A energia de Yemanjá pode ser resumida em Nutrição e Proteção. As lendas que evoluíram através dos séculos deram mais atenção ao aspecto nutritivo de Yemanjá, deixando de lado seu aspecto protetor. Isto aconteceu porque houve uma tendência a retratar Yemanjá como aquela mãe que nutre e nunca reclama. Uma energia que dedica sua existência aos filhos, mas raramente os castiga. Isso foge bastante da verdade, pois, de todos os Orixás, a “ira” de Yemanjá pode ser a mais devastadora. Ao contrário da destruição seletiva de Yansã, Yemanjá e representada pelo Furacão. Ela destrói tudo o que encontrar no seu caminho, causando uma grande devastação. Na interpretação utilizada na Diáspora Moderna, Yemanjá e sempre representada como uma figura sorridente, sempre de bem com seus devotos. A separação do aspecto “nutritivo” de Yemanjá da sua energia afirmativa resultou em uma lobotomia de energia, para aqueles que aceitaram essa interpretação. Certamente, Yemanjá sempre está nutrindo e provendo. Isto é descrito pelas lendas que descrevem as riquezas do oceano, que se referem à criação e o sustento da vida pelas suas águas e os seus habitantes. Tudo expressa a energia de nutrição que Yemanjá é. No entanto, este cuidado não é de graça. O custo é a proteção moral desta energia. Ela não nutre sem ensinar que o comportamento moral e o respeito devem existir.
A Mitologia
Yemanjá é chamada de A Grande Mãe, porque ela é mãe de muitos orixás. E, também, devido à grande compaixão para o ser humano. A lenda diz que Yemanjá era, originalmente, do Egito. Ela afirma que aqueles que vieram do Egito trouxeram com eles sua religião, onde Isis recebeu um novo nome: Yemanjá. Será que os mistérios de Isis foram levados à África Ocidental? Sabemos que haviam escravos no Egito e é possível que estes escravos, quando voltaram a alguma região diferente da África, tenham levado consigo um dos maiores tesouros do Egito?
Muitos tendem a esquecer que o Egito é parte da África. Uma das maiores civilizações já conhecidas, nasceu na África. Isis, no Egito, era associada com o rio Nilo. Da mesma forma, todos os orixás femininos são associados com os rios. No entanto, acho estranho que algumas pessoas passem horas apreciando exibições de artefatos Egípcios, mas rejeitem totalmente, como primitivo, uma religião que tem estreita ligação com os Egípcios.
Como os deuses antigos são adorados? Com sacrifícios, música e dança. Desta maneira, Isis foi adorada, e também Yemanjá. Os toques rítmicos de tambor fazem com que os adoradores sejam possuídos pelos seus orixás. Esta foi a maneira como os Mistérios de Isis foram integrados ao seu novo ambiente. Na Grécia, os mesmos mistérios evoluíram de forma diferente, dando origem aos Grandes Oráculos, como Delphi. Da mesma forma que a espécie animal evolui, o ser humano também evolui e suas correntes espirituais também. Os Mistérios Africanos também evoluíram no Novo Mundo. São apenas pequenas variações sobre o mesmo tema. Nesse novo século, está ficando mais evidente que os Mistérios Antigos estão retornando do seu estado adormecido. O ser humano está redescobrindo suas raízes. Muitos de nós praticamos estes Mistérios em outra vida e Yemanjá nos chama a recuperar nossa herança e retomar aquela linha espiritual. A verdadeira adoração aos orixás é muito profunda e é impossível aprender tudo em apenas uma vida.
A bela Yemanjá nem sempre morou no mar. Havia um “caminho” de Yemanjá em que foi esposa de Ogum e morava na floresta tropical. Isto é para recordarmos que, sem a magia das árvores e das plantas, nunca existiria a nossa prática religiosa. Trabalhamos com os espíritos das plantas para curar e para realizar outras formas de magia. Sem o “mieró” sagrado, não haveria nenhum orixá. “Mieró” é um banho especial que é preparado para diversas cerimônias religiosas, onde, com a utilização de certas ervas e outros elementos, criamos um Elixir Mágico, que é usado em cerimônias de consagração. Tudo isto é feito com a permissão de Ossayim, que é o “dono” de toda a vida vegetal do planeta. No entanto, existem plantas específicas a cada orixá, como a samambaia, que é uma das plantas sagradas de Yemanjá. Isso se originou com a lenda, onde Ossayim foi forçado a partilhar o seu conhecimento com os outros orixás.
Yemanjá pode ser, às vezes, muito raivosa, especialmente quando seus “filhos” são ameaçados. Todos sabemos como o mar se torna tumultuado. Yemanjá sai para defender seus filhos, quando estão em perigo ou correm o risco de serem atacados por alguém. Ela é um dos orixás mais velhos do panteão, depois de Oxalá e, devido a isso, seus poderes são muito grandes. É muito difícil, para ela, perdoar os erros que foram cometidos contra seus filhos. Ela possui um caráter forte, e seus filhos também tendem a ser assim. Não é fácil enganar Yemanjá. A maioria de seus filhos possui uma forte intuição. Trate Yemanjá sempre com muito respeito e nunca precisará se preocupar com sua ira.
O Respeito é de uma importância suprema, quando estamos lidando com os Orixás. Isto pode ser muito difícil para nossa geração, que sempre tratamos com pouco ou nenhum respeito nossos pais, avós, ou, mesmo, nossos velhos. Talvez a adoração a Yemanjá nos ajudará a corrigir este defeito na sociedade moderna. Para aqueles que precisam da ajuda de Yemanjá, gostaria de apresentar um “ebó” muito simples. Naturalmente, não há nenhuma garantia de que este ebó funcionará, porque os ebós são, normalmente, determinados de acordo com a orientação dos orixás através do jogo de búzios. É por isso que você não pode comprar um livro de feitiços do Candomblé e esperar que os feitiços façam efeito. Os ebós são oferecidos em ocasiões diferentes, para pessoas diferentes, para solucionar determinados problemas. Eles trabalham naquele momento, porque foram específicos para aquela pessoa, para alcançar um fim, em particular.
Este ebó utiliza-se de uma melancia, a fruta favorita de Yemanjá. Você compra uma melancia inteira, corta um pedaço da melancia, na parte de ficou para cima. Escreva seu pedido num papel, com lápis. Coloque o pedido no fundo do buraco que você fez na melancia, cubra com melado (xarope de cana-de-açúcar). Coloque azeite de oliva sobre o xarope. Encontre um pavio flutuante, ou faça uma mecha de algodão, na forma de um pavio. Acenda o pavio e deixe queimar para Yemanjá. Quando o pavio terminar, leve a melancia inteira para o mar. Se você vive longe do mar, leve a um rio. Largue a melancia na água e peça para Yemanjá atender seu pedido.
A maioria das vezes, os ebós são colocados na “frente’ dos orixás. Se você não fez o santo, poderia tentar colocando uma vela na frente de uma imagem que representa Yemanjá. Esta é mais uma das razões porque os ebós encontrados em livros não funcionam. Às vezes eles devem ser colocados na frente dos orixás. Se você não tem esse orixá, as coisas ficam difíceis. De qualquer maneira, espero que Yemanjá sorria para você e atenda o seu pedido. (Não peça para ganhar na loteria, ou alguma coisa que atinja outra pessoa, porque você pode se desapontar.)
Yemanjá é, também, uma “bruxa”. Ela gosta de trabalhar para seus filhos, utilizando-se de trabalhos de magia, para solucionar seus problemas. Podem ser feitas cerimônias e sacrifícios para que ela ajude uma pessoa com problemas de saúde. Se você é filho de Yemanjá, sua “mãe” o ajudará e o protegerá.
Como todos sabemos, vivemos no planeta água. Apesar do nome de Yemanjá ser diferente em várias culturas, ela permanece a mesma. Durante milhares de anos, em todo o planeta, seus cantos foram entoados em diversos idiomas, em qualquer lugar onde o mar toca a terra. Entre nas suas águas sagradas e você será purificado. Monte um pequeno altar em sua casa, e ela o abençoará. Pode utilizar uma imagem dela, mas procure não utilizar nenhuma imagem de santo católico. O altar deve ser suficiente para abrigar um vaso com flores e uma vela. Peça-lhe para ajudar com os problemas em suas e lhe dar saúde, nosso bem mais precioso. O dia de Yemanjá é sexta-feira, seu número é 8, sua saudação é Omiô Odô, Odô syiabá! e suas cores são o azul-claro e o prata.
Nanã Burukum
Eu peço perdão a todo o povo de Candomblé, mas, no Rio Grande do Sul, Nanã Burukum é cultuada como um “caminho” de Yemanjá. Pela temerosidade que implica o culto a Nanã, em determinadas casas ela é cultuada no lado de fora do Ilê, junto com Bará (Exu). É um orixá profundamente envolvido com os eventos da morte, sendo aquela que recebe os mortos e os acalenta. Seria como a mãe de um outro nascimento, ou de uma outra passagem. Enquanto Yemanjá protege seus filhos enquanto estão vivos, Nanã preteje e guia aqueles que passaram para uma outra fase da sua vida.
Nanã não possui a mesma origem que os outros orixás. Ela é de origem daomeana. É originária de uma civilização muito anterior à idade do ferro, e sua faca é feita de bambu. É mãe de orixás tenebrosos e igualmente perigosos, pela sua energia sempre ligada a terra e à morte: Xapanã, Sakpatá, Ossayim.
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