o orixá mais alto, e também o mais baixo. O príncipe e um pobre que se sente igualmente à vontade em um palácio ou num depósito de lixo. Como Oyá (Yansã), ele rege os quatro ventos. É um grande curandeiro e um mestre na arte da magia. Seus feitiços e amuletos são muito poderosos e impossíveis de se destruir.

No Brasil, Exu é associado com o Diabo. Vive sempre fora da casa, para protegê-la e porque sua energia é muito forte para tê-lo dentro de casa. Por outro lado, trabalha diretamente com Olodumaré, para servir aos humanos e aos outros Orixás. Todos preferem manter boas relações com ele, inclusive os Orixás, para que todos os planos possam ter sucesso.

Identificando Exu em outras tradições ou mitologias

São Miguel, em algumas culturas, é uma das representações católicas para Exu. Em outras, ele é sincretizado com Santo Antônio (o casamenteiro). A razão do sincretismo com Santo Antônio não é bem explicada. Talvez esteja relacionada com as funções de Santo Antônio no folclore. Ele é freqüentemente chamado para encontrar objetos perdidos. Considerando que Exu é o Orixá que abre as portas de diversas maneiras, faz sentido pedir-lhe que recupere objetos perdidos. Igualmente, Exu é chamado para recuperar dinheiro, ou encontrar um companheiro, ou até mesmo para recuperar a saúde.

[i]”Papa Legba, ouvrez barriere pou moin passe”[/i].
Papa Legba, remova as barreiras do meu caminho.

Assim começam as orações para Legba na tradição haitiana. Exu é conhecido aqui como Legba. Legba é o primeiro Loa ou Orixá a ser invocado em qualquer cerimônia. Legba é visto na tradição haitiana como um homem velho que leva um saco nas costas e fuma um cachimbo. Ele também tem outros “caminhos” ou estradas na tradição haitiana como o Senhor das Encruzilhadas (Maitre Carrefour). Legba está em todos lugares, vê e ouve tudo. Ele sabe o que acontece com todo o mundo.

Hanuman é um semideus macaco dos hindus. Tenho certeza de que você está perguntando: “O que tem isto a ver com Exu?” Bem, antes que você proteste mais, me deixe mostrar as semelhanças. Freqüentemente, Exu é identificado com a esperteza do macaco. Exu está em algumas lendas como o filho de Oyá (Yansã) que supostamente o abandonou porque ela não tinha tempo para se envolver com a criação de uma criança, devido ao seu romance com Xangô e suas batalhas. Hanuman é o filho de Vaaya, o deus do vento. Ele não é a deusa do vento, mas, todavia, é o deus do vento que corresponde à mesma energia de Oyá. Hanuman serviu Rama, uma encarnação de Vishnu, lealmente, da mesma maneira que Exu serviu Olodumaré devotadamente. Hanuman era corajoso e grande guerreiro. Assim também nós consideramos Exu. Hanuman também vive nos bosques e assim também vive Exu, em muitas das suas encarnações.

Hermes é o Mensageiro dos deuses do Olímpio. Ele é o deus grego equivalente a Exu. Hermes também é um deus “malandro” e os ladrões buscavam a sua ajuda.. Ele trocou a sua lira com Apolo para fazer adivinhações para os plebeus. Ele carregava um caduceu, ou, uma baqueta mágica que ainda hoje existe em ambulâncias e outros logotipos médicos. Nosso Exu também é o mensageiro dos Orixás. Sem a sua ajuda, toda a comunicação entre os Orixás e entre os Orixás e a humanidade não ocorreria suavemente.

Não podemos esquecer de que Anúbis, é o deus egípcio que guia os mortos na sua caminhada para o outro mundo. Isto também se ajusta a Exu, pois existem certas encarnações de Exu que estão associadas com os espíritos dos mortos. Hermes evoluiu, obviamente, de Anúbis, mas como ele adquiriu as outras características de Exu que não existiam em Anúbis? É um mistério que não podemos explicar, mas podemos dizer que o Arquétipo Universal se manifesta em cada cultura ou sociedade.

Baphomet era o suposto deus da Ordem dos Cavaleiros Templários que depois foi incorporado em alguns ritos maçônicos. Atualmente, Baphomet se tornou um símbolo para os Satanistas, que inverteram o pentagrama original. Essa figura poderia representar Exu. Em primeiro lugar, é macho e fêmea, como Exu. Igualmente, tem os chifres do poder. Chifres sempre foram símbolos de poder e magia. No meio de tudo, está o caduceu de Mercúrio, outro símbolo de poder e domínio. As bruxas chamam esse símbolo de O Bode de Sabat. Este é um vínculo ao deus-bode, que era filho de Hermes, outra evolução na história de Exu. Isto é só uma teoria, e não espero que todos concordem com isso.

Loki é o deus “malandro” do povo escandinavo. Ele era visto como um homem velho. Isto corresponde um pouco ao conceito haitiano de Exu. Originalmente ele não era parte do Aesir, ou o grupo de deuses governantes na mitologia escandinava. Só depois que Odin fez um pacto com ele, como irmão de sangue, ele se torna parte do panteão. Este também é o caso de Exu. Exu era considerado pelos yorubanos como um ser primordial que existia antes mesmo da criação do mundo. Por outro lado, sob a influência de Olodumaré, era capaz de ajudar a humanidade. Talvez o atributo mais apropriado de Loki que corresponde a Exu é a malícia. Afinal de contas, o que é um malandro sem malícia e astúcia?

Às vezes, as pessoas tentam limitar a função de Exu, mas isso é um engano. Exu é uma benção, não só para ajudá-lo a evoluir espiritual e materialmente, mas ele dá uma certa proteção a você e a sua casa. Você não está só para lutar nas batalhas que a vida lhe oferece.

Algumas pessoas enxergam Exu como o gênio da lâmpada, esperando ter todo o desejo cumprido por ele, como se ele fosse um escravo para lhes ajudar a ganhar na loteria ou ficar rico da noite para dia. Normalmente essas pessoas ficam desapontadas, pois não é esse o caso. Às vezes o que queremos, na verdade não nos interessa e não temos a visão para enxergar isso, num dado momento, em particular. Os Orixás possuem esta visão. Freqüentemente ouço alguns comentários: “Meu Exu não trabalha para mim”. Aos que receberam um Exu, saibam que ele está sempre lá, protegendo você, desde que não seja ofendido ou desrespeitado. As pessoas que fazem tais comentários, devem saber que Exu os ouve, e, neste caso, ele não trabalhará para elas depois disso. A adoração aos Orixás requer fé e paciência, como, também, respeito. Nunca esqueça isto!

Exu é a energia absoluta da oportunidade!

Esta é a realidade que nossos antepassados negros compreenderam claramente, e foi expressa então em vários lendas e histórias. Por exemplo, você já sabe que Exu está no controle das estradas e caminhos. Realmente, nossas orações para Exu incluem freqüentemente “por favor, abra todas as portas e meus caminhos…

Contudo, o que representam estradas? Elas representam as oportunidades para novas direções e destinos! A lenda foi, simplesmente, uma forma de mostrar isto.

Por que Exu é o primeiro a receber as oferendas?

Há mil lendas e histórias que contam como esta energia se tornou a mensageira entre os Orixás e Olodumaré, contudo a mensagem que estava sendo dada era “sem criar a oportunidade da qual Exu é a essência, nada pode ir adiante”!

Por que Exu é visto como um eterno adolescente?

A transição entre infância e a idade adulta pode ser a última oportunidade. Certamente, este período de nossas vidas representa o último crescimento físico e emocional durante esta experiência de vida.

Por que Exu é visto como um castigo?

Uma vez mais, as lendas perceberam corretamente a energia. Realmente, uma corrupção aconteceu quando os missionários cristãos confundiram esta energia inerente e decidiram que Exu era o conceito do Diabo. Bem, quem é castigado nas lendas de Exu? Os castigos se relacionam com oportunidades perdidas. A pessoa que perde uma oportunidade ou a torna indisponível, tem seu castigo na própria perda que provocou. Mas, isto não é um julgamento moral de um jovem adolescente caprichoso, é o resultado lógico de um universo racionalmente construído, um universo criado por Olodumaré para incluir todas as energias, um universo onde nós fomos determinados a ter acesso aos benefícios destas energias, mas só se usarmos estas energias como parte de nossa relação simbiôntica com o mundo em que vivemos. Isso é onde as conseqüências e a essência da energia de Exu entra em jogo. Quando nós começamos a usar estas energias para nossa própria satisfação em curto prazo, sem consideração para o físico e para o emocional e para o bem do planeta e da comunidade que nós vivemos, então as oportunidades produtivas não mais estarão disponíveis para nós.

Quando uma pessoa recebe o seu Exu pessoal, ela está recebendo uma conexão direta com esta matriz de oportunidades. Porque cada um de nós tem sua própria energia e caminho específico, e nossas oportunidades individuais serão enfocadas para expressar este destino pela construção e alimentação do nosso Exu pessoal. Através do nosso Exu, não algum símbolo genérico, como uma cruz ou talismã, nós poderemos aprender a nos conectar às oportunidades que se abrirão para que possamos percorrer nosso caminho. Nos conectamos à totalidade da energia matriz de Exu, não a uma parte dela. A prática de relacionar um dos diversos caminhos de Exu como um caminho individual para nossa conexão pessoal com a sua energia é incorreto e limitado. Quando você recebe seu Exu, recebe o potencial para TODAS as OPORTUNIDADES!

Quando a pessoa entende que este Exu representa a matriz de todas as oportunidades, pode se conectar com mais facilidade a esta energia.

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